COMUNIDADES NA COMUNIDADE: DAS CEBS AO PLANO DIOCESANO DE PASTORAL

RESUMO:

Voltar às origens do cristianismo parece-nos ser a meta e o grande desafio da igreja contemporânea. Um ideal de igreja por séculos caída no esquecimento, mas reavivada ao amanhecer do Vaticano II, sob o qual nasce a igreja latino americana, voltada para a realidade especifica de seu povo, seus problemas e desafios. Neste contexto originou-se o CELAM, o qual em dois momentos específicos, Medelín/Puebla, oportuniza a formação das CEBs, vivência de comunidades na comunidade. Embora ainda uma realidade em varias dioceses, as CEBs, por motivações diversas, foram mudando sua denominação, embora não a essência. Surgem assim as comunidades eclesiais; áreas pastorais; setores pastorais. Neste contexto, analisamos o plano diocesano de evangelização da diocese de Coxim – MS, e verificamos a presença das diversas comunidades, movimentos, dentro dos setores pastorais, sendo estes formadores da comunidade maior, a comunidade paroquial, que em seu conjunto forma a comunidade diocesana, com seus anseios e desafios.

PALAVRAS-CHAVE:

Igreja primitiva; Vaticano II; CELAM; CEBs; Plano pastoral

INTRODUÇÃO

O presente trabalho objetiva estudar a formação do plano diocesano de evangelização da diocese de Coxim – MS, buscando, para isto, fazer um levantamento histórico a partir da realidade das CEBs, para melhor compreendermos a organização pastoral proposta mediante os desafios dos novos tempos.

Entendemos que para compreendermos a atual conjuntura diocesana, faz-se necessário um retorno no tempo, mais precisamente ao pós Vaticano II, com seus frutos para uma igreja voltada para a realidade de seu povo e numa evangelização que venha de encontro a esta realidade.

Assim, voltando para uma realidade concreta, local, o plano de evangelização “busca responder à nossa realidade e ao propósito que Deus tem para a nossa Diocese de Coxim, em continuidade com todos os compromissos assumidos nas Santas Missões Populares” (PDE, pág.06)

O trabalho a ser construído/elaborado, terá como desafio analisar os rumos tomados pela igreja na America Latina no pós Vaticano II; a importância, neste processo, do CELAM, o desenvolvimento das Cebs, encerrando-se com modelo de plano pastoral diocesano em vigor.

Com isto, esperamos atingir nosso objetivo, clareando a idéia, objeto de nosso trabalho, com a compreensão do termo ‘comunidades na comunidade’, o que num primeiro momento parece-nos redundante. Para isto, iniciaremos com as palavras de Jesus: “sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo.” (At 1,8). Uma igreja que iniciou sob forte pressão, vivia unida na comunhão e ajuda mutua e chega aos “confins do mundo”, Roma. Igreja inicial que se fortalecia na comunidade de partilha, oração e união, no centro do poder e ao mesmo tempo às margens deste. Com o passar do tempo, uni-se ao poder e chega mesmo a se confundir com este. Parece-nos que aqui se perde o espírito da igreja primitiva e percebemos a romanização da mesma. Inicia-se o processo de invasões européias nas mais diversas partes do mundo, e com ela a chegada do catolicismo. Agora, de Roma para o mundo, seguindo os passos de Atos 1,8, mas com a diferença de não mais a igreja com os ideais dos primeiros cristãos. Agora uma igreja que se funde com os interesses estatais, de forma que a realidade e necessidade dos povos invadidos não eram consideradas, e assim prevalecendo até o advento do Vaticano II.

Com o Vaticano II, temos o amanhecer da esperança de uma igreja voltada para a realidade especifica de suas áreas de atuação. Floresce a esperança e podemos contar com uma igreja voltada para a realidade da America Latina, e, num modo particular, para o Brasil. Inicia-se neste ponto o objeto de nossa reflexão.

1- CELAM – Conferencia Episcopal Latino Americana

Se com Paulo o evangelho vai de Jerusalém à Roma e, assim, aos “confins do mundo” civilizado da época, também é verdade afirmar que com o processo de invasão e colonização o cristianismo se impõe sobre outros povos e culturas, chegando aos confins da terra além Europa. Com o passar o passar dos séculos, houve o processo de colonização política, e com ela a “colonização” religiosa. O continente americano, assim como outros continentes, manteve-se respirando a religiosidade explicitamente européia. Os problemas preocupantes tratados na e pela igreja referiam-se aos europeus. Neste processo de “europeização religiosa”, a realidade dos povos latino americanos não eram vistos, pensados e/ou deixados em segundo plano. Realidade esta que começa a modificar com a advento do Vaticano II, o qual se torna uma “porta de entrada” para a construção de uma igreja voltada para a realidade local.

Preocupados com a realidade latino-americana, a igreja, na pessoa de seus bispos, se reuniram formando a conferencia episcopal latino americana (CELAM). Desde sua criação, onde em 1992 foi incluído o Caribe, tivemos cinco conferencias: Rio de Janeiro (1955); Medellín (1968); Puebla (1979); Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). No presente estudo daremos enfoque a Medellín e Puebla, como realidades para o surgimento das Cebs.

A conferencia de Medellin foi convocada e aberta por Paulo VI, por ocasião de sua primeira visita à America Latina. Conforme Alves (2014, pag. 87),

Seu objetivo primordial foi aplicar à realidade latino-americana os ensinamentos do Concilio Ecuménico Vaticano II e da encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI (1967). O tema da conferencia abordava “a igreja na atual transformação da América Latina à luz do concilio, sendo considerada uma conferencia inovadora e “revolucionária” porque, inspirado-se no Evangelho, fez a opção pelo pobres e priorizou as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) como modelo de comunidades eclesiais.

Já Puebla, convocada por Paulo VI e confirmada por João Paulo II, teve por tema “a evangelização no presente e no futuro da América Latina.” Conforme Alves (2014, pag. 87), “o horizonte de trabalho desta conferencia foi a exortação apostólica pós-sinodal Evangelii Nutiandi de Paulo VI (1975), tomando consciência dos desafios que propõem o discurso e a pratica da verdadeira libertação evangélica, reafirmando a opção preferencial pelos pobres, assumida em Medellin.”

Neste sentido, vemos nascer a igreja latino-americana, agora voltada para os problemas e desafios de sua realidade. Problemas e desafios estes, também trazidos à realidade nas conferencias posteriores. Medellin e Puebla identificam a igreja latino-americana com três marcas fundamentais: a opção preferencial pelos pobres; a teologia da libertação, e as CEBs. Embora distintas, se complementam na sua ação pastoral. Em nosso trabalho, focaremos a criação e ação das CEBs como ação pastoral, libertadora e evangelizadora; uma realidade distinta a serviço da igreja na America Latina, em especial no Brasil.

2- CEBs – Comunidades Eclesiais de Base.

A primavera do Vaticano II traz o florescimento de uma igreja latino-americana, voltada para a realidade de seu povo. Fortalecida pelas conferencias episcopais (CELAM), a igreja deixa a sacristia e se manifesta em meio ao povo, abrindo e oportunizando a ação do laicato nas mais diversas frentes de trabalho. Assim, a igreja se faz presente nos mais diversos movimentos e pastorais. Aqui, daremos ênfase ao fenômeno inovador na igreja do Brasil: as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

Estas comunidades, conforme Beto (n.p) “são pequenos grupos organizados em torno da paróquia (urbana) ou da capela (rural), por iniciativa de leigos, padres e bispos.” Para Schiavo, as definições de CEBs se demonstram complexas entre os estudiosos do assunto. Teixeira (1988, apud Schiavo) diz que “em torno das CEBs são possíveis diversas caracterizações, não sendo possível encontrar uma definição única e abrangente da experiência em curso.”

Teixeira, 1988 (apud Schiavo, p.2) aponta duas definições de CEBs:

Primeira – “pequenos grupos de fieis que se reúnem regularmente para refletir a palavra de Deus como um grupo de base, uma célula eclesial menor.” Segundo – “um conjunto de grupos de uma paróquia definidos por questões geográficas: bairros; povoados; assentamentos.”

Clodovis Boff, 1981 (apud Shiavo, p.2) complementa dizendo que “o mais comum é chamar de CEB o conjunto de uns dez grupos de base reunidos numa mesma área, normalmente na área paroquial.” Independente das classificações dadas, o que importa é “que elas representam uma nova forma de organização pastoral.” (Betto, n.p.)

Quanto a origem, segundo Beto (n.p.), as primeiras comunidades surgiram na arquidiocese de Natal, por volta de 1960, em Nisia Floresta; ou em Volta Redonda, conforme outros autores. As CEBs são conduzidas por animadores ( agentes pastorais) leigos e/ou religiosos, formados pelas próprias comunidades, e voltados para esta realidade. Este movimento surgiu e se fortaleceu durante o regime militar, como uma resposta político-religiosa a este.

Segundo Beto (n.p.), as CEBs percorreram quatro etapas que se interligavam:

1º- A comunidade em si, motivada pela religião, buscando pistas para sua atividade social. As buscas centravam-se nos evangelhos.

2º- Surgimento de movimentos populares com participação dos membros das comunidades.

3º- Fortalecimento do movimento operário.

4º- Reformulação partidária.

Neste contexto, as CEBs, comunidades dentro da comunidade, de iniciativa primária religiosa, se centrando nas reflexões e estudos bíblicos vai, aos poucos, ampliando seu leque de atuação. À medida que se amadurecia, percebia que sua missão iria além do campo reflexivo e meditacional. Era preciso entrar na luta do povo, no sentido fé-vida-ação. Diante do endurecimento do regime, militar a igreja foi a porta voz do povo mais sofrido. Os membros das comunidades, assistidos por agentes pastorais, eram conscientizados animados com palavras de fraternidade, união, direitos humanos. É sabido que somente tais discursos genéricos eram insuficientes para o surgimento de mudanças na prática comunitária. Fez-se necessário ações concretas, as quais possibilitaram a avaliação do resultado dos trabalhos realizados. Assim, apoiados pela linha da teologia da libertação, as CEBs se multiplicaram e, na luta concreta, lideranças militaram em partidos políticos e outros movimentos sociais. Inicia-se a rotulação e perseguição por parte da camada privilegiada da sociedade.

As CEBs não desapareceram, mas se modificaram em grande parte das dioceses abrangidas, e serviram de inspiração em tantas outras onde não se tornaram realidade. Embora aparentemente tenha perdido o vigor inicial, em algumas regiões permanecem vivas, enquanto em outras, embora mantendo a divisão e formação, mudaram de nomenclatura. Caso típico ocorre na diocese de Barra do Pirai – Volta Redonda, onde as paróquias são divididas em comunidades eclesiais. Outras dioceses, por vez, adotaram a nomenclatura “áreas pastorais” ou “setores pastorais”.

Cabe ressaltar que as CEBs, em seu tempo, surge como uma resposta a Medellin e Puebla, da necessidade de uma igreja voltada para a realidade local. Dentro deste processo histórico de busca de vivencia da igreja dos primeiros tempos, e sem perder a objetividade do cristianismo vivido pelas primeiras comunidades, a igreja se modifica e se adéqua às necessidades e realidades do homem de hoje. Assim, em cada realidade, cada diocese, a organização e adoção de nomenclaturas diversas objetivam a uma formação e vivencia evangélica e no enfrentamento dos desafios atuais. Assim, passaremos à compreensão do plano pastoral da diocese de Coxim - MS.

3- Diocese de Coxim – Plano Diocesano de Evangelização.

A diocese de Coxim está em seu 13º plano diocesano de evangelização (PDE). Fazendo uma retrospectiva da caminhada da diocese, e recordando o plano anterior, Migliore, bispo diocesano, recorda da pergunta que se fazia na ocasião: “qual será o fim do plano; será engavetado ou estudado e aprofundado?” Diante da nova perspectiva para o plano atual, recorda que o plano está no contexto do caminho ora trilhado, tratando apenas de preservar e aprofundar.

Oriunda da ação do 12º plano diocesano, as Santas Missões Populares (SMP) foram a base de sustentação evangélica diocesana, e base para a constituição e aprofundamento do plano em exercício. Plano este, dividido em três grandes partes: ver; sonhar e agir.

Primeira parte: VER. Trata-se do conhecimento da realidade diocesana. Nas palavras de Migliore, “este conhecimento é fundamental, por que o anuncio do evangelho não pode ser genérico, mas deve dar respostas às situações e problemas existentes, para que cada pessoa possa acolher a proposta de ser discípulo de Jesus e, seguindo-o possa ser feliz.” (PDE 2015, p.3)

Segunda parte: SONHAR. Neste contexto, Migliore lembra a frase de D. Elder Câmara, que citava o poema de Dom Quixote de la Mancha: “quando se sonha sozinho, é apenas um sonho; quando sonhamos juntos, é o começo da realidade.” Nas palavras de D. Helder, “a vida é construída nos sonhos e concretizada no amor.” Conforme Migliore (PDE 2015, p.3), “amor para com Deus e para com o povo, buscando a santidade, que é a vocação de cada discípulo.”

Terceira parte: O AGIR; a concretização do sonho. Ressalta-se aqui as três características do plano: Primeiro- não prevê só a pastoral voltada para os que estão na igreja, mas quer olhar para fora, motivando ser intitulado plano de evangelização. Segundo- sempre dirigido a todos e todas, dentro e fora da igreja. Terceiro- concretiza a “pastoral de conjunto”, colocando cada pastoral em seu devido lugar, respeitando a hierarquia, a qual ajuda a priorizar o que é mais importante.

Conforme o coordenador diocesano, padre Pedro A. da Silva, “o plano de evangelização busca responder a nossa realidade e ao propósito que Deus tem para a diocese, em continuidade ao plano anterior, com todos os compromissos assumidos nas SMPs” (PDE, p.6). Verifica-se que os planos não se esgotam por si ou se anulam. Em verdade, se seqüenciam e se complementam. O anterior é sempre base de sustentação e analise para a construção de um novo. Há a busca de sensibilização para o sentido de pertença do povo não somente em relação à comunidade menor (setores pastorais, paróquias), mas em relação à comunidade maior (diocese).

Antes de iniciarmos o aprofundamento do plano, ressalta-se a configuração diocesana. Esta, com sede na cidade de Coxim – MS, é constituída por 11 municípios, sendo 10 na região norte e 01 na região central do estado. As paróquias, por vez, se dividem em áreas pastorais (o que em outras realidades são conhecidas por comunidades eclesiais e/ou CEBs), sendo cada área mapeada e “batizada” pelo nome de um anjo ou santo. Cada área pastoral é constituída por equipes de trabalho (dirigentes leigos), sob a orientação e supervisão do pároco.

Diante do conhecimento prévio da formação e organização diocesana, aborda-se as etapas do 13º plano diocesano de evangelização.

Primeira parte – aproximação da realidade.

Apresenta uma aproximação do problema fundamental da diocese, alcançado a partir da analise da realidade, com a utilização da metodologia de luzes, os pontos positivos, e sombras, os pontos negativos. Analisou-se: evangelização; destinatários; agentes pastorais; pedagogia; estruturas pastorais, resumindo o diagnostico em dois grandes blocos:

- Ver social, com cinco temas: saúde; educação; promoção social; infra-estrutura; políticas publicas para a juventude.

- Ver eclesial, com cinco temas: catequese; caridade; liturgia; estruturas de comunhão CPP e CAEP; ministérios.

No estudo da realidade social, analisou-se a localização geográfica; elementos demográficos; elementos étnico-culturais; educação; meios de comunicação; diversões populares; elementos sócio-religiosos não católicos; elementos socioeconômicos; saúde e serviços prestados; administração publica; elementos sócio-familiares; e principais problemas sociais.

No estudo da realidade eclesial, analisou-se a pastoral da multidão; movimentos e grupos afins; pastoral setorial; crianças e jovens; serviços pastorais; pastoral ministerial; centro de formação e estudos, e apresentação dos principais problemas da realidade eclesial.

Constatou-se como problema fundamental: fraca consciência de pertença a uma comunidade, onde cada um deveria assumir o papel de “discípulo missionário”; visão da paróquia como igreja material, prestadora de serviços; falta de respeito aos papei e falta de organicidade; clero exerce tarefas que não são suas; leigos assumem pouco o seu protagonismo.

Segunda parte – o que a igreja quer.

Aponta, para estudo, os documentos: Vaticano II; Aparecida; Evangelii Gaudium; Doc. CNBB nº100. Faz uma analise do que quer a igreja, e como realizar isto a partir da eucaristia. Quanto aos sonhos da igreja diocesana (o que a igreja quer), o documento faz uma analise das respostas de padres e leigos. E quanto à pergunta: “como realizar tudo isto a partir da eucaristia”, reporta-se ao doc. CNBB nº100 – “o concilio reflete sobre a igreja particular partindo da eucaristia” (nº 125); seguindo com a apresentação das exigências que provem da celebração eucarística, nos tópicos “reunião da comunidade; ato penitencial; escuta da palavra; ofertas e ação de graças; rito da comunhão; e envio.

Assim, conforme o plano, a paróquia é vista como comunidade de comunidades; casa e escola de comunhão na espiritualidade proposta pelo Vaticano II. “Espiritualidade de comunhão”, que segundo o PDE (2015, P.7):

“Este ideal deve expressar-se em espaços concretos: diocese, paróquia, setores, grupos de famílias, pequenas comunidades, pastorais, movimentos. Deve ser vivido na diversidade dos carismas e ministérios: bispo, presbíteros, diáconos, religiosos, leigos; e nas estruturas que tornam possível a execução do PDE: CPD, CAED, CPP, CAEP, e outros conselhos: conselho de presbíteros, CRB, CNLB.

Terceira parte – O agir; o caminho.

Nesta etapa, o planejamento ocorre em dez níveis, sendo estes seguidos do questionamento metodológico: O que? Por que? Como? Quem? Quando e onde?

Primeiro nível – Pastoral da multidão.

Segundo o PDE (2015, p. 48),

“É o nível da evangelização da cultura de um povo e a evangelização da religiosidade popular. Esta pastoral se exprime em ‘experiências significativas da fé’, vividas pelo povo de Deus, seja em nível diocesano, paroquial ou setorial e familiar. É a mesma experiência de fé vivida por todos os batizados, com a mesma mensagem evangelica. [...] o pastor de fé profunda contempla os sinais da presença de Deus no seu povo, através da sabedoria popular e das tradições. Além disto, a criatividade torna mais fácil ao povo celebrar a sua vida na fé .”

Segundo nível – Pastoral das pequena comunidades.

Conforme o PDE (p.50), esta é a concretização da missão continental (DA 551) e setorização (CNBB doc. 100). No entendimento do PDE, as pequenas comunidades coincidem com os setores missionários, tornando-se necessário três serviços essenciais: catequese; liturgia; caridade. Dentre sua constituição, destaca-se: os coordenadores, responsáveis pela organização das atividades do próprio setor; os animadores,catequistas no próprio grupo, responsáveis por ajudar a crescer na fé e na participação comunitária; os mensageiros, instrumentos de ligação entre o centro paroquial e a base.

Terceiro nível – Serviços pastorais.

Dentre estes, cita-se: catequese; liturgia; caridade; serviço de animação vocacional (SAV). A SAV trata avocação cristão e as especificas como serviços à comunidade eclesial, e sua missão é expressa pelos verbos: despertar, discernir, cultivar e acompanhar.

Quarto nível – Juventude e família.

Juventude – visa articular e se espaço de comunhão e propostas de evangelização, respeitando o protagonismo juvenil e a diversidade de carismas. Com uma pastoral especifica, busca despertar a juventude para a pessoa e proposta de Cristo, e o desenvolvimento de capacitações para construção da “civilização do amor”.

Família – Visa a formação da pastoral familiar em todas as paróquias, visando levar as famílias, a assumir o seu papel transformador da sociedade.

Quinto nível – Movimentos e afins.

Destaca nesta etapa: Apostolado da Oração; Cursilho; ECC; RCC; Acampamento; Neocatecumenato; e Legião de Maria.

Sexto nível – Pastoral ministerial.

Refere-se aos ministros ordenados; ministros extraordinários; ministros de fato (coroinhas; acólitos; equipe litúrgica; coordenadores de setor)

Sétimo nível – Estrutura da elaboração e decisão.

Trata-se da Assembléia Diocesana; Conselho de presbíteros; Conselho pastoral diocesano.

Oitavo nível – Economia.

Refere-se à estrutura do CAED; CAEP; CAEC; Dizimo; Equipes de festa.

Nono nível – Comunicação.

Trata-se da carta mensal às famílias; homilia; mensagens varias (radio; facebook; sites; jornais, dentre outros.

Décimo nível – Secretária paroquial.

Conforme o PNE (p. 62), esta é considerada o coração da empresa-comunidade, tendo por missão, acolher, administrar e servir.

Verifica-se que a estrutura de elaboração do PDE, organiza-se em três partes, sendo a terceira parte a essência do plano. Após conhecer a realidade diocesana, busca-se, dentro dos diversos movimentos e pastorais, criar metas e prazos para a realização de ações, sendo divididos em dez níveis distintos, porém interdependentes.

O XIII Plano Diocesano de Evangelização (PDE) da diocese de Coxim foi instituído em 2015, com metas estipuladas até 2020, prazo de duração do mesmo.

CONCLUSÃO

O documento da CNBB, diretrizes de ação pastoral 91-94, nos apresenta Jesus que convidava os discípulos a olhar os campos prontos para a colheita. Segue fazendo um paralelo com a igreja no Brasil, a qual nos convida a descobrir os novos horizontes, e no conclama para uma nova evangelização. A igreja no Brasil busca responder os desafios impostos perante o processo de evangelização, “assumindo com renovado ardor missionário a sua missão evangelizadora.” (CNBB – Diretrizes da Ação Pastoral 91-94, p.2). Contudo, este ardor missionário nos faz retornar à igreja primitiva, uma igreja que se unia para a fração do pão e que tinha tudo em comum. Viviam perseguições, mas se uniam e aumentavam em numero e graça.

Se no decorrer dos séculos perdeu-se o fervor missionário e o poder econômico tornou-se mais valorizado que a ação evangelizadora, e isto torna-se claro na materialização e luxos vividos em especial no Idade Media, onde tornara-se senhora feudal por natureza, também é verdade que a partir do Vaticano II a igreja ressignificou sua missão e função, abrindo as portas para a constituição de uma igreja latino-americana; uma igreja voltada e preocupada com a problemática especifica de sua realidade local. Forma-se os CELAM e, a partir deste, dois documentos dão impulso à construção de uma igreja mais próxima aos anseios e desejos,voltada para a realidade única: a vivencia e problemática das nações latino-americana e caribenha.

Da realidade Medelin/Puebla, surgem as CEBs, busca de retorno à igreja dos primeiros tempos, inspiração de lutas e persistências, tendo por marca registrada a opção não exclusiva, mas preferencial pelos pobres. Busca-se, nos diversos campos pastorais, a encarnação do evangelho na prática comunitária. Neste contexto, surge a teologia da libertação, rotulada e marximizada por um grupo, idealizada como referencia de prática cristã por outros. Em meio a este turbilhão percebe-se a prática de diversas comunidades dentro da comunidade maior.

Por fim, o anseio de dinamizar pastorais e comunidades, e evitando comparar-se às CEBs, varias diocese mudam suas nomenclaturas ao se referirem às comunidades. Surgem comunidades eclesiais; setores eclesiais; setores missionários; setores pastorais, dentre outros. Iniciam e fortalecem por orientação da CNBB os planos diocesanos e paroquiais. Neste contexto, analisamos a plano diocesano de evangelização da diocese de Coxim e sua riqueza de detalhes. Ao analisarmos o plano, pode-se perceber que ele não se esgota em si mesmo, mas manifesta os anseios para um período de tempo, por ocasião do qual será revisto e atualizado em consonância as novas exigências e realidades. Logicamente não esgotamos o tema, mas acreditamos termos realizado uma reflexão histórica, que possa servir de base para futuras indicações e aperfeiçoamento.

Por fim, ao falarmos em comunidades na comunidade, o leque se amplia. Optamos, no entanto, em nos determos na realidade igreja de Coxim, inspirada no Vaticano II, em sua vivencia de fé comunitária.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALVES, Vicente Paulo. Teologia Pastoral I: Introdução, Conjuntura Eclesial e Planejamento. Batatais: Claretiano, 2014.

BETTO, Frei. O que é COMUNIDADE ECLESIAL DE BASE. Um desafio lançado à Igreja pela esperança de libertação dos povos latino. Disponivel em: < https://docs.google.com/document/d/1bnHD13nX0PKBjSu6tJFDj0CFztH2gVw-QRhu5acrM1M/edit>. Acesso em: 25 fev. 2017.

CNBB, Documento de Aparecida. 13º edição. São Paulo: Paulinas, 2012

CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil, 1991 – 1994. São Paulo: Paulinas, 1991.

COXIM, Diocese de. XIII Plano Diocesano de Evangelização. Coxim, 2015

SCHIAVO, Reinaldo Azevedo. AS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE NO BRASIL: UM BALANÇO HISTORIOGRÁFICO. Disponivel em: < http://www.seminariodehistoria.ufop.br/t/reinaldo_azevedo_schiavo.pdf>. Acesso em 26 fev. 2017.

BJ Duarte
Enviado por BJ Duarte em 15/05/2022
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