Eu explico o que a Bíblia oculta.

Eu explico o que a Bíblia oculta.

A Bíblia nunca foi um livro de fácil entendimento e ainda piorou, sobremaneira, quando, pelo menos um dos reformadores, abolindo o Sagrado Magistério, disse - contrariando a segunda carta de São Pedro 1,20 - que a interpretação da Bíblia ficava à critério de qualquer um, seguindo seu particular entendimento. Dai que, surgiram interpretações destoantes, superficiais e por vezes bizarras a puxar com um rodo! Daí, talvez, servindo até de inspiração para a criação do Samba do Criolo Doido.

Hoje, levado por essa indução, temos bíblias para todos os gostos e credos, para todos os seguimentos e ideologias.

Como se isso fosse pouco, mesmo as traduções sérias deixam pontos obscuros, essencialmente, em pontos culturais. Os pregadores, até os mais preparados, se fazem de esquecidos e vão abrindo caminhos "empurrando com a barriga".

Vou tentar aclarar três desses imbróglios sem a divina pretensão de querer ser o Papa nem do meu beco.

1°) Camelo pelo fundo da agulha.

É possível qualquer animal passar pelo fundo de uma agulha? Creio que não.

"Facilius est camelum per foramen acus transire, quam divitem intrare in regnum Dei" (Mt 19, 24:

É mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha que um rico entrar no reino de Deus.

Certa vez, eu estava na balsa "Wall Diesel", para atravessar o Rio Tocantins, rumo à Marabá, quando ouvi um dos bolseiros dizer:

-Recolhe o camelo que vamos zarpar!

Nisso, vi quando a corda da âncora da balsa fora desatrelada da argola do cais. Era uma corda grossa, de 150 mm de diâmetro em trança especial. Pra mim, aquilo fora, instantaneamente, um choque de cultura. Neste caso, camelo não era o animal quadrúpede, mamífero, ruminante.

Bem, agora, faria sentido a frase bíblica, pois imaginar o animal transitando pelo buraco referido, era-me, completamente, ininteligível.

Agulha: outro ponto que deve ser esclarecido e a agulha. Embora, hoje, exista apenas umas quinze cidades com essas características no mundo tudo, mas nos tempos bíblicos, as cidades eram, na maioria, cercadas de altos muros de pedras, que as protegiam contra invasões noturnas. Havia, em lugares estratégicos, uma grande porta, por onde passavam carros, carroças e grandes bagagens, durante o dia.

Essas portas eram fechadas por dentro, com tramelas, ao por do sol e abertas no dia seguintes, aos primeiros raios solares. Com isso, estabeleceu-se um problema, em especial, para os pastores que apacentavam

seus rebanhos fora dos muros. Como conseguiriam retornar para suas casas, caso chegassem atrasados? Bem, nesses casos, havia pequenas passagens que cabiam uma pessoa por vez, ou ovelhas.Essas fendas eram chamadas de agulhas. Nesta caso, seria, igualmente impassível, um camelo (animal) passar por ela.

2°) João Batista comia gafanhotos?

Marcos: 1,6

"Et erat Ioannes vestitus pilis cameli et habebat zonam pelliceam circa lumbos suos, et comedit locustas et mel silvestre".

E João estava vestido de pelos de camelo e tinha um cinto de couro na cintura, e comia gafanhotos e mel silvestre.

Sim, segundo os Evangelhos sinóticos de Lucas e Marcos, isso era verdade. Para nossa cultura e paladar esse cardápio é muito exótico, embora eu diga que, quem come caranguejo, come qualquer outro bicho estranho. Em algumas partes do mundo, se comem escorpiões, morcegos, cobras, mas não era o caso de Israel, que cumpria à risca, muitas proibições alimentares. No entanto, se faz imperativo dizer que "gafanhoto", neste caso, não é um inseto e sim uma fava muito doce, rica em cálcio e vitamina B e tem um gosto que lembra o chocolate e é indicado para quem não pode consumir cafeína, além de ter poderes de emagrecimento. Na verdade, o nome dessa fava é alfarroba, só que no hebráico a pronúncia é gafanhoto.

3°) Antes que o galo cante. Marcos:14,30

"Et ait illi Jesus: Amen dico tibi, quia tu hodie in nocte hac, priusquam gallus vocem bis dederit, ter me es negaturus".

E disse-lhe Jesus: em verdade te digo: Hoje, ainda está noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me terás negado.

Nos tempos de Jesus, o povo judeus se alimentava de pães, mel, frutas, lentilhas, peixes de barbatanas, ou escamas, azeite, uvas e em datas especiais, de carnes de novilhos ou cordeiros. É certo que não comiam porcos nem aves. Portanto, não era normal a criação de suínos e galinhas. Além disso, aves eram animais que produziam muitas sujeiras, por isso, não se criavam tais animais dentro da cidade de Jerusalém.

Ora, como poderia, então, Jesus dizer: antes que o galo cante?

Havia no templo, um sacerdote encarregado de acordar o sumo sacerdote, no meio da noite, para execução dos trabalhos religiosos nas vigílias noturnas.Tal sacerdote era conhecido, chamado, ou apelidado de Galo. Ele tocava uma trombeta que era ouvido a grandes distâncias, também devido o silêncio noturno. Portanto, quando o Galo tocou sua corneta, Jesus, que estava preso, sabia que Pedro já O negado naquele momento. Neste caso, o galo era um homem e não uma ave como somos levados a supor.

4°) Sobrenomes:

Russos: PaloVA (filha de Palo), GorbachOV (filho de Gorbach), DmitriEV( filho de Demitri)

Croata: ModrIĆ (filho de Midr), MandžukilIĆ ( filho de Mandžukil)

Ingles: RobSON, (filho de Rob) AnderSON, (filho de Ander) son =filho

Brasil: Junior, filho, neto.

João Cabral de Melo Neto, Neymar Jr. Café Filho.

Em muitos idiomas, o sufixo dos nomes próprios servem para dizer de quem a pessoa é filho, como nas terminações acima descritas. No hebráico, isso ocorre com o prefixo.

BAR: prefixo hebraico que significa filho, ou herdeiro.

Bartolomeu = filho de Tolomeu

Barsabás. = filho de Sabás

Barjonas. = filho de Jonas

Barrabás. = filho de Rabás

Barnabé. = filho de Nabé

Bartimeu = filho de Timeu

O camelo (corda), o gafanhoto (fava), o galo (homem) e o prefixo dos nomes próprios não são o epicentro dos trechos evangélicos, ou de passagens outras, aqui transcritos, mas uma boa informação ajuda a dissipar possíveis contratempos.