SEIS POR MEIA DÚZIA?

DA NOVA NORMA DA ANVISA NA CONTRAMÃO DAS PROPAGANDAS

Não é de hoje que algum posicionamento deveria ser tomado pelos órgãos competentes quanto à REGULAMENTAÇÃO da venda de medicamentos pelas farmácias.

Não li ao pé da letra o que a nova determinação da ANVISA rege aos medicamentos de procura espontânea, apenas acompanhei a notícia pela imprensa leiga, porém pelo que entendi me parece que, MAIS UMA VEZ, estamos trocando seis por meia dúzia. Ou seja, muda apenas a localização do medicamento de venda espontânea permitida, da gôndola para o balcão. Uma logística totalmente ineficaz no combate à automedicação.

Eu explico: primeiramente medicamento algum deveria se vendido sem receita médica. Difícil. Existe um mercado " de bastidor" alimentado por laboratórios farmacêuticos de fundo de quintal, que mantêm as farmácias (as mais populares e menos fiscalizadas, que ás vezes sequer dispõem de farmacêuticos fulltime) como intermediários na venda de medicamentos bonificados, ou seja, medicamentos que quando empurrados ao consumidor pagam bonus financeiros aos vendedores balconistas" que se "passam" como farmacêuticos.

É exatamente por isso que corremos o risco de termos uma receita dos nossos médicos "trocadas" por sugestão do balconista, aonde se corre o grave risco de adquirirmos "farinha" no lugar de princípio ativo farmacológico. Um perigo iminente!

Há um princípio básico: Remédio, qualquer um, tem que ser prescrito pelo MÉDICO.Qualquer tentativa ao contrário é EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO DE MÉDICO.

É CHARLATANISMO. Que até há pouco tempo eram crimes.Agora já não sei se ainda é.

Bem, mas uma coisa me chama atenção nas propagandas de medicamentos autovendáveis:" a persistir os sintomas procure orientação médica".Isso a ANVISA não viu?

Para mim tal aviso configura incentivo a automedicação.Entenda-se:"primeiramente automedique-se, e se você não resolver procure o médico".

Vai ver que acham que a automedicação quando efetivada do outro lado do balcão tem efeito farmacológico distinto, só se for isso.

Existe uma grande faixa da população brasileira que não distingue o médico, do farmacêutico e do balconista da farmácia.Para pessoas menos avisadas é tudo igual!, e pior, a nova regra dará autoridade ao balconista de"triar" aquilo que ele julga melhor para o "paciente do balcão".

Sinceramente, acho que precisamos rever conceitos TÉCNICOS" no pais inteiro, para tudo! É um caos total!

Sou totalmente contra qualquer venda liberada de medicamento seja ele qual for. Uma simples aspirina pode ter um efeito catastrófico.

Só para ilustrar: até há pouco tempo, no maior serviço de diálise de urgência de São Paulo, localizado no HOSPITAL DA CLÍNICAS, A MAIOR CAUSA DE INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA, se dava por uso indiscriminado de antinflamatórios, que são medicamentos que se compra sem receita médica.

Se a compra se efetivará deste ou daquele lado do balcão...como o sem o aval do farmacêutico ou do balconista, pouco importa.A auto medicação será a mesma, certo? E o estrago também sem que ninguém se responsabilize pelo ato de qualquer prescrição que demanda por vigilância médica.

Sugestão: Parem de permitir propagandas que estimulem a auto medicação, se é remédio exijam receita médica, proibam a propaganda de um montão de porcarias que são anunciadas como remédios sem embasamento científico algum, melhorem as condições sanitárias da população e ressuscitem a saúde pública.

Com certeza precisaremos de menos remédios.