COMO LER E PREGAR O EVANGELHO DE JOÃO INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

É consenso geral que se lermos apenas o Evangelho de João e o livro de Romanos, ainda assim saberemos todo o plano de Deus de salvação do homem. Enquanto os outros Evangelhos são sinóticos, quer dizer, sintéticos, resumidos e parecidos, contando de forma quase que jornalística os fatos mais importantes do ministério de Jesus, João interpreta o ministério de Jesus. Enquanto os outros contam, João analisa o porquê de cada coisa. Omite muitas coisas que outros incluem. O quarto Evangelho não menciona o nascimento do Jesus, seu batismo e suas tentações; não nos diz nada a respeito da Última Ceia, nada do Getsêmani, nada sobre a Ascensão. Não diz uma só palavra a respeito da cura de pessoas possessas por demônios ou espíritos malignos. E, o que possivelmente resulta mais surpreendente não contém nenhuma parábola. Mas no quarto Evangelho os discursos de Jesus costumam ocupar todo um capítulo; costumam ser pronunciamentos complicados, polêmicos, muito diferentes dos ditos vívidos, expressivos, inesquecíveis dos outros três Evangelhos. O que é ainda mais surpreendente, a versão que dá o quarto Evangelho dos fatos da vida e o ministério de Jesus freqüentemente é diferente da que aparece nos outros três Evangelhos.

(1) João dá uma versão distinta do começo do ministério do Jesus. Nos outros três Evangelhos se estabelece definitivamente que Jesus não fez sua aparição como pregador até depois de terem preso a João Batista. Mas em João é claro que o ministério de Jesus se sobrepõe às atividades de João Batista.

(2) João dá uma versão diferente do cenário onde se desenvolveu o ministério de Jesus. Nos outros três Evangelhos o cenário principal do ministério de Jesus é Galiléia e não chega a Jerusalém até a última semana de sua vida. Em João o cenário principal do ministério de Jesus é Jerusalém e Judéia, com algumas visitas esporádicas a Galiléia.

(3) João dá uma versão diferente da duração do ministério do Jesus. Os outros três Evangelhos implicam que o ministério de Jesus só durou um ano. Dentro do ministério só há uma páscoa. Em João há três páscoas, uma durante a purificação do templo (João 2:13); uma próxima à alimentação dos cinco mil (João 6:4); e a última páscoa durante a qual Jesus foi crucificado.

(4) Às vezes ocorre inclusive que João difere dos outros três Evangelhos nos fatos. Há dois exemplos conspícuos. Em primeiro lugar, põe a purificação do templo no princípio do ministério de Jesus (João 2:13-22), os outros três Evangelhos o situam ao final (Marcos 11:15-17; Mateus 21:12-13; Lucas 19:45-46). Em segundo lugar, quando estudarmos os relatos com atenção, como iremos fazê-lo, veremos que João situa a crucificação no dia antes da páscoa, enquanto que os outros Evangelhos a põem no próprio dia da páscoa. Nunca devemos fechar os olhos.

Há um fato indubitável. Se João diferir dos outros três Evangelhos não se deve à ignorância ou à falta de informação. O fato concreto é que embora omita muito do que eles nos dizem, também nos diz muito a respeito do qual outros não tinham nada que dizer. João é o único que nos relata as bodas de Caná da Galiléia (2:1-11); a entrevista de Nicodemos com Jesus (3:1-15); a respeito da mulher samaritana (4); sobre a ressurreição de Lázaro (11); sobre a forma em que Jesus lavou os pés de seus discípulos (13:1-17); sobre o maravilhoso ensino sobre o Espírito Santo, o Consolador, que está disseminado entre os capítulos 14 e 17. É só em João que alguns dos discípulos cobram vida. É unicamente em João onde fala Tomé (11:16; 14:5; 20:24-29); onde André adquire uma personalidade real (1:40-41; 6:8-9; 12:22); onde temos uma fagulha do caráter de Felipe (6:5-7; 14:8-9); onde ouvimos o indignado protesto de Judas quando Jesus é ungido em Betânia (12:4). E o estranho de João é que estes pequenos toques extra são intensamente reveladores. Os retratos que faz João de Tomé, André e Felipe são muito reveladores.

Mais ainda, repetidamente João inclui pequenos toques extra que soam como as lembranças de alguém que esteve presente na situação que descreve. Os pães que o garoto trouxe a Jesus eram pães de cevada (6:9); quando Jesus se aproximou de seus discípulos enquanto cruzavam o lago durante a tormenta tinham remado entre vinte e cinco e trinta estádios (6:19); em Caná da Galiléia havia seis talhas de pedra (2:6); é o único que nos fala da coroa de espinhos (19:5); e dos quatro soldados que sorteiam entre si a túnica sem costura quando Jesus morreu (19:23); ele sabe o peso exato da mirra e aloés que usadas para ungir o corpo morto de Jesus (19:39); recorda como o perfume do ungüento encheu a casa ao Jesus ser ungido em Betânia (12:3). Muitas destas coisas são detalhes aparentemente tão sem importância que são inexplicáveis a menos que se trate das lembranças de alguém que esteve presente. Por mais diferença que haja entre João e os outros três Evangelhos, não se deve atribuir essas diferenças à ignorância ou à falta de conhecimentos. Ao contrário, se devem explicar pelo fato de que ele tinha mais conhecimentos, ou melhores fontes ou uma memória mais vívida que a que tinham os outros.

Outra evidência do conhecimento especializado do autor do quarto Evangelho é seu conhecimento detalhado da Palestina e Jerusalém. Sabe quanto tempo levou a construção do Templo (12:20); sabe que judeus e samaritanos mantêm uma luta constante (4:9); sabe a baixa estima da mulher entre os judeus (4:9); sabe o que pensam os judeus sobre o sábado (5:10; 7:21-23; 9:14). Tem um conhecimento pessoal da geografia da Palestina. Conhece as duas Betânias, uma das quais está do outro lado do Jordão (1:28; 12:1); sabe que alguns dos discípulos eram da Betsaida (1:44; 12:21); que Caná está na Galiléia (2:1; 4:6; 21:2); que Sicar está perto de Siquém (4:5). Tem o que poderíamos chamar um conhecimento de Jerusalém rua por rua. Conhece o pórtico e o lago contíguo (5:2); o lago do Siloé (9:7); o pórtico do Salomão (10:23); a corrente do Cedrom (18:1); o Pavimento que se chama Gabatá (19:13); o Gólgota, que é como uma caveira (19:17). Mas devemos recordar que Jerusalém foi destruída no ano 70 D.C. e que João não escreveu até perto do ano 100; e entretanto, graças à sua memória, conhece Jerusalém como a palma de sua mão.

AS DIFERENÇAS DOS EVANGELHOS

João e os sinóticos são diferentes. Mas porquê são diferentes? João foi escrito em Éfeso ao redor do ano 100 d. C. Nessa época duas coisas tinham acontecido com a igreja.

PRIMEIRO FATO

A primeira é que a igreja se estendeu ao mundo dos gentios. Nessa época a igreja já não era judaica em sua maior parte. A segunda é que devido a isso, a leitura que se fazia do cristianismo deveria ser reformulado. Um grego podia tomar em suas mãos o Evangelho Segundo São Mateus, mas ao abri-lo se encontrava diante de uma extensa genealogia. As genealogias eram algo muito conhecido para os judeus, mas completamente incompreensíveis para os gregos. Se continuava lendo, encontrava-se com um Jesus que era o Filho de Davi, um rei a respeito de quem os gregos jamais tinham ouvido falar, e o símbolo de uma ambição racial e nacionalista que não significava nada para o grego. Encontrar-se-ia frente à figura de Jesus como Messias, termo que os gregos nunca tinham ouvido. Devia obrigar-se, ao grego que queria converter-se em cristão, a reorganizar todo o seu pensamento segundo as categorias judaicas? Devia aprender uma quantidade de história judaica e de literatura apocalíptica judaica (que falava da vinda do Messias) antes de poder converter-se em cristão? Como o expressara E. J. Goodspeed: "Não havia alguma forma mediante a qual lhe pudessem apresentar diretamente os valores da salvação cristã sem encaminhá-lo, e até poderíamos dizer desviá-lo, para sempre pelo judaísmo?" O grego era um dos grandes pensadores do mundo. Devia abandonar toda sua enorme tradição intelectual para pensar por completo em términos e categorias de pensamento judeus? João enfrentou o problema com sinceridade e justiça. E encontrou uma das soluções maiores que jamais tenham entrado na mente do homem.

Os gregos tinham duas grandes concepções.

(a) Tinham o conceito do Logos. Em grego logos significa duas coisas: quer dizer uma palavra e quer dizer razão. O judeu estava muito familiarizado com a palavra todo-poderosa de Deus. "E disse Deus: Haja a luz; e houve luz" (Gênesis 1:3). O grego estava muito familiarizado com a idéia de razão. Contemplando este mundo, o grego via uma ordem, no qual se podia confiar. A noite e o dia aconteciam com uma regularidade infalível; o ano mantinha suas estações em um curso invariável; as estrelas e os planetas se moviam segundo um curso inalterável; a natureza tinha leis que não variavam. O que produz esta ordem? O grego respondia sem hesitações: o Logos de Deus; a mente de Deus é a responsável da ordem majestosa do universo.

(b) Tinham o conceito dos dois universos. O grego sempre concebeu dois universos, sendo um deles o universo no qual vivemos. Era um universo maravilhoso a seu modo, mas um universo de sombras e cópias e irrealidades. O outro era o universo real, no qual vivem para sempre as grandes realidades das quais nossas coisas mundanas não são mais que pálidas cópias. Para o grego o mundo invisível era o mundo real; o mundo visível, o universo visível, não era mais que uma sombra, uma irrealidade. O grego presentia e entendia que deveria existir um mundo, ou melhor, um universo espiritual, que mandava nesse universo físico.

O grande problema era como chegar a esse mundo real, como sair de nossas sombras para chegar às verdades eternas. A resposta do João é que isso é o que Jesus nos permite fazer, através dele. Jesus é a realidade que desceu à Terra. Jesus é a luz real (1:9); Jesus é o pão real (6:32); Jesus é a real videira (15:1); a Jesus pertence o julgamento real (8:16). Jesus é o único que possui realidade em nosso mundo de sombras e imperfeições.

Agora, disto se desprende algo: e é que, em conseqüência, cada ação que Jesus levou a cabo foi, não só um ato no tempo, mas também uma janela que nos permite ver a realidade. Isso é o que João quer dizer quando fala dos milagres de Jesus como sinais (semeia). As obras maravilhosas do Jesus não só eram maravilhosas eram janelas que se abriam à realidade que é Deus. Isto explica a forma em que João relata as histórias dos milagres. Ele as relata de maneira bem diferente da que os outros três evangelistas empregam.

ENXERGANDO OS MILAGRES DE FORMA DIFERENTE

As diferenças são duas:

(a) No quarto Evangelho notamos a ausência da nota de compaixão que aparece nas histórias dos milagres nos outros Evangelhos. Naqueles, o Mestre Jesus se sente movido pela misericórdia para com o leproso (Marcos 1:41); sente simpatia para com Jairo (Marcos 5:22); sente compaixão pelo pai do moço epilético (Marcos 9:14); quando ressuscita o filho da viúva do Naim, Lucas diz com uma ternura infinita: “E Jesus o restituiu a sua mãe” (Lucas 7:15). Mas em João os milagres não são tanto atos de misericórdia como atos que demonstram a glória de Cristo. Depois do milagre de Caná da Galiléia, João comenta: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória” (João 2:11). A ressurreição do Lázaro tem lugar "para a glória de Deus" (João 11:4). A cegueira do homem cego existia para que se manifestasse a glória das obras de Deus (João 9:3). Não é que para João não tenha havido amor e compaixão nos milagres; mas em cada um deles via a glória da realidade de Deus penetrando no tempo e nos assuntos dos homens.

(b) Mais ainda, todo leitor do quarto Evangelho deve ter notado que os milagres de Jesus nesse Evangelho costumam estar seguidos por um longo discurso. A alimentação dos cinco mil vai seguida do longo discurso sobre o Pão da Vida (capítulo 6); a cura do cego surge da afirmação que Jesus é a Luz do Mundo (capítulo 9); a ressurreição de Lázaro leva a afirmar que Jesus é a ressurreição e a vida (capítulo 11). Para João os milagres não eram meros acontecimentos no tempo; eram ilustrações, exemplos, visões daquilo que Deus está sempre fazendo e do que sempre é Jesus; são janelas que se abrem à realidade de Deus. Jesus não só alimentou uma vez a cinco mil pessoas; isso é apenas um exemplo de que Ele é sempre o autêntico Pão da Vida. Jesus não só abriu uma vez os olhos de um cego; Ele sempre é a Luz do Mundo. Jesus não só ressuscitou uma vez a Lázaro; sempre e para todos os homens é a ressurreição e a vida. Para João um milagre nunca era um ato isolado; sempre era uma janela em torno da realidade daquilo que Jesus sempre era e sempre é e do que sempre fez e sempre faz.

Segundo o estudioso Clemente de Alexandria (cerca do ano 230 d. C.), Lumas e Mateus foram escritos primeiro por causa das suas genealogias, depois Marcos e por fim João, que por muito já falarem nos evangelhos sinóticos sobre as coisas materiais no ministério de Jesus, João nos traz a interpretação. De maneira que, em primeiro lugar, João apresentou Jesus como a mente de Deus em uma pessoa que tinha descido à Terra, e como a única pessoa que possui realidade em lugar de sombras, e que pode tirar os homens das sombras para levá-los ao mundo real que tinham sonhado Platão e os grandes sábios gregos. O cristianismo que em um momento vestira a roupagem do pensamento judaico apropriou-se da grandeza do pensamento dos gregos. Se os sinóticos são evangelhos judaicos, João é um evangelho grego, ou gentio.

SEGUNDO FATO - A APARIÇÃO DAS HERESIAS

O segundo dos fatores importantes que a Igreja enfrentava quando o quarto Evangelho foi escrito era o surgimento da heresia no seio da Igreja. Tinham passado setenta anos da crucificação de Jesus. Por então a Igreja era uma organização e uma instituição. Estavam sendo pensadas e afirmadas teologias e credos; e era inevitável que o pensamento de pelo menos algumas pessoas seguisse caminhos equivocados, e resultasse em heresias. Raramente uma heresia é uma mentira ou um engano em sua totalidade; em geral uma heresia surge quando se acentua indevidamente uma parte, uma faceta da verdade. Podemos ver pelo menos duas das heresias e enganos que buscava combater o autor do quarto Evangelho.

(a) Havia alguns cristãos, em especial cristãos judeus, que outorgavam um posto muito elevado a João Batista.

(b) Na época em que se escreveu o quarto Evangelho havia certa heresia muito difundida. Foi-lhe dado o título geral de gnosticismo. Sem uma compressão superficial desta heresia se perderá boa parte da grandeza e do propósito de João. A doutrina básica do gnosticismo era que a matéria é essencialmente má e o espírito é essencialmente bom. Os gnósticos passavam a afirmar que, sendo assim, Deus não pode tocar a matéria, de maneira que Deus não criou o mundo. O que fez Deus foi lançar uma série de emanações. Cada uma destas emanações se afastou mais de Deus, até que por último houve uma emanação tão distante que pôde tocar a matéria. Essa emanação foi a que criou o mundo. A idéia em si já for suficientemente má, mas a pioravam com um agregado. Os gnósticos sustentavam que cada emanação conhecia cada vez menos a Deus, até chegar a um ponto em que as emanações não só ignoravam a Deus mas também lhe eram hostis. Assim chegavam, finalmente, à conclusão de que o deus criador não só era distinto do Deus verdadeiro, mas também o ignorava e lhe era ativamente hostil. Cerinto, um líder gnóstico, afirmava que "o mundo foi criado, não por Deus, mas sim por certo poder muito separado dele, e muito distante desse poder que está acima do universo, e ignorante do Deus que está acima de todas as coisas." Os gnósticos criam que Deus não tinha nada que ver com a criação do mundo. Por isso João começa seu Evangelho com esta ressonante afirmação: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1:3). Por isso insiste em que "de tal maneira amou Deus o mundo" (João 3:16). Em face dos gnósticos que tão equivocadamente espiritualizavam tanto a Deus que o convertiam em um ser que não podia ter nada que ver com o mundo, em resposta ao que só podia ser um mundo sem Deus, João apresentou a doutrina cristã do Deus que fez o mundo e cuja presença inunda o mundo que ele fez. As crenças dos gnósticos influíam em suas idéias sobre Jesus, as quais afetavam em duas formas distintas:

(a) Alguns dos gnósticos sustentavam que Jesus era uma das emanações que procediam de Deus.

(b) Outros afirmavam que Jesus não tinha um corpo real.

(c) Havia alguns gnósticos que sustentavam uma variante dessa heresia. Afirmavam que Jesus era um homem em quem o Espírito de Deus entrou no batismo; esse Espírito permaneceu nele durante toda sua vida até o final; mas como o Espírito de Deus jamais podia sofrer e morrer, abandonou-o antes da crucificação.

A humanidade de Jesus

O fato de que João se tenha proposto corrigir estas duas tendências gnósticas explica uma dupla ênfase paradoxal que aparece em seu Evangelho. Por um lado, não há outro Evangelho que acentue em forma tão absoluta a autêntica humanidade de Jesus. Jesus se indignou com os que compravam e vendiam no templo (2:15); estava fisicamente cansado quando se sentou junto ao poço perto de Sicar em Samaria (4:6); seus discípulos lhe ofereceram comida da mesma maneira forma como teriam oferecido a qualquer homem que sentisse fome (4:31); sente simpatia por quem sente fome e por aqueles que sentem medo (6:5,20); conhecia a dor e derramava lágrimas como o teria feito qualquer pessoa que estivesse de luto (11:33, 35, 38); na agonia da cruz o grito de seus lábios secos foi: "Tenho sede" (19:28). O quarto Evangelho nos mostra um Jesus que não era nenhuma figura docética, fantasmal; mostra-nos alguém que liga o cansaço de um corpo exausto e as feridas de uma mente e um coração desconsolados. O que o quarto Evangelho nos apresenta é o verdadeiro Jesus humano.

A divindade de Jesus

Mas, por outro lado, nenhum outro Evangelho nos apresenta uma visão semelhante da deidade e divindade de Jesus.

(a) João sublinha a preexistência de Jesus. Disse: “antes que Abraão existisse, EU SOU” (8:58). Fala da glória que teve com o Pai antes que o mundo existisse (17:5). Vez por outra se refere à sua descida do céu (6:33-38). João via em Jesus alguém que sempre existiu até antes do começo do mundo.

(b) O quarto Evangelho acentua mais que qualquer dos outros Evangelhos a onisciência de Jesus. João considera que Jesus conhecia, de maneira evidentemente milagrosa, o passado da mulher de Samaria (4:16-17); aparentemente sem que ninguém lhe dissesse sabia durante quanto tempo tinha estado doente o homem junto ao lago (5:6); antes de fazer a pergunta conhecia a resposta do que perguntou a Felipe (6:6); sabia que Judas o trairia (6:61-64); soube que Lázaro tinha morrido antes que ninguém o dissesse (11:14). João via em Jesus alguém que possuía um conhecimento especial e milagroso, independente de algo que ninguém lhe pudesse dizer. Segundo seu conceito, Jesus não precisava formular perguntas porque conhecia todas as respostas.

(c) O quarto Evangelho sublinha o fato, sempre segundo o ponto de vista de João, de que Jesus sempre agia completamente por própria iniciativa e sem experimentar influência alguma de nenhuma outra pessoa. Não foi o pedido de sua mãe o que o moveu a fazer o milagre de Caná da Galiléia, foi sua própria decisão pessoal (2:4); as palavras de seus irmãos não tiveram nada que ver com a visita que fez a Jerusalém durante a festa dos Tabernáculos (7:10); nenhum homem lhe tirou a vida, ninguém podia fazê-lo; ele a entregou voluntariamente e exercendo seu livre-arbítrio (10:18; 19:11). Tal como o via João, Jesus possuía uma divina independência de toda influência humana. Suas determinações e suas ações eram resultado de sua própria decisão. Vemos, pois, que para enfrentar aos gnósticos e suas crenças estranhas, João nos apresenta um Jesus que era indiscutivelmente

BIBLIOGRAFIA

William Barcklay – Comentário do Novo Testamento João

Amém

Fique na paz

pslarios
Enviado por pslarios em 26/01/2022
Reeditado em 26/01/2022
Código do texto: T7437939
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