Utilização da Fusão Diidrogênica

Os seres vivos são formados de Células. A célula é simplesmente um meio para o DNA se multiplicar. Esta é o grande objetivo do que chamamos vida. Os vírus usam o mesmo princípio, embora de diferentes formas, de dar continuidade ä seus ácidos nucléicos.

A princípio parecia à ciência que o objetivo de toda vida era passar adiante o DNA contido nas células. Esta teoria foi tema de muito sucesso especialmente quando um de seus idealizadores, Richard Dawkings, publicou seus trabalhos sobre isso e organizou essas idéias.

Embora eu entenda deste mesmo modo o fenômeno a que chamamos Vida, sou obrigado a subir nos ombros de Dawkings para dar continuidade ao que imagino que realmente aconteça no DNA.

Isso significa que é necessário observar este mecanismo (a replicação) sob a ótica molecular. Realmente parece que o propósito da vida é passar adiante o DNA. Mas se pensarmos este movimento em questão molecular vemos que o que acontece é que a célula, um vírus, os corpos dos animais, enfim, toda a vida, serve apenas para o aproveitamento da energia solar e não para passar adiante o DNA, como afirmava Dawkings. O passar adiante, a replicação, é simplesmente mais um meio de continuar o aproveitamento energético. Sendo que todo meio necessita de um fim, qual seria então este fim?

"Aproveitar" torna-se um conceito complexo, que pretendo explicar em simples palavras. Mas é este aproveitamento o fim e sentido de toda a vida na Terra.

No Sol, átomos de hidrogênio se fundem uns com os outros e forma-se hélio. Cada átomo de hidrogênio possui um próton e um elétron. O próton tem uma massa de 1, 0078 U (unidades de massa atômica, sendo U = 1,66 × 10-27 g), referência a 1/12 do isótopo do Carbono 12; e cada elétron tem massa de cerca de 5, 4910 × 10-4 U. Podemos dizer então, desprezando a massa desse elétron (pois só faremos cálculos aproximados com três algarismos significativos após a vírgula) que um hidrogênio tem massa de 1,007 U. Cada nêutron tem massa de cerca de 1, 0087 U, ligeiramente mais pesado que o próton. Assim, podemos dizer que o He tem dois prótons e dois nêutrons. Ou seja, somando as massas de cada partícula temos que o He pesaria 1, 007 + 1, 007 + 1, 008 + 1, 008 = 4, 030 U, mas não é o que acontece. Quando os dois hidrogênios se unem, parte de sua massa é liberada sob a forma de energia, chamada energia de fixação (raios gama). Quando se fundem dois H para formar um H com próton e nêutron chamado deutério, um próton transforma-se em um nêutron. Essa reação leva aproximadamente um bilhão de anos. Outro próton se une ao deutério. Dois deutérios unem-se, formando, assim, o átomo de He. Dessas reações, são liberados dois pósitrons e dois prótons. Os primeiros cancelam-se com um elétron cada, formando o fóton gama. Os segundos unem-se a mais deutérios dando continuidade ao processo. Este átomo de He formado pela união dos H tem uma massa ligeiramente menor do que a soma de suas partículas, de 4, 002. Essa energia liberada pela união dos H é muito pequena, mas os bilhões de bilhões de bilhões de átomos do Sol, se fundindo o tempo todo, liberam uma energia imensa, capaz de aquecer o planeta e fornecer ativação para a síntese de moléculas necessárias à vida. Assim, entendemos bem simplificadamente o modelo da fonte que fornece energia à todos os seres vivos no planeta.

Chegamos então à pergunta inicial, o que é a vida? A vida não é a transmissão dos genes, como pensava Dawkings, ao menos essa não é sua qualidade final. A vida é uma forma de utilização da energia, de modo a formar uma cadeia de eventos que permita a manutenção dessa utilização. Esta é a célula. O DNA serva apenas para arquivar a informação necessária para que o fenômeno da utilização da energia vinda do Sol se mantenha sempre ativo. Para que isso fosse passado adiante é preciso que o DNA se duplique, que existam muitos DNA, inclusive sob diferentes formas de proteção (os corpos dos diversos seres vivos), numa incessante captura de energia e utilização na produção de mais e mais mecanismos, para que utilizem novamente a energia, num processo sem um fim específico.

Desse modo, imagino que sejamos o único planeta no universo que possua este tipo de transformação energética advinda da união de átomos de H. Podemos admitir que existam outras formas de inteligência, ou outras formas de seres animados que estudem a si mesmos, ou outras formas de utilização de energia que pode ou não ser a da união diidrogênica (mais conhecida como cadeia próton-próton), mas é difícil que haja molecularmente as mesmas formas de vida que temos no planeta Terra, tanto pelas condições atuais quanto pelo processo pelo qual a vida se originou, embora não seja totalmente impossível.

Finalizo este trabalho deixando o conceito ainda em estado experimental de que a replicação dos genes não é o fator final do sentido da vida, mas a utilização em cada vez maior escala da energia da fusão diidrogênica. O sentido da vida seria uma espécie de necessidade ou escravidão. Ao surgir a primeira molécula utilizadora, ela passou a depender estranhamente desta energia, não podendo mais deixar de se aprimorar em busca de sua apreensão cada vez mais crescente.

DoctorD
Enviado por DoctorD em 19/07/2008
Reeditado em 25/11/2009
Código do texto: T1088183
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