PREDESTINAÇÃO

 

A Bíblia fala de forma explícita e muito clara sobre a doutrina da predestinação. Essa doutrina é de Deus, está revelada nas Escrituras, e na prática podemos considerar a predestinação como “a doutrina dos decretos de Deus” e da “infinita misericórdia de Deus” sobre o seu povo. E, mesmo que muitos não admitam a doutrina bíblica da predestinação, uns por falta de conhecimento, enquanto, outros a rejeitam deliberadamente, o fato é que essa doutrina está presente em várias páginas da Bíblia goste você, ou não! “Porquanto, aqueles que antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem semelhantes à imagem do seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes igualmente justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou”. (Rm 8.29,30).

 

O celebre João Calvino, dizia que “antes que o primeiro fosse criado, Deus por um decreto determinou o que aconteceria a toda a raça humana”. Calvino tinha razão! A grande verdade revelada nas Escrituras é que Deus pré-ordena tudo que vai acontecer no universo, na nossa vida, durante toda a nossa existência, inclusive a salvação e adoção de “uns” e, a perdição e condenação de “outros”. Mas, porque algumas pessoas são salvas e entram na vida eterna com Cristo, e outras recebem o justo castigo de seus pecados e são condenadas eternamente? Porque alguns creem em Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, e outros não? Será que alguns creem por decisão própria, enquanto outros, escolhem não crer? Ou, será que alguns creem, e outros não, porque Deus os tem destinado de antemão para esse fim, conforme seus eternos propósitos? São questões que precisamos responder a luz das Escrituras, e faremos isso mais adiante!

 

Predestinação Definida

 

Conforme o ensino das Escrituras, entendemos a predestinação do grego προγινώσκω proginoskó, como, o ato “livre” e “exclusivo” da vontade soberana de Deus que por sua graça designou, “selou” o destino final e eterno dos crentes antes mesmo da criação do mundo. Deus em Cristo, nos predestinou para a vida eterna “sem a nossa participação”. A nossa aceitação “voluntária”, da pessoa e do sacrifício de Cristo, é apenas uma consequência da eleição e predestinação divina que pelo trabalho regenerador do Espírito Santo, torna eficaz esta eleição, abrindo nossos corações e olhos espirituais para que possamos crer e compreender o Evangelho que nos foi pregado. Porquanto, disse o apóstolo Paulo: Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. E, em seu amor, nos “predestinou para sermos adotados como filhos”, por intermédio de Jesus Cristo, segundo a benevolência da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos outorgou gratuitamente no Amado. (Ef 1.4-6).

 

Podemos notar aqui no ensino das Sagradas Escrituras que Deus escolheu quem seria salvo antes do nascimento. Isso significa que ninguém é escolhido por Deus, depois do nascimento. Temos um claro exemplo disso, em (Romanos 9). “Antes mesmo que os gêmeos nascessem” ou “realizassem qualquer obra boa ou má”, para que “o plano de Deus segundo a eleição permanecesse inalterado”, não por causa das obras, mas sim por aquele que chama, ... Assim, claro está que isso “não depende da vontade, tampouco do esforço do ser humano, mas da maneira como Deus focaliza sua misericórdia”. Portanto, Ele tem misericórdia de quem deseja, e endurece o coração de quem quer.  (Rm 9.11,16). Vemos, portanto, que conforme o ensino do apóstolo Paulo, o plano de Deus em relação a predestinação de seus escolhidos começou na eternidade, quando absolutamente nada ainda existia, quando ainda nem éramos nascidos, então, Deus nos escolheu em Cristo, e nos predestinou para sermos conforme à imagem de seu Filho.

 

Isso significa que a nossa eleição e predestinação para salvação não depende da nossa própria vontade, ou esforço, mas da escolha (vontade) de Deus e da sua misericórdia. O próprio Paulo, antes mesmo de falar sobre a doutrina da predestinação em (Romanos 8), e da eleição em (Romanos 9), ele falou do capítulo 1, ao capítulo 7, de Romanos, sobre a doutrina da “depravação total do homem”, dando ênfase de que “não há nenhum justo, nem ao menos um; não há uma só pessoa que entenda, ninguém que de fato busque a Deus”. (Rm 3.10,11).

 

Deus não predestinou o homem com base em suas escolhas, ou por meio de seus esforços, como muitos creem erradamente. Definitivamente isso não é predestinação, pois, Deus não designou o destino do homem prevendo que este iria crer nele, pelo contrário; o nosso destino final e eterno já foi decretado por Deus na eternidade. “Não fostes vós que me escolhestes; ao contrário, Eu vos escolhi a vós” ... (Jo 15.16). A predestinação para salvação de pecadores maus, depravados, inimigos de Deus, que rejeitam seu Filho e a doce mensagem do Evangelho – é realizada naqueles que o Senhor escolheu antes da fundação do mundo, “unicamente” por sua graça e misericórdia. Dessa forma, se Deus não abrir os olhos espirituais do homem, se Deus não quebrantar o seu coração, capacitando-o a crer, de modo nenhum este será salvo. Portanto, se não fosse a eleição e predestinação divina, “ninguém jamais” seria salvo porque não existe no mundo nenhuma pessoa que de fato busque a Deus. 

 

Aos que de “antemão conheceu”

 

A expressão “conhecer de antemão”, é um dos assuntos na Bíblia que mais têm provocado diferenças de interpretação! Muitos estudiosos comentam que o sentido dessa expressão trata da eterna previsão de Deus de “conhecer antecipadamente tudo” que viria a acontecer. Outros afirmam que Deus aqui estava prevendo a fé de certos indivíduos, ou seja, Deus pela “presciência” teria conhecido de antemão os que creriam e, os escolheu por causa da fé deles. Para os adeptos dessa visão, a predestinação está condicionada a fé prevista das pessoas. Mas, se Deus já sabia quais homens o receberiam de antemão, prevendo a fé destes, por que então Cristo teria que morrer por todos? Definitivamente a fé prevista não é o significado correto da expressão aos que de antemão conheceu. E, apesar de Deus prever tudo que irá acontecer, inclusive a fé; todavia, o Senhor prevê a fé que Ele produz por seu eterno decreto naqueles que Ele escolheu (Jo 3.3-8; 6.44,45,65; Ef 2.8; Fp 1.29; 2Pe 1.2).

 

O texto de (Rm 8.29), diz: Porquanto, aqueles que de “antemão conheceu”, também os predestinou... O verbo “conhecer” προγινώσκω proginoskó, usado pelo apóstolo Paulo aqui nessa passagem tem um significado que vai muito além do mero conhecimento antecipado de Deus. No hebraico do Antigo Testamento, este verbo é usado como um sinônimo de “escolher”, “amar”, “conhecer com interesse peculiar”, conhecer “intimamente em amor”. Podemos notar isso em várias passagens das Escrituras, como por exemplo, no texto do profeta Amós, capítulo 3, verso 2, que diz: Atentai para o fato de que “Eu escolhi” tão somente vós entre todas as famílias da terra; ... Essa não é a única passagem das Escrituras que apontam para a realidade que acabamos de explicar aqui! Veja as referências: (Gn 18.19. Êx 2.25; Sl 1.6; 144.3; Jr 1.5; Os 13.5; Mt 7.23; 1Co 8.3; Gl 4.9; 2Tm 2.19; 1Jo 3.1).

 

Em seus escritos, João Calvino, comenta que o conhecimento antecipado de Deus, mencionado por Paulo, em (Rm 8.29), não significa mera presciência, como alguns imaginam, mas, sim, a adoção, pela qual o Senhor sempre “distingue” seus filhos dos réprobos. Neste sentido, o apóstolo Pedro diz que os crentes foram eleitos para santificação do Espírito segundo a presciência divina (1Pe 1.2).

 

Porquanto, aos que de “antemão conheceu”, também os predestinou..., de acordo com o significado do verbo original grego προγινώσκω proginoskó, o texto de (Rm 8.29), pode ser traduzido como: Aqueles a quem Deus “amou antecipadamente”, aqueles a quem Ele “conheceu em seu íntimo”, no sentido (redentor e pessoal desde toda a eternidade), também os predestinou.

 

A Dupla Predestinação

 

Se Deus é soberano e na eternidade Ele pré-ordenou tudo que vai acontecer e não existe nada que não esteja sob seu controle absoluto, inclusive a questão da salvação das almas, então, uma pergunta devemos fazer aqui! A dupla predestinação é bíblica? A expressão “dupla” predestinação, é usada por teólogos e pastores para explicar biblicamente sobre a questão da “eleição” e “reprovação”. Acredito que o ponto de partida para compreendermos essa questão e respondê-la segundo o ensino das Escrituras é lembrarmos que a “soberania” de Deus, não anula a “responsabilidade” humana, ou seja, cada indivíduo é responsável por seus atos, apesar de não controlar seu destino eterno. A Bíblia nos mostra essa verdade de forma explicita e nós veremos passagens que comprovam isso ainda neste artigo! Porém, o fato de Deus ser soberano, controlar todas as coisas e pré-determinar tudo que vai acontecer, isso, não anula de forma nenhuma a responsabilidade humana.

 

Portanto, quando falamos em dupla predestinação estamos dizendo que Deus destina uns para salvação e outros para perdição. A Bíblia menciona essa realidade em várias passagens. Esse é o claro ensino das Escrituras. Veja, por exemplo, o que disse o apóstolo Pedro em sua primeira carta, capítulo 2, versos 7 e 8: Assim sendo, para vós os que credes, ela é preciosa, mas para os que não creem, “a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a principal, a pedra angular”, e “pedra de tropeço e rocha que causa a queda”; porquanto, aqueles que não creem tropeçam na Palavra, por serem desobedientes, todavia, “para isso também foram destinados”.

 

Paulo também trata do mesmo assunto em Romanos, capítulo 9, versos 22 e 23: Mas o que tens a dizer se Deus suportou com muita longanimidade os “vasos da ira”, “preparados para destruição”, porque desejava manifestar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, a fim de que fossem conhecidas as riquezas da sua glória para com os “vasos de sua misericórdia”, que “preparou com grande antecedência” para glória.

 

Note o contraste que existe nessas duas passagens! É impossível fecharmos os olhos para esses textos e ignorarmos a realidade que eles ensinam. Nós devemos estudar esses textos com muita atenção, respeitando sempre o que neles está escrito e dar a eles uma interpretação sincera, pois, a grande verdade que Deus revela aqui nessas passagens é que Ele planejou o destino de cada pessoa – salvação e adoção de uns; e, juízo e condenação para outros. O Senhor criou tudo o que existe “com um propósito definido”; até mesmo os ímpios para o dia do castigo. (Pv 16.4).

 

Mas, infelizmente existem muitos opositores a esse ensino bíblico e não faltam argumentos para contradizer, distorcer e negar a legitimidade das Escrituras que acabamos de explicar aqui. Um dos argumentos mais usado é dizer que Deus “não pode” agir assim, pois, isso mancharia o seu perfeito caráter e porque Ele estaria sendo injusto com as pessoas que Ele não predestinou para salvação. É mesmo? Penso que a melhor forma de resolver a questão é olharmos atentamente o que a Bíblia diz a esse respeito e reconhecermos o seu infalível e inerrante testemunho!

 

Antes mesmo que os gêmeos nascessem ou realizassem qualquer obra boa, ou má, para que “o plano de Deus segundo a eleição permanecesse inalterado”, não por causa das obras, mas sim por aquele que chama, ... como está escrito: “Amei” a Jacó, mas “rejeitei” a Esaú. Que conclusão podemos tirar? Acaso Deus não é justo? De modo algum! (Rm 9.11,13,14).

 

Sobre o “livre-arbítrio”

 

Não satisfeitos em negar que Deus pode salvar o homem por um ato livre e soberano de sua graça, é comum a grande maioria apelar para o suposto “livre-arbítrio”, uma teoria altamente defendida pelos crentes arminianos! Os adeptos dessa teoria, dizem que Deus não decide o destino eterno de ninguém, mas cada indivíduo através do seu livre-arbítrio tem a capacidade de escolher seu destino porque a palavra final da salvação é do homem e não de Deus. Se esse pensamento estiver correto, isso não significa outra coisa, senão dizer que mesmo Cristo tendo já realizado a obra da expiação, Ele tem que esperar o homem decidir se quer ser salvo, ou não, pois afinal de contas, segundo o pensamento arminiano, Deus dotou a humanidade de livre-arbítrio e, Ele respeita o livre-arbítrio de cada pessoa que por sua vez tem a decisão final para salvação. Para nós calvinistas é impossível admitir uma coisa dessa, pois, esse não é o ensino das Escrituras. Toda a natureza humana, bem como suas vontades, é inclinada somente e continuamente para o mal. “Pode o etíope mudar a sua pele? Pode o leopardo alterar as suas pintas? Assim também podereis vós fazer o bem, estando tão habituados à prática do mal”? (Jr 13.23).

 

Se Cristo não intervir de forma a realizar uma transformação sobrenatural no coração do homem, sua natureza continuará sendo má e pecaminosa continuamente, de maneira que seus desejos e vontades permanecerão sempre afetados, manchados pelo pecado, e consequentemente suas escolhas serão sempre escravas do mal. Portanto, homem nenhum tem livre-arbítrio, pois ninguém é livre nem mesmo para agir contrário à sua própria natureza moral, menos ainda decidir-se acerca de Deus. Se alguém é livre, este é Deus que está nos céus e tudo o que deseja, Ele tem o poder de realizar. O homem não é livre para escolher o bem, para decidir-se por Deus e determinar o seu destino final. As escolhas e ações dos homens são determinadas pela natureza do seu próprio caráter, ou seja, o pecado, essa é a natureza do homem. (Rm 3.10-23).

 

Se o homem tem mesmo livre-arbítrio para decidir até mesmo o seu destino final e Deus respeita as escolhas do homem, conforme insistem em dizer os cristãos arminianos, então, por que Deus não respeitou o livre arbítrio do profeta Jonas?

 

“Ora veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim. Jonas, porém, levantou-se para fugir da presença do Senhor para Társis. E, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, da presença do Senhor. (Jn 1.1-3). Pela segunda vez veio a palavra do Senhor a Jonas, dizendo: Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e lhe proclama a mensagem que eu te ordeno. Levantou-se, pois, Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor.” ... (Jn 3.1-3).

 

Se o homem é mesmo livre para tomar decisões, escolher o bem, e decidir sozinho o seu futuro sem que primeiro haja a intervenção de Deus para isso, então, por que Deus não respeitou o livre-arbítrio do apóstolo Paulo?

 

“Entrementes, Saulo ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor. Dirigindo-se ao sumo sacerdote, pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, de maneira que, eventualmente encontrando ali, homens ou mulheres que pertencessem ao Caminho, estivesse autorizado a conduzi-los presos a Jerusalém. Entretanto, durante sua viagem, quando se aproximava de Damasco, subitamente uma intensa luz, vinda do céu, resplandeceu ao seu redor. Então, ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe afirmava: Saul, Saul, por que me persegues? Ao que ele inquiriu: Quem és, Senhor? E Ele disse: “Eu Sou Jesus, a quem tu persegues; contudo, levanta-te e entra na cidade, pois lá alguém te revelará o que deves realizar”. (At 9.1-6).

 

“E, viajando por toda a região da Frígia e da Galácia, Paulo e seus companheiros de ministério foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar a Palavra na província da Ásia. Quando avizinharam-se da região da Mísia, procuraram subir até Bitínia, mas também o Espírito de Jesus não lhes permitiu. Então, contornando a Mísia, desceram para Trôade. Durante a noite, Paulo teve uma visão; nela, um homem da Macedônia, em pé, rogava-lhe: Passa à Macedônia e ajuda-nos! Imediatamente, após ter recebido a visão, preparamo-nos para partir rumo a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para pregar o Evangelho aos macedônios”. (At 16.6-10).

 

Pergunto! O profeta Jonas e, o apóstolo Paulo foram capazes de “agir” contra a vontade de Deus? Não. Eles tiveram a capacidade de realizar os desígnios de seus corações e controlar o seu futuro? Não. Em ambos os casos, a vontade de quem prevaleceu, do homem, ou de Deus? De Deus, certamente.

 

Contudo, não estou dizendo que o homem não é moralmente responsável, que não possui vontade, e, que não seja capaz de fazer escolhas e tomar decisões, porém, achar que o homem tem livre-arbítrio e, que isso, o torna neutro, e, portanto, capaz de escolher tanto o bem quanto o mal no sentido espiritual em relação as coisas de Deus, é um grave erro. Isso não é verdade. Esse não é o ensino da Bíblia. Deus é soberano e, detém o controle absoluto sobre toda a criação. Ele é o Senhor e Autor da história, e, o Senhor de nossas vidas. Tudo quanto acontece está de acordo a vontade de Deus. O simples fato do homem tomar decisões, e fazer escolhas, não significa realizar o seu propósito. Veja por exemplo, o caso de José, que era odiado por seus irmãos que o venderam como escravo para o Egito. Deus “usou o mal” que eles fizeram para tornar José governante sobre eles mesmos. Os irmãos de José tiveram a capacidade de pensar, de desejar, de planejar, de escolher, e, de fazer o mal contra ele. Isso significa, que eles eram responsáveis por seus atos, mas Deus que é soberano em sua vontade, dirigiu os acontecimentos conforme seus planos que nunca podem ser frustrados para abençoar José! “O mal que tínheis a intenção de fazer-me, o desígnio de Deus o mudou em bem” ... (Gn 50.20).

 

A soberania de Deus e, a responsabilidade do homem

 

A predestinação divina não anula a responsabilidade humana. Quantas vezes você já ouviu essa frase? Para muitos, isso é uma “contradição”, mas não é! A grande verdade das Escrituras é que, a “predestinação divina” e, a “responsabilidade humana” são doutrinas em perfeita harmonia. Estas duas doutrinas são verdadeiras e caminham juntas em perfeita conformidade em toda a Bíblia. Se por um lado Deus é soberano em seus decretos inclusive na predestinação de uns para salvação e de outros para condenação, por outro lado, os seres humanos são moralmente responsáveis por seus atos.

 

Se alguns foram predestinados, é porque Deus em sua soberana vontade os escolheu para salvação que vos foi dada gratuitamente pelos méritos de Cristo, pelo que Ele conquistou na cruz. Se outros foram rejeitados e condenados ao inferno, foram por seus próprios atos, por sua própria natureza pecaminosa que mereceu o justo castigo divino, apesar de não terem a palavra final quanto ao seu destino eterno. Eis aqui um grande mistério, uma grande tensão teológica, pois, Deus não nos revelou em sua Palavra, como Ele faz estas coisas, porém, nós que fomos predestinados a tão incomparável bênção da salvação não deveríamos ter dificuldade alguma em reconhecer e admitir estas duas grandes verdades ensinadas de maneira explicita nas Escrituras. Deus é soberano, mas o homem é responsável, ou seja, Deus realiza a sua vontade sem tirar a responsabilidade humana. Estas verdades estão de pleno acordo com o ensino da Bíblia. Confira você mesmo!

 

Deus endureceu o coração de Faraó para não deixar o povo de Israel sair do Egito, mas em seguida disse que Faraó não quis deixar o povo ir (Êx 4.21-23).

 

Deus enviou os assírios para punir os israelitas, porém os assírios foram movidos pelo próprio orgulho do coração e foram punidos por Deus ao concluírem o seu propósito (Is 10.5-7,12,15).

 

Na celebração da santa Ceia, Jesus revelou aos seus discípulos que Ele seria traído conforme aquilo que está determinado a seu respeito; porém, responsabilizou aquele que o havia de trair (Lc 22.22).

 

Em seu primeiro sermão, Pedro afirmou que Cristo foi entregue para crucificação e morte pelo propósito determinado e presciência de Deus, porém, o Senhor culpou os judeus que o mataram, pregando-o na cruz (At 2.23).

 

Em suas orações, a Igreja Primitiva não teve dificuldades nenhuma de reconhecer a responsabilidade humana e, a soberania de Deus (At 4.27,28).

 

O apóstolo Paulo afirmou em seus ensinos que Deus age em todas as coisas para o cumprimento do seu propósito (Rm 8.28).

 

Que conclusão podemos tirar? Acredito que por tudo aquilo que aprendemos até aqui nesse artigo, nós temos grande fundamento bíblico para dizer que Deus é Soberano e, o homem é responsável pelos seus atos. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. Certamente me perguntarás: “Por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem pode se opor à sua vontade?” Todavia, quem és tu, ó homem, para questionares a Deus? “Acaso aquilo que é criado pode interpelar seu criador dizendo: ‘Por que me fizeste assim?’ Ou o oleiro não tem todo direito de produzir do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para usos menos honrosos? Mas o que tens a dizer se Deus suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a destruição, porque desejava manifestar a sua ira e tornar conhecido seu poder, a fim de que fossem conhecidas as riquezas da sua glória para com os vasos de sua misericórdia, que preparou com grande antecedência para glória. (Rm 9.14-16,19-23). Muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.

 

JESUS FAZ A DIFERENÇA.

Pastor Jose Junior
Enviado por Pastor Jose Junior em 22/01/2024
Reeditado em 08/03/2024
Código do texto: T7982072
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