DROGA: ALUCINAÇÃO URBANA.

Um Grito Poético contra a Degradação das Almas nas Garras das Drogas.

"Senhor Deus dos desgraçados, dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura ou verdade, tanto horror perante os céus?! Quem são esses desgraçados que não encontram em vós mais que o riso calmo da turba, que excita a fúria do algoz?"

Tomo emprestados os versos do poeta Castro Alves para relatar a degradação humana que presenciei em plena luz do dia: o navio negreiro do século XXI. Escravos das drogas...

Ele parecia um ser catando comida entre os detritos, na imundície da praça. Por Deus! Este ser não era um animal feroz; era um jovem conhecido que, por força das drogas, engole o lixo moral e finge que está tudo bem.

É triste testemunhar jovens fenecendo sem ninguém para ouvir seus gritos de dor e angústia. Seus corpos desfigurados nas cracolândias, e ninguém se importa com isso.

São jovens de todos os tipos e cores, malhados e bem cuidados, que vivem como farrapos humanos prisioneiros de seus infernos particulares, mergulhados nas drogas em busca de alegria e alteração de consciência.

Alucinados, perambulam pelas madrugadas frias, convivendo com a dor lancinante do abandono e confirmando a falência de si mesmos.

Assim vivem os pobres dependentes, quase mortos, numa sociedade que vicia e não trata; que critica e não ampara. Todos evitam o caminho por onde eles andam; tornam-se leprosos que não recebem a esmola de um olhar. Não reconhecem um rosto amigo à sua volta; todos são estranhos, com cara de inimigo.

O crack corrói suas vísceras, e todos se afastam do odor fétido do mendigo imundo, destruído pelas drogas infernais.

Deus, meu Deus! Cuida do miserável estado em que se encontram esses jovens, teus filhos! Cuida para que mereçam desfrutar da tua graça e da tua luz. Perdoa-os! Nada mais desejam senão o teu perdão e o teu amor!

Eles ainda não perderam tudo, pois lhes resta a esperança da tua proteção; pois aqui na terra, nem governo, nem igreja, nem ninguém quer ouvir as vozes das ruas; o grito dos alucinados! - Triste verdade.

Manoel Lobo.

Manoel Rocha Lobo
Enviado por Manoel Rocha Lobo em 17/01/2024
Código do texto: T7978228
Classificação de conteúdo: seguro