O Saber Médico Popular e o Conhecimento Científico

     Etimologicamente saber significa ter conhecimento, informação ou notícia de algum assunto. Entretanto, num sentido mais amplo, significa ter sabedoria, e portanto, adquirir as virtudes da prudência, moderação, temperança, sensatez e reflexão. Esta sabedoria se atinge não necessariamente através da pesquisa científica, mas através da vivência e da observação das leis da Natureza. Não se obtém sabedoria através do pensamento analítico, mas através de uma visão sistêmica da realidade, isto é, buscando compreender a realidade através de seu conjunto, de sua totalidade.

     Tal saber, conhecido também como ciência do concreto ou pensamento mágico constitui o pensamento originário da Humanidade e pode ser perfeitamente identificado nas sociedades primitivas antigas ou contemporâneas, seja nas formas gregas, latinas ou chinesas, seja nas formas populares atuais, presentes principalmente no folclore das sociedades ocidentais.

     Ainda que de natureza inconsciente, o pensamento mágico possui princípios que somente foram explicitados através da pesquisa antropológica, principalmente, de Marcel Mauss e Claude Lévi-Strauss. Esta ciência do concreto abrange todos os aspectos da realidade natural, humana e cósmica. Entretanto limitaremos nossa análise apenas ao saber relacionado com a doença e a saúde humana.

     Este saber procura explicar a realidade e, portanto, busca uma causalidade em todos os fenômenos naturais, culturais ou sociais. Utiliza representações que a antropologia denomina rituais mágicos, que colaboram no fortalecimento da legitimidade do saber que apregoa.

     Esta causalidade mágica busca explicações na contigüidade, na similaridade e na contrariedade.

     O princípio da contigüidade estabelece que tudo o que está em contato imediato com a pessoa - as vestes, a marca de seus passos, ou do seu corpo sobre a cama, a própria cama, a cadeira, os objetos de que habitualmente faz uso são assimilados à totalidade da pessoa. A parte, portanto, vale pelo todo. Os dentes, os cabelos, a saliva, os excrementos representam integralmente a pessoa a que pertence tais elementos e excreções, de modo que, por meio deles é possível agir diretamente sobre ela, a pessoa, seja para seduzi-la, seja para enfeitiçá-la.

     E não é preciso que o contato seja habitual ou freqüente. Mesmo o contato acidental transmite, encanta o objeto tocado. Da idéia de contiguidade origina-se a idéia de contágio. As qualidades, as doenças, a vida, a sorte, toda espécie de influxo mágico concebem-se como coisas transmissíveis. Entretanto, há que se perpetrar certas técnicas, para acentuar o ilusionismo de toda a representação mágica.

     Este princípio se afigura tão profundamente arraigado no pensamento mágico que pode levar a resultados trágicos:

     “Um chefe da Nova Zelândia, homem de elevada hierarquia e de grande santidade, abandonou um dia na rua, os restos de sua comida. Um escravo jovem, robusto e faminto, que os vê ao passar pela rua, apressa-se a comê-los, mas quando acabou de comer o último bocado, um assustado espectador lhe adverte sobre o crime que acabara de cometer e o escravo, que era um guerreiro forte e valente, cai no chão diante do anúncio de sua culpabilidade, acometido de terríveis convulsões e morre ao anoitecer do dia seguinte.”

     Para definir o princípio da similaridade, basta dizer que, do ponto de vista mágico, o semelhante produz o semelhante ou que o semelhante age sobre o semelhante. Nesse caso, a imagem está para a coisa assim como a parte está para o todo. Assim, uma simples figura ou retrato é, independente do contato e de qualquer comunicação direta, integralmente representativa, desde que semelhante à pessoa ou a qualquer ser da Natureza. Mas, evidentemente, buscam-se nas imagens e nos objetos semelhanças que acabam servindo de base para infinitas especulações, ainda que vinculadas a um efeito desejado, isto é, busca-se a semelhança para atender a um desejo e nunca o contrário.

     Da noção de imagem de uma coisa, parte-se para a noção de símbolo. Pode-se, portanto, representar todos os objetos e seres, retendo apenas um traço dos objetos escolhidos como símbolo: a cor, o tamanho, a forma ou o peso. Entretanto nem todas as qualidades do que é simbolizado são representadas no símbolo. E o fenômeno mágico ocorre apenas quando as representações simbólicas adquirem vida própria, tornando-se, portanto, eficazes.

     A celidônia (Chelidonium majus), planta considerada medicinal pelos gregos, contém um suco acre de cor amarela. Portanto indica-se, em função da semelhança de sua seiva com a bílis, nos casos de icterícia, quando a epiderme dos pacientes fica totalmente amarelecida.

     Este princípio, oriundo do pensamento mágico, acabou assumindo uma forma erudita através dos escritos de Paracelso (1493/1541), a teoria das “assignaturas”, através da qual poder-se-ia reconhecer as peculiaridades de cada planta, pela sua aparência externa. Segundo Paracelso, a folha do cardo (Cnicus benedictus) feria como agulhas, em virtude disso não existiria erva melhor para pontadas internas do que o cardo.

     O princípio da contrariedade está ligado diretamente com o princípio da similaridade. Na verdade eles se complementam. Assim como o semelhante age sobre o semelhante, o contrário é anulado pelo contrário. Portanto a noção abstrata de similaridade é inseparável de contrariedade. Todas as magias especulam a respeito dos contrários, das oposições: a sorte e o azar, o frio e o quente, a água e o fogo, a chuva e o sol, a vida e a morte, o cru e o cozido, o yin e o yang.

     Assim no ritual hindu prescrito pelo Atharva Veda, fazia-se cessar a chuva, suscitando o seu contrário (sol) por meio da queima da madeira de arka, cujo nome significa luz, raio ou sol. Entretanto, a disposição varia de acordo com a vontade de quem a pratica: quando não se deseja a chuva expõe-se o fogo; quando se deseja o contrário, a chuva, esconde-se os carvões ardentes. 

     Este pensamento possui uma eficácia, que denominamos simbólica. A cada previsão confirmada, a cada doente que se recupera através de uma representação mágica, enfim, quanto mais se acredita na força intrínseca do ritual, mais fortalecidos e eficazes se tornam os praticantes da magia. Quando as previsões não ocorrem, é sempre possível atribuir o insucesso à ação de forças contrárias. Assim o pensamento mágico somente se torna eficaz quando se acredita nele.

     Ainda que o praticante utilize práticas ilusionistas, ele também acredita na sua força. Lévi-Strauss refere-se a um aprendiz de feiticeiro que tornou-se mais famoso que o mestre porque conseguiu desenvolver uma técnica especial para esconder o algodão embebido em sangue sujo, previamente colocado por ele em sua boca, quando simula retirá-lo do corpo do paciente. O aprendiz acaba convencido de que seu poder tornou-se superior em virtude de ter sido escolhido pelos seres espirituais.

     Este tipo de pensamento, apesar de estranho e, quase sempre, menosprezado pelo pensamento cientifico foi o responsável pela produção de grande parte das informações necessárias à sobrevivência da espécie humana. O saber sobre as propriedades alimentícias dos vegetais utilizados na alimentação humana, das plantas de efeitos curativos, das plantas tóxicas, dos animais perigosos e peçonhentos. Da ação dos astros sobre os seres vivos, das doenças que afligem o homem, da observação dos animais quando adoecem.

     Evidentemente, com o processo de formação do pensamento científico, especialmente, a partir de Aristóteles e no século XVI com Descartes, os princípios do pensamento mágico são abandonados, estabelecendo-se outra lógica, buscando-se outra causalidade para explicar os fenômenos naturais.

      Inúmeros fatores colaboram para isso, o desenvolvimento da linguagem escrita, a filosofia, a matemática, a geometria, a história natural, a medicina, a independência em relação ao pensamento religioso e mais tarde com a criação das universidades, destinadas à consolidação do paradigma dominante. Com isso, abandona-se o pensamento de natureza mágica e totalizante, e se inicia um processo de análise segmentada da realidade que se consolida num paradigma conhecido atualmente como cartesianismo.

     Se o pensamento mágico utiliza a analogia entre os objetos como instrumento de saber, o cartesianismo busca entender os fenômenos através da analogia com o mecanismo das máquinas que pouco a pouco foram sendo inventadas através do progresso tecnológico da civilização ocidental. E os organismos vivos foram comparados e reduzidos a máquinas, e o ser humano, separado em partes estanques, a mente e o corpo. Com isso instituiu a crença de que todos os aspectos dos organismos vivos podem ser entendidos se reduzidos aos seus menores constituintes, e estudando-se os mecanismos através dos quais eles interagem. Divide-se o corpo humano em aparelhos, depois em órgãos, depois em tecidos, depois em células e finalmente em código genético e genes. 
    
      Apesar de todo o desenvolvimento da biologia, a medicina ainda se baseia nas noções do corpo como uma máquina, da doença como conseqüência de uma avaria na máquina e da tarefa do médico como conserto desta máquina. Ao concentrar-se em partes cada vez menores do corpo, a medicina moderna perde freqüentemente de vista o paciente como ser humano, e ao reduzir a saúde a um funcionamento mecânico, não pode mais ocupar-se com o fenômeno da cura.

     Mas a história da ciência de natureza cartesiana e reducionista não se sucedeu de forma acumulativa. Inúmeras revoluções ocorreram durante o processo nos diversos escaninhos em que se transformou a pesquisa científica.. A revolução copernicana, por exemplo, superou a teoria geocêntrica que vigorava durante toda a idade média européia, desde Ptolomeu. Mais tarde a ruptura com a teoria criacionista e a consolidação da teoria evolucionista, a partir de Darwin. A ruptura com a alquimia, e o surgimento da química, com Lavoisier. A fisiologia experimental de Claude Bernard. A homeopatia de Samuel Hahnemann. A lei da gravitação universal de Newton. Em medicina, com a consolidação da microbiologia com Pasteur. 

      Com o avanço sempre constante do pensamento científico europeu, aumenta gradativamente o menosprezo pelo saber de origem mágica ou popular. Entretanto inúmeras descobertas importantes para o desenvolvimento da medicina, da química e da farmácia, ocorrem em decorrência de uma aproximação não autorizada com o saber médico popular.

     As tradições médicas populares são de natureza secular e são transmitidas através da tradição oral. São saberes anônimos que se transmitem de geração para geração em todos os países do mundo. Os tratamentos promovidos por curandeiros populares, concebem a doença como um distúrbio da pessoa com um todo, envolvendo não só seu corpo como também a sua mente, a imagem que tem de si mesma, sua dependência do meio ambiente físico e social, assim como sua relação com o cosmos e as divindades.

     Com a institucionalização do ensino universitário e o prestígio crescente junto ao poder político do pensamento de natureza científico, todo saber folclórico ou popular passou a significar apenas crendices, sobrevivências, ignorância, e em certos períodos, até mesmo heresia, feitiçaria, e sujeitos inclusive à condenação pela fogueira, tal como aconteceu durante a Inquisição.

     No entanto, o saber médico popular, em diversos momentos da história da medicina, quase sempre foi um instrumento fundamental para operacionalizar uma descoberta.

     Antes da descoberta da vacina antivariólica por Jenner em 1798, os camponeses já improvisavam uma espécie de imunização contra a varíola, uma doença que dizimava grande parte da população. Os camponeses acreditavam que contraindo a varíola bovina, mais benigna que a humana, ficariam imunes à varíola. Por isso procuravam inocular a doença convivendo com os animais doentes. Jenner era médico, e ao atender uma camponesa, e afirmar que ela estava com varíola, ela lhe responde que não poderia ter varíola porque já tivera a varíola bovina. A partir desta informação fundamental, Jenner começa a investigar e introduz na medicina a vacinação antivariólica. Entretanto, os chineses, os armênios também praticavam a vacinação antivariólica.

      Assim diversas descobertas ocorreram graças ao saber popular: a quina peruana, específico contra a malária, o curare amazônico, veneno utilizado na caça e na guerra, que se tornou muito útil nas experimentações fisiológicas, a descoberta da digitalis européia, como tônico cardíaco, diversos alcalóides e glucósides, tais como, a morfina, extraída do ópio, a efedrina, extraída de uma planta (Ephedra vulgaris) chinesa conhecida há mais de 5000 anos, a reserpina extraída de uma espécie de Rauvolfia, conhecida há vários séculos dos indianos. O tratamento do escorbuto com suco de limão, descoberto por indígenas e marujos. Até mesmo os antibióticos de origem fúngica já eram de conhecimento popular, muito antes de Flemming, em 1932. O uso da laranja ou do queijo mofado, do bolor de pão como antibiótico tem sido localizado em diversos povos.

     Segundo Muszynski, atualmente conhecemos cerca de 12.000 espécies de plantas medicinais que são usadas por vários povos. Convém acrescentar que essas espécies são as selecionadas por diversos povos durante milhares de anos. A ciência moderna não descobriu nenhuma planta nova medicinal ou comestível, mas somente estuda e introduz as já conhecidas popularmente.

     Com o isolamento da morfina em 1806, por Serturner e a consolidação da química como ciência e da superação do modelo alquimista, a farmácia sofre uma transformação intensa, com o surgimento de novos medicamentos produzidos pela pesquisa química. Em 1883, com a sintetização da antipirina, por Knorr em 1883, surgem os grandes laboratórios e, com isso, a fitoterapia, os antigos médicos herbolários, a botânica médica, os médicos homeopatas, perdem prestígio e não recebem mais apoio institucional.

     Todo esse processo gera uma poderosa indústria, que influencia a universidade, e o público, consolidado por um investimento cada vez maior em marketing. E a medicina evolui tecnologicamente substituindo gradualmente os medicamentos de origem vegetal por medicamentos de origem química ou sintéticos de origem vegetal. O desenvolvimento da ciência e da técnica, especialmente da química, operou uma transformação na medicina, como em todos os setores da cultura ocidental, tão decisiva como talvez em nenhum outro setor. Em lugar das representações mágicas aparece um saber exato. A base sobre a qual se constrói hoje a medicina e que é a que conseqüentemente se oferece ao jovem estudante de medicina nos primeiros semestres, está constituída pela anatomia, a fisiologia e a bioquímica, setores do saber que no essencial podem considerar-se hoje em dia como fechados em si mesmos.

     Entretanto, o paradigma newtoniano da física foi abalado no início deste século, com algumas descobertas que iriam colaborar para a formação de um novo paradigma: o paradigma sistêmico. Esta ruptura promovida basicamente por Einstein, Planck e Heisenberg, substitui a arrogância da certeza matemática pela humildade da probabilidade. Com a relativização das noções de tempo e espaço, o conhecimento perde a conotação de universalidade que possuía gerando profundas reflexões e a busca de um novo modelo, para conformar inclusive as outras ciências, tradicionalmente influenciadas pelo modelo oferecido pela física.

     Apesar desta ruptura ter ocorrido na década de 20, as demais ciências instaladas no aparato institucional da Universidade se tornam refratárias às inovações promovidas pela física e resistem no sentido de promover projetos integrados, buscando superar o reducionismo e, com o imenso acervo produzido pela pesquisa analítica, construir um novo modelo voltado para a totalidade. As universidades são organizadas para ensinar e estudar assuntos que abrangem quase todos os aspectos concebíveis do conhecimento. Entretanto raramente oferecem a oportunidade de integrar os fragmentos separados de informação e de relacioná-los com as necessidades, os valores e as aspirações da própria sociedade, que desempenham considerável papel na vida humana.

     No entanto, a indústria farmacêutica, apesar do desenvolvimento tecnológico cada mais intenso, no sentido de produzir medicamentos de origem química ou de sintéticos de origem vegetal, gera a partir da década de 70, uma reação por parte dos pacientes, insatisfeitos com os diversos acidentes, decorrentes da introdução de medicamentos altamente tóxicos ou teratogênicos, mas também dos inúmeros erros médicos resultantes, cuja responsabilidade cabe ao modelo que substituiu a visão clínica do médico, por um aparato tecnológico de análises laboratoriais .

     Com a pressão da opinião pública, os grandes laboratórios buscam novamente as plantas medicinais, inaugurando desta vez um novo ciclo: a caça ao saber médico popular.

     A Universidade cria novas disciplinas como a etnobotânica e a etnofarmacologia para facilitar o acesso e tentar localizar junto aos povos tradicionais, as fontes de novos medicamentos, resultado de um conhecimento anônimo, até então menosprezado e considerado como crendices do pensamento mágico.

     Este novo modelo, conhecido atualmente como biopirataria, instalado 500 anos depois de Colombo, reproduz os mesmos propósitos do processo de colonização da América e demais povos primitivos: a expropriação da riqueza alheia. Esgotados os ciclos da extração do pau brasil e outras especiarias, da caça ao índio, da escravidão africana e da corrida do ouro e mais tarde do petróleo, agora buscam garantir através de patentes, o direito de uso de uma informação que faz parte do patrimônio cultural da Humanidade.

     Assim toda a criatividade desenvolvida por raizeiros, parteiras, feiticeiros, shamans, ao longo de uma vivência pessoal acumulada através dos anos, sem nenhum recurso externo institucional, agora está sendo expropriada com tenacidade pelos grandes laboratórios. Afinal de contas, uma tradição não expressa senão a longa e penosa experiência de um povo. Nasce da batalha travada para manter a sua integridade ou, para dizê-lo com mais simplicidade, da sua luta para sobreviver. Durante a idade média toda esta tradição foi parar na fogueira promovida pela Inquisição e seus depoimentos serviam para a sua condenação. Agora tal saber incorpora milhões de dólares ao capital dos grandes laboratórios. 

     Na verdade, o menosprezo pelo saber popular permanece. Para a ciência, o único saber válido que existe é apenas o conhecimento científico, os demais saberes são na verdade não-ciência, e se um raizeiro descobre alguma propriedade medicinal em uma planta com que convive há anos, este conhecimento faz parte da biodiversidade na qual está inserido, portanto passíveis de expropriação por quem possua direitos sobre a área. Tal como no período dos grandes descobrimentos, os direitos são concedidos muito antes da conquista efetiva através da ocupação do território.

     Entretanto a história da ciência tem mostrado que as grandes descobertas científicas tem ocorrido fora do espaço teórico-científico ou universitário. No século XIX, todos os historiadores da química reconheceram o furor experimental dos alquimistas e acabaram rendendo homenagem a alguns descobrimentos positivos, tais como o ácido sulfúrico e o oxigênio, ainda que para eles não fosse uma descoberta. Dubos afirma que as principais invenções que deram um impulso surpreendente à ciência foram promovidas por mecânicos, curiosos, biscateiros, bricoleurs, etc. Evidentemente, as grandes descobertas não teriam efetivamente ocorrido caso não houvesse um ambiente teórico-científico já desenvolvido. Priestley, ao descobrir o oxigênio o chamou de “ar desflogistizado”. Foi necessário que Lavoisier esclarecesse que ele descobrira um novo elemento: o oxigênio. Segundo Pasteur, “a chance só favorece o espírito preparado.”

     No Brasil, todo este processo gera perplexidade e conseqüentemente uma retração nas divulgação das pesquisas, já que apenas as universidades públicas investem na pesquisa com plantas medicinais, e até o momento não existem condições técnicas ou jurídicas para proteger o pesquisador do patenteamento externo de seu próprio trabalho.

Bibliografia Consultada:

BACHELARD, Gaston (1884-1962):
1974 - La Formación del Espiritu Cientifico - 3ª Ed. - XXI Ed. - Buenos Aires - 302 p.

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1972 - O Despertar da Razão - Ed. Melhoramentos/Edusp - São Paulo - 194 p.

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JORES, Arthur:
1967 - La Medicina en la Crisis de Nuestro Tiempo - XXI Ed. Mexico - 80 p.

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MUSZYNSKI, Jan:
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SHIVA, Vandana:
2001 - Biopirataria - A Pilhagem da Natureza e do Conhecimento - Ed. Vozes - Petrópolis - 152 p.