COMO LER E PREGAR O SALMOS 14

COMO PREGAR

No inicio do livro: Eu creio na pregação, de John Stott, de 2003, começa dizendo que: “O padrão da pregação no mundo moderno é deplorável. Existem poucos grandes pregadores. Muitos ministros religiosos parecem já não acreditar na pregação como modo poderoso de proclamar o evangelho e de transformar vidas. Esta é a época dos sermãozínhos: e sermãozínhos produzem cristãozínhos.”

É notório que o evangelho, fazer igreja, é proclamar a palavra de Deus. Evangelho é antes de qualquer coisa pregação. Quando vamos ao culto, independente da liturgia (a maneira de se fazer culto) da igreja Neo-Pentecostal (começa com meia-hora de cânticos, segue uma breve ministração de dízimos e ofertas e a mensagem), onde poucos fazem o culto e o restante é ouvinte passivo, ou a igreja Pnetecostal (todo mundo tem oportunidades de cantar, pregar, contar testemunhos, trazer uma breve mensagem e pregar), sendo a maioria crentes ativos na igreja, onde existem falhas na Neo-Pentecostal, por que poucos aprendem a fazer culto, mas a igreja pode ficar mais direcionada, mais centrada, ou a Pentecostal, onde todos aprendem um pouco de tudo, mas temos ai cultos mais bagunçados, sem um direcionamento claro, o que é o principal do culto?

Independente da liturgia Neo-Pentecostal (com poucas ou nenhuma oportunidade, a não ser para um grupo seleto) ou Pentecostal (com muitas oportunidades sem critérios), onde nem uma igreja está sendo exata segundo a idéia de igreja do primeiro século, parecendo-nos que deveria haver um meio-termo: mais oportunidades com critérios e igreja mais direcionada, com metas do que pregar mensalmente e de quem vai pregar, não podendo ser qualquer um, a pergunta é: O que dizemos que é um culto bom?

O que faz um culto bom? Todo culto tem cantoria. Algumas vezes os cantores não estão inspirados, ou não é o cantor oficial da igreja. Ninguém diz: o cântico foi bom, então o culto foi bom, ou o cântico foi ruim, o culto foi ruim. Todo culto tem oração. Algumas vezes temos intercessores reais, levantados por Deus, com orações poderosas, mas na maioria do tempo, é gente comum, sem o ministério de oração, orando qualquer coisa. Não dizemos que o culto foi bom ou ruim, segundo a oração. Porém, se a pregação for ruim, fraca, sem direcionamento, dizemos que o culto foi ruim. Se porém a pregação foi forte, clara, bem direcionada, inspirada por Deus, dizemos que o culto foi bom, independente de orações fortes ou fracas e independente de cânticos bons, ou até falta deles. Daí conclui-se que o que ralmente faz o culto é a pregação.

Pregação boa independe do canal usado, se é homem ou mulher, se é jovem ou velho, se é pregado com grande eloqüência, ou nenhuma eloqüência. A pregação independe do pregador, até mesmo superando-o. Apesar de dizermos que a pregação é o pregador, isso é real em partes. Quando Deus decide se revelar ele usa qualquer um, até quem não é da área. O verdadeiro pregador é quem está sendo usado naquele momento, apesar de sabermos que existem os que pregam e aqueles que são chamados, que têm o dom da pregação.

Essa série de mensagens em Como ler e pregar, é para esses que sabem que não são tão bons pregadores assim, como eu, e aprendem técnicas, ouvem a outros e testam muita coisa, para poderem chegar a uma melhor compreensão do ouvinte à sua mensagem. Essa série foi feita para ente que não sabe pregar, mas que deseja saber. Mas essa série foi também escrita para queles que por terem o dom, acham que não precisam aprender as regras e que o dom é suficiente para compreender todas as coisas relacionadas à pregação. Essa série é então para pregadores que tem o dom de Deus, mas são humildes o suficiente para compreenderem que precisam aprender mais de Deus. Gente que como aquela máxima, sabem que trabalho é 10% de inspiração e 90% de transpiração. Ou que a pregação é 10% de revelação e 90% de trabalho duro, como: ler a Bíblia, ler e compreender livro por livro da Bíblia, ter conhecimento nem que básico sobre Teologia Sistemática, a igreja durante os séculos, os rumos da Teologia, as doutrinas bíblicas, como funciona igreja, entre tantas outras competências que precisamos saber. O pregador, independente se tem o dom ou não, precisa estudar Homilética, que nos ensina como pregar e Hermenêutica, que é como interpretar o texto bíblico.

Dito tudo isso recorremos a outro livro: A Espiral Hermenêutica, um livro recomendado nos seminários, mas reconhecidamente bastante difícil. Talvez o seu problema seja ser técnico demais. Mas ele nos ensina que a palavra hermenêutica significa interpretar. É a ciência que define os princípios ou métodos para a interpretação do significado dado pelo autor bíblico. Ou o que exatamente aquele autor daquele livro queria transmitir da parte de Deus aos seus ouvintes imediatos ou longínquos?

E segue dizendo que a tarefa hermenêutica tem três níveis. O primeiro baseado na terceira pessoa: O que esse texto significa? Depois na primeira pessoa: O que ele significa para mim? E por fim na segunda pessoa gramatical: Como compartilhar com você o que ele significa para mim?

A tarefa básica da hermenêutica é descobrir a intenção do autor bíblico. Qual é a mensagem a ser transmitida?

E por fim destacamos o grande problema mencionado no livro. Ao comprarmos uma máquina de lavar nós lemos o manual. Ao adentrarmos no mercado de trabalho, aprendemos as competências daquele trabalho, lendo todo tipo de manual, sobre elétrica, marcenaria, manutenção de automóveis, informática. Compramos um micro-ondas e lemos o manual. Compramos um ferro elétrico e lemos o manual. Mas em relação à Bíblia, achamos que o estudo da Bíblia deve ser mais fácil do que outras coisas que fazemos. De onde vem essa idéia de que a Bíblia é o único material que não precisamos estudar?

A Bíblia é um livro religioso, técnico e muito difícil. Sabemos isso pela quantidade de livros que tentam explicá-la, que vemos numa livraria evangélica. E se existem milhões de livros tentando explicar a Bíblia, de onde deduzimos que nós podemos pregar sem estudar? Isso não tem base lógica alguma.

Pregar é proclamar o texto bíblico e não o que achamos, tirado de nossa cabeça. Veja o exemplo: alguém lê alguns versículos, fala cinco minutos sobre aqueles versículos e usa mais trinta minutos de sua mensagem para contar o seu testemunho de conversão. Na verdade ele pregou enquanto estava explicando o texto bíblico, quando passou a falar sobre qualquer coisa que não era o texto, ele parou de pregar. Ou, numa mensagem de trinta e cinco minutos ele pregou só cinco, o restante não era pregação, pois não explicava o texto bíblico.

Lembre-se da Regra dos Três Níveis Gramaticais: eu, tu, ele.

Ele: O que esse texto significa?

Eu: O que ele significa para mim?

Tu: Como compartilhar com você o que esse texto significa para mim?

Voltando ao livro: Eu Creio na Pregação de John Stott, ele nos diz que: “John Wesley pregava, baseando-se nas suas meditações bíblicas, e compartilhava com os outros aquilo que descobrira e indicava o caminho, tanto para o céu, quanto para a santidade.” Pregar é então compartilhar o que descobrimos do texto bíblico. E ai entramos numa outra questão. Um pregador que está com a mesma mensagem a vinte anos, ele estagnou na fé, no aprendizado. Se estamos estudando a Bíblia, querendo aprender, nossas mensagens tem obrigação de crescer naturalmente. É orgânico isso. Como uma criança cresce naturalmente, nossa mensagem deveria melhorar e crescer com o tempo. É simples e orgânico.

SALMOS 14

Vamos tentar pensar nessa mensagem usando a Regra dos Três Níveis. Primeiro, sempre, devemos 1- ler o texto a ser estudado e 2 - descobrir suas divisões e 3 - se possível descobrir a introdução do texto.

O irmão Daniel Conegero divide o Salmos em três partes:

A DEPRAVAÇÃO É UNIVERSAL (SALMO 14:1-3).

1 - Diz o tolo em seu coração: "Deus não existe". Corromperam-se e cometeram atos detestáveis; não há ninguém que faça o bem.

2 - O Senhor olha dos céus para os filhos dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus.

3 - Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer.

NINGUÉM ESCAPA DO SENHOR (SALMO 14:4-6).

4 - Será que nenhum dos malfeitores aprende? Eles devoram o meu povo como quem come pão, e não clamam pelo Senhor!

5 - Olhem! Estão tomados de pavor! Pois Deus está presente no meio dos justos.

6 - Vocês, malfeitores, frustram os planos dos pobres, mas o refúgio deles é o Senhor.

O GRANDE DIA DO LIVRAMENTO (SALMO 14:7).

7 - Ah, se de Sião viesse a salvação para Israel! Quando o Senhor restaurar o seu povo, Jacó exultará! Israel se regozijará!

Observe que só com as divisões do texto, já o compreendemos melhor. O irmão Daniel ainda acrescenta que o Salmos 14 fala principalmente da depravação total do homem caído, que nega a existência de Deus. O Salmos foi escrito por Davi, mas não sabemos em que ocasião de sua vida. Escrito para o cantor-mor, significa que deveria ser cantado na adoração publica. E curiosamente o Salmos 14 é idêntico ao Salmos 53.

ESBOÇO DO SALMOS 14

Um possível esboço do Salmos 14 pode ser esse:

1-3 – A explicação literal do texto - É bobo, tolo, dizer que Deus não existe. Toda a criação aponta para Deus. Mas aquele que comete atos detestáveis, homens e mulheres corrompidos, pecadores, querem dizer que Deus não existe. Vivemos numa geração onde não há ninguém que faça o bem. Vivemos no meio do mau. O Senhor olha dos céus, procurando alguém que faça o bem, alguém que tenha entendimento de Deus, das coisas de Deus e que o busque. Mas todos se desviaram. Todos se corromperam igualmente. Todos pecaram. Não há ninguém que faça o bem. Não há ninguém que busque o Senhor.

Constatação – Toda a humanidade está corrompida pelo pecado.

Teologia do Texto – Esse texto nos lembra diretamente João 4.23-24: No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.

4-6 – Mais pontos a serem explicados, pregados – Esses versículos abrem mais o leque a respeito do que o salmista quer passar ao povo. Somos aqui, quase que obrigados a estudar versículo a versículo do texto.

4 – Primeiro - Será que nenhum dos malfeitores aprende? A idéia de malfeitor, pecador, nos dá a idéia de bandido. Será que nenhum bandido aprende? Será que nenhum pecador aprende? E se há uma pergunta, a pergunta é: O que o pecador deve aprender? Deve aprender a buscar a Deus, a se converter.

Segundo – O pecador devora o povo de Deus, como devora pão. A analogia parece muito simples, mas é bastante clara. O ímpio procura destruir o crente. Tudo o que faz é feito para prejudicar o crente. A resposta a que o bandido deve aprender é aprender a buscar a Deus e não perseguir, prejudicar o crente. O ímpio não aprende a clamar a Deus. O ímpio não para de perseguir, devorar, o crente.

5 – O salmista adianta a pena, o julgamento do ímpio. Olhe, eles estão tomados de pavor. Pois se Deus está no meio dos justos, não está no meio deles. Se Deus está com os perseguidos, não está com o perseguidor. Ou Deus está conosco, ou Deus está com eles e se Deus está com o justo, estamos perdidos.

Teologia do texto – Esse texto nos lembra a primeira pregação de Pedro em Atos, onde ele acusou claramente a liderança judaica de terem crucificado Jesus. A questão em Atos é que havia a possibilidade de que Deus não estivesse com a liderança judaica que crucificou a Jesus. E se não estava com eles, então eles crucificaram o filho de Deus e ai era mesmo para ficarem atemorizados.

6 – Mais uma constatação: Os pecadores frustram os planos dos pobres, os atrapalham. O ímpio atrapalha o crente, o devora, procura destrui-lo. E uma maneira de que o ímpio atrapalha o crente e até mesmo ao outro ímpio, é que o ímpio é egoísta e só pensa em si. Só ele quer lucrar, só ele quer ganhar e isso prejudicando ao próximo. Seus juros são abusivos, suas idéias são corrompidas. Mas apesar de o ímpio com suas impiedades atrapalharem o crente, o refugio deles é o Senhor. Sempre poderemos recorrer a Deus com as armas da graça, como oração, jejum, leitura da palavra, oração e revelação. Mesmo que os planos dos ímpios sejam maus, todo o tempo, Deus nos dá estratégias de vitória.

Teologia – Lembrando-se do Sermão da Montanha, compreendemos que perante Deus o pobre não é só o desvalido financeiramente, mas aquele que não coloca em suas forças, no seu braço, a resposta da vitória. Ele sabe que foi o Senhor que o ajudou, a todo o tempo. O chamado do crente não é para a pobreza mas para a prosperidade financeira. Mas quem busca o Senhor sempre reconhecerá que é pobre, cego e nu, perante o Senhor e que depende diretamente de Deus para viver, para comer, para existir.

7 – O dia do julgamento – O suspiro do salmista é que venha de Sião, de Israel, de Jerusalém do povo de Deus, de Deus, da Sião celestial, do céu, a salvação de Israel. A questão não é se vai vir, mas que venha logo. É uma constatação, uma revelação, o Senhor vai restaurar o seu povo. Jacó ainda vai exultar de alegria. Israel vai regozijar. Mesmo que hoje ainda estejamos sofrendo os males desse mundo caído, Deus nos dá vitória já e no futuro. Vamos nos alegrar imensamente com a vitória imediata e mais com a do futuro. Nós que buscamos ao Senhor podemos sim, esperar a vitória em Deus, que Ele vai dar. Devemos crer e ficar firmes.

Teologia – Esse Salmos nos remete ao Dia do Julgamento, que é o período da Tribulação. A Volta de Cristo não é um dia apenas, mas um período de tempo: a Tribulação. O Dia do Julgamento não é para o povo de Deus, mas para o ímpio. A igreja não será tirada no inicio da Tribulação, pois ainda tem um papel importante a fazer: Tentar ganhar as ultimas almas. Milhares de milhões vão aceitar a Cristo, através da palavra da Igreja, na época da Tribulação. Nessa época Deus vai precisar de pregadores experimentados, de gente corajosa, de pessoas convertidas, cheias do Espírito e cheias de poder, para fazer essa ultima obra. As pessoas lêem Apocalipse pela perspectiva humana e pior do lado do julgado, do pecador perdido. Deveríamos ler Apocalipse pelo lado do céu, que está em festa, pois chegou a hora de findar o poder do Diabo, da morte, do pecado, da maldade e do maldoso. E mesmo que a igreja esteja na Terra na época da Tribulação, ela está ali para ganhar almas. Deus estará com ela. Jamais a igreja vai passar o mesmo que os ímpios passarão nesse tempo, pois a Tribulação não foi feita para os crentes, mas para os ímpios. A vitória é nossa, mesmo em meio à mais dura provação possível.

Deus vai nos restaurar e vamos todos regozijar, nos alegrar, ficar extremamente felizes, com a vitória.

Amém

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 02/01/2022
Reeditado em 03/01/2022
Código do texto: T7420332
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