História da Fitoterapia no Brasil

             A) AUTORES PIONEIROS


1) GABRIEL SOARES DE SOUSA (1540-1591):
- Cronista português bastante expressivo que registrou observações autênticas sobre a experiência de portugueses, índios e negros no Brasil colônia, com todas as implicações da colonização portuguesa nos trópicos, especialmente da Bahia, onde foi senhor de engenho. A cada passo aponta com ênfase a exploração dos recursos brasileiros como o caminho para uma auto-suficiência que atingiríamos com facilidade. Apenas em 1839, Varnhagem comprovou a verdadeira autoria de seu livro “Notícia do Brasil” atribuído anteriormente a outros autores. Hoehne, baseado em suas informações, pôde determinar cientificamente a maioria das 210 espécies vegetais citadas no texto.

SOUSA, Gabriel Soares de:
1974 - Notícia do Brasil (1587) - M.E.C. - S. Paulo - Brasil - 489 p.

2) JOSÉ DE ANCHIETA (1533-1597):
- Jesuíta português, que participou das primeiras expedições exploradoras do Brasil. Dedicou-se ao estudo da língua indígena, publicando uma gramática sobre a língua tupi. Viveu na Bahia e na capitania de São Vicente onde foi professor de latim e de tupi. Foi também médico e enfermeiro dos indígenas, conhecendo e aplicando inúmeras plantas utilizadas pelos povos tupi, durante o processo de catequização.

RODRIGUES, Lopes:
1934 - Anchieta e a Medicina - Ed. Apollo - Belo Horizonte - 362 p.

3) PISO (1611-1678) & MARCGRAVE (1610-1643):
- Naturalistas holandeses que vieram ao Brasil a convite do Príncipe de Nassau, durante a colonização holandesa, no nordeste brasileiro. As obras de Marcgrave (médico, desenhista e botânico) e de Piso (médico e zoólogo) no que se refere ao clima, água, solo, moléstias tropicais e sua etiologia, botânica e zoologia, são efetivamente importantíssimas porque anteciparam em mais de 100 anos o surgimento da botânica na Europa. Percorreram e estudaram os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, norte da Bahia e Ceará. Identificaram 132 espécies vegetais utilizadas no Brasil.

PISO, Guilherme:
1957 - História Natural e Médica da Índia Ocidental (1648) - I.N.L. - Rio - 685 p.

4) SIMÃO PINHEIRO MORÃO (1620-1686):
- Médico português, formado em Coimbra. Clinicou em Pernambuco onde faleceu. Historicamente é o primeiro livro, escrito por um português no Brasil, versando exclusivamente sobre matéria médica. A finalidade do livro era difundir no seio da população os meios práticos de preservação e combate ao sarampo e às bexigas (varíola). Somente a varíola, nos vinte anos anteriores à edição do livro, fizera três grandes devastações epidêmicas na capitania, dizimando três quartas partes da população escrava. Utilizava plantas européias, mas também nativas no tratamento das doenças.

REINHIPO, Romão Mosia (anagrama de Simão Pinheiro MORÃO):
1683 - Trattado Unico das Bexigas, e Sarampo - Of. de João Galrao - Lisboa

JOÃO FERREIRA DA ROSA:
- Médico português, formado em Coimbra. Tendo conhecimento da epidemia que grassava em Pernambuco, fez uma petição ao rei de Portugal, em 1687, para que o autorizasse a servir na sua profissão na capitania de Pernambuco. Chegando ao Brasil, foi residir em Olinda, dedicando-se ao combate à febre amarela, descrevendo a etiologia, sintomatologia e terapêutica da época, tendo sido o primeiro médico a reconhecer a epidemia no Brasil, tendo estudado especialmente a epidemia que ocorreu em Recife a partir de 1685 e estabelecido as medidas profiláticas e higiênicas para combater a doença.

ROSA, Joam Ferreyra da:
1694 - Trattado Unico da Constituiçam Pestilencial de Pernambuco - Of. de M. Manescal - Lisboa - 224 p.

MIGUEL DIAS PIMENTA:
- Mascate e empírico português que exerceu informalmente a clínica médica ou cirúrgica em Recife. Viajou muito pela província de Pernambuco, já que era mascate e, além disso, familiar do Santo Ofício, onde obteve informações sobre tratamentos populares do “achaque-do-bicho” ou “maculo”, a retite disentérica ulcerante, sobre a qual escreveu “uma das mais reveladoras, das mais notáveis contribuições à história da patologia tropical”. Eustáquio Duarte

PIMENTA, Miguel Dias:
1707 - Noticias do que He o Achaque do Bicho - Of. Miguel Manescal - Lisboa

ANDRADE, Gilberto Osório de (Estudo Crítico) & Eustáquio DUARTE (Introdução):
1956 - Morão, Rosa e Pimenta - Arq. Público Estadual - Recife - Brasil - 565 p.

5) MANUEL ARRUDA DA CÂMARA (1752-1811):
- Médico e botânico pernambucano, formado em medicina em Montpellier na França, publicou vários estudos botânicos sobre a flora brasileira. Além disso, inventor de máquinas e implementos agrícolas, analista de métodos de cultivo, um pesquisador pioneiro da flora, fauna e recursos naturais de toda uma região que vai do rio São Francisco aos sertões do Piauí. Publicou entre outros “Memória sobre a Cultura dos Algodoeiros” (1797), “Dissertação Sobre as Plantas do Brazil que Podem dar Linhos Próprios para Muitos Usos da Sociedade e Suprir a Falta do Canhamo” e “A Almécega e a Carnaúba” (1809). Infelizmente seu manuscrito até hoje inédito sobre a flora de Pernambuco acabou se extraviando após a sua morte.

JOSÉ ANTÔNIO GONSALVES DE MELLO (1916- ):
1982 - Manuel Arruda da Câmara - Obras Reunidas - Fundação de Cultura Cidade do Recife - Recife - 558 p.

6) BERNARDINO ANTONIO GOMES (1768-1823):
- Médico português, formado em Coimbra. Entretanto sua atividade científica abrange também outras áreas do saber, tais como, a higiene, a química, a botânica e a parasitologia. Em 1810, inicia os estudos sobre as cascas da quina peruana, descobrindo uma substância cristalizável, mais tarde reconhecida como um alcalóide, e que denominou “cinchonina”, ocorrência publicada em novembro de 1811. Graças a essa descoberta e à sua divulgação, Caventou e Pelletier descobriram em 1818 a quinina, a substância ativa da quina, responsável pela ação antimalárica. Viveu no Rio de Janeiro de 1797 a 1801, tendo assim a oportunidade de estudar não somente a ipecacuanha e a canela, mas ainda redigir observações botânico-médicas sobre plantas brasileiras, algumas delas descritas por ele, pela primeira vez, na literatura científica. Identificou e estudou 15 plantas medicinais brasileiras.

GOMES, Bernardino Antonio:
1972 - Plantas Medicinais do Brasil - Edusp - Brasiliensia Documenta - S. Paulo - Brasil - 226 p.

7) FRANCISCO ANTONIO SAMPAIO:
- Médico português, nascido em Vila Real, tendo exercido a profissão na Vila da Cachoeira (BA) desde 1758. O manuscrito de sua única obra, somente no século XX foi encontrada e ainda assim incompleta, faltando o terceiro tomo referente ao reino mineral. Apesar disso é uma obra importante e autêntica sobre a prática terapêutica popular da época. Estudou e desenhou 83 plantas medicinais brasileiras utilizadas no Brasil.

SAMPAIO, Francisco Antonio:
1971 - Historia dos Reinos Vegetal, Animal, e Mineral do Brazil, Pertencente à Medicina (1782) - in Anais da Biblioteca Nacional - Vol. 89 - 1969 - Rio de Janeiro - Brasil - pp. 1/91.

8) VELLOZO (1742-1811):
- Filósofo e teólogo brasileiro, nascido em Minas Gerais, e frei da ordem franciscana. Foi sucessivamente lente de geometria, retórica e história natural, sendo nomeado em 1786. Naturalista por vocação, desde a infância, ele achou sempre um inexplicável encanto estudando a natureza. Entre os naturalistas que se empenharam no estudo da flora brasileira, Vellozo ocupa um lugar de destaque pela sua obra monumental intitulada “Flora Fluminensis”, terminada em 1790, que o seu autor, devido a um conjunto de circunstâncias trágicas, não teve a satisfação de ver publicada. A obra, publicada em 1825 (60 fascículos, formando 11 volumes in folio), sob encomenda do governo imperial, traz as descrições e ilustrações de 1640 vegetais brasileiros, incluindo também inúmeras indicações ecológicas, muitos nomes indígenas e práticas terapêuticas populares e indígenas. Apesar de ter sido publicada em 1825, na França, Vellozo perdeu a prioridade de inúmeras plantas descritas por ele pela primeira vez, porque o governo da época não pagou o valor do contrato assinado com a gráfica e como conseqüência, a maior parte dos 3000 exemplares foram vendidos ao chapeleiro que fornecia barretinas ao exército francês, o qual forrou com as estampas, as que estava fazendo para os soldados do exército. Entretanto 500 exemplares ainda vieram para o Rio de Janeiro, mas ficaram apodrecendo, pela umidade, no saguão da secretaria de estado de negócios da justiça (em frente ao Passeio Público). Desta edição, apenas dois exemplares sobreviveram. Com a invasão de Portugal pela França em 1808, 554 chapas pertencentes à Flora de Vellozo foram expropriadas pelo naturalista francês Geoffroy Saint-Hilaire que acabou os utilizando, juntamente com De Candolle, em suas obras científicas, preterindo Vellozo, na prioridade dos binômios botânicos.

VELLOZO, Frei Jose Mariano da Conceição:
1825 - Flora Fluminensis - Typographia Nacional - Rio de Janeiro - Brasil - 352 p.
1961 - Flora Fluminensis - Documentos - Arquivo Nacional - Rio de Janeiro - Brasil - 397 p.
1881 - Flora Fluminensis - 2a. Ed. - Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro - Vol. V - Rio de Janeiro (RJ) - Brasil - 461 p.

9) SAINT-HILAIRE (1779-1853):
- Naturalista francês que veio ao Brasil em 1816 e percorreu diversas províncias, estudando a flora brasileira, retornando à França em 1824. Percorreu sucessivamente os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Publicou inúmeros diários de viagem e obras botânicas sobre a flora brasileira. Procede a investigações muito variadas interessando à etnografia indígena, à geografia e à história. Contribuiu também para o estudo de línguas indígenas, tais como, os machacali, os macuni, os malali, os botocudo e os caipó. Registrou práticas médicas populares da época e propriedades medicinais de diversas plantas brasileiras.

SAINT-HILAIRE, Auguste de:
1824 - Histoire des Plantes les Plus Remarquables du Brésil et Paraguai - A.Belin - Paris - 340 p.
1824 - Plantes Usuelles de Brésiliens - Grimbert - Paris - France- 70 p.
1975 - Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais (01/06/1816 -22/09/1817) - Edusp/Itatiaia Ed. - São Paulo - Brasil - 378 p.

10) MURE (1809-1858):
- Médico francês, formado em Montpellier. Filho de pai milionário, tinha a saúde debilitada e acabou contraindo tuberculose pulmonar. Contou com a assistência dos melhores clínicos alopatas da época, que prescreveram novos climas como última tentativa para tratar a doença e, com isso, acabou entrando em contato na Sicília com discípulos de Hahnemann, que clinicavam segundo a doutrina homeopática. Trata-se em Lyon, na França com o Dr. Guidi e, com sua surpreendente recuperação, torna-se propagandista ativo da doutrina homeopática. Resolve portanto estudar e obtém o título de doutor em medicina. Volta à Sicília em 1835, exercendo a clínica e iniciando a propaganda da homeopatia. Traduz alguns livros e constrói máquinas para realizar a sucussão e a trituração dos medicamentos. Graças às máquinas por ele inventadas pôde preparar por um processo mais simples, os medicamentos e no fim de pouco tempo possuía uma grande farmácia, onde todos os médicos podiam abastecer-se gratuitamente. Com a finalidade de fundar uma colônia societária, moldada no sistema de Fourier, viaja para o Brasil e implanta uma colônia em Saí, Santa Catarina, encerrada poucos anos depois, por absoluto insucesso do empreendimento. Entretanto, continua o processo de propaganda da doutrina de Hahnemann e introduz a homeopatia no Brasil em 1840 e, com a fundação do Instituto Hahnemanniano do Brasil em 1845, inicia um processo de formação de inúmeros médicos homeopatas. Realiza as primeiras experiências em homem são no Rio de Janeiro, utilizando 36 substâncias de origem animal e vegetal, tais como, Pediculus capitis, piolho, Elaeis guineensis, coco de dendê, Mimosa humilis, malícia das mulheres, Cervus brasilicus, cervo, Guano australis, guano, Hippomane mancinella, mancenilha, Hura brasiliensis, assa-cu, Lepidium bonariense, mastruço, Solanum tuberosum aegrotans, batata inglesa em decomposição, Plumbago littoralis, picão da praia, Solanum oleraceum, juquerioba, Paullinia pinnata, timbó, Blatta americana, barata, Delphinus amazonicus, boto, Amphisboena vermicularis, cobra de duas cabeças, resina itu, Janipha manihot, mandioca, Melastoma Akermani, tapixirica, sedinha, Spiggurus Martini, porco-espinho, Jacaranda caroba, caroba, Tradescantia diuretica, trapoeraba, murure leite, Cannabis indica, haxixe, Petiveria tetrandra, erva de pipi, Convolvulus duartinus, erva- trombeta, Bufo sahytiensis, sapo da água, Aristolochia cymbifera, mil-homens, Crotalus cascavella, cascavel, Elaps corallinus, cobra coral, Canna angustifolia, imbiri, Hedysarum ildefonsianum, amor-do-campo, Myristica sebifera, ucuúba, Ocimum canum, alfavaca, Solanum arrebenta, arrebenta-cavalos e Anisum stellatum, aniz estrelado. Alguns binômios são oriundos da botânica farmacêutica e não seguem os princípios científicos, dificultando a identificação das substâncias utilizadas. Algumas experimentações foram interrompidas, em virtude das violentas intoxicações que ocorreram e que ameaçavam a vida dos experimentadores.

GALHARDO, José Emygdio Rodrigues:
1928 - História da Homoeopathia, no Brasil - in Livro do 1º Congresso Brasileiro de Homoeopathia - Instituto Hahnemanniano do Brasil - Rio de Janeiro - Brasil - pp. 267/1016.
MURE, Benoit-Jules:
1849 - Doctrine de l’École de Rio de Janeiro - Pathogénésie Brésilienne - Bailliere - Paris - 363 p.

11) ALMEIDA PINTO (1823-1871):
- Farmacêutico pernambucano formado em Paris, dono de farmácia em Recife, e que compilou a obra botânica publicada de Arruda Câmara.

PINTO, Joaquim de Almeida:
1873 - Diccionário da Botanica Brasileira - Sociedade Vellosiana - Rio de Janeiro - 432 p.

12) CAMINHOÁ (1835-1896):
- Médico e professor de botânica, formado no Rio de Janeiro. Autor de obra didática que resume a botânica do século XIX. Em sua tese de concurso para a cadeira de Botânica Médica, estudou as plantas tóxicas do Brasil. Registra inúmeras práticas medicinais populares em seu livro.

CAMINHOÁ, Joaquim Monteiro:
1871 - Das Plantas Tóxicas do Brasil - Tip. Perseverança - Rio de Janeiro - Brasil - 186 p.
1877 - Elementos de Botânica Geral de Médica - 3 Vol. - T. Nacional - Rio de Janeiro - 3167 p.

13) MARTIUS (1794-1868):
- Médico, zoólogo e botânico alemão, que dedicou a maior parte de sua vida ao estudo da flora brasileira. Coordenou uma equipe de botânicos para escrever a maior obra de botânica sobre o Brasil, a “Flora Brasiliensis”, terminada em 1906, após a sua morte. Das 10.000 descrições de espécies, pelo menos 5.939 eram novas para a ciência. Veio ao Brasil em 1817, juntamente com Spix, em expedição científica, que acompanhou a comitiva da arquiduquesa Leopoldina, futura esposa de D. Pedro I. Percorreu o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas. De todas as expedições científicas realizadas no Brasil, esta foi a mais ampla e a de mais profícuos resultados. Os seus trabalhos, conduzidos em boa parte, através de regiões inexploradas, lançaram muita luz sobre a geografia e a etnografia indígena de que colheram rico cabedal, com a organização de vocabulários de diversas línguas sul-americanas. Além disso estudou também as plantas medicinais, inclusive, as espécies utilizadas pelas tribos indígenas. Observou e experimentou inúmeras práticas médicas populares nas regiões por onde percorreu.

MARTIUS, Karl F. P. von:
1843 - Systema Materiae Medicale Vegetabilis Brasiliensis - Lpsiae. Frid. Fleischer - 156 p.
1823/1868 - Flora Brasiliensis - 15 Vol. - Munchen, Wien, Leipzig - Germany - 24.544 p.
1979 - Natureza, Doenças, Medicina, Remédios dos Índios Brasileiros - 2ª Ed. - C.E.N. - S. Paulo -183 p.
SPIX, Johann Baptiste von & Karl F. P. von MARTIUS:
1938 - Viagem pelo Brasil (1817-1820) - 3 Vol.- 1ª Ed. - Imprensa Nacional - Rio de Janeiro - Brasil - 1º v. 389 p. / 2º v. 332 p. / 3º v. 491 p.

14) MELLO MORAES (1816-1882):
- Médico formado na Bahia. Exerceu a medicina homeopática na Bahia e no Rio de Janeiro. Autor de inúmeras obras sobre história, homeopatia, medicina, gramática, política e literatura. Organizou, em formato de dicionário, obra em que reúne informações sobre práticas medicinais populares recolhidas pessoalmente e também de outros autores contemporâneos.

MORAES, Alexandre José de Mello:
1881 - Phytographia ou Botanica Brasileira - Ed. Garnier - Rio - 462 p.

15) CHERNOVIZ (1812-1881):
- Médico polonês, diplomado em Montpellier em 1837, e depois naturalizado brasileiro. Emigra para o Brasil em 1840 e inicia em 1841, após exercer a clínica durante 15 anos, uma série de manuais populares, que passou a representar o livro de referência das famílias da capital e principalmente do interior. O livro, que se atualizava, a cada edição, era um verdadeiro vade-mécum para as famílias, mas também para médicos, farmacêuticos e boticários do interior, que recorriam ao livro constantemente para solucionar problemas de saúde, onde podiam encontrar além das fórmulas magistrais, ilustrações de aparelhos médicos e cirúrgicos e indicações de estâncias de águas minerais no Brasil e no exterior. O “Chernoviz”, como ficou conhecido no Brasil, registrava os tratamentos alopáticos reconhecidos, mas também incluía receituário de plantas medicinais brasileiras, e de outros países, assim como, alcalóides e produtos químicos. A principal causa do sucesso das sucessivas edições do “Chernoviz” prendia-se à maneira como Chernoviz conseguia retratar a concepção artesanal, leiga e mágica da medicina, listando de forma abundante, fórmulas para a fabricação caseira de medicamentos ou para a encomenda em boticas. Além disso, eram apresentadas também medicações naturistas (banhos quentes ou frios, semicúpios, suadouros, inalações, etc.)

CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão:
1927 - Formulário e Guia Médico - 2 Vol. - 19ª Ed. - Andre Blot - Paris - 1475 p.

16) LANGGAARD (1813-1883):
- Médico dinamarquês, formado em Copenhague e em 1848 adquiriu nacionalidade brasileira, tendo exercido a clínica em Sorocaba e depois em Campinas. Langgaard veio ao Brasil em 1842 para estudar moléstias tropicais, mas, depois de conhecer o Brasil, decidiu se estabelecer definitivamente. Seus manuais revelavam um grande conhecimento de medicina, fisiologia e ciência natural, especialmente botânica, e um notável domínio da língua portuguesa, mas nunca conseguiu suplantar o sucesso do seu contemporâneo e concorrente, Chernoviz. Uma das razões de ter sido suplantado, teria sido o fato de não ter atualizado suas obras de acordo com sistema métrico, oficializado no Brasil em 1862. O livro relaciona um memorial terapêutico com a indicação abreviada dos meios empregados no tratamento das moléstias e um formulário com a descrição de plantas indígenas e européias, com suas respectivas ilustrações e produtos de natureza química, com suas respectivas indicações terapêuticas.

LANGGAARD, Theodoro:
1872 - Novo Formulário Médico e Farmacêutico - 2ª Ed. - Ed. Laemmert - Rio - 1220 p.

17) BARBOSA RODRIGUES (1842-1909):
- Botânico e antropólogo brasileiro. Participou de diversas expedições pacificadores de indígenas brasileiros, tais como, os crichaná, pariqui e aranagui. Publicou diversos livros sobre etnografia indígena e sobre lendas e línguas indígenas. Explorou a Amazônia, recolhendo material botânico e etnográfico. Especializa-se no estudo das famílias das palmáceas e das orquidáceas. Analisa a botânica indígena e reconhece a unidade e racionalidade da nomenclatura indígena. Estuda em profundidade o curare e desvenda os mistérios de sua manipulação e seus antídotos, definindo os diversos tipos de curare, produzidos de acordo com sua utilidade e com as sutis gradações de seus efeitos, colocando em evidência que a cultura indígena era bem mais profunda do que se imaginava até então. Foi nomeado Diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 1890, e realiza uma das melhores administrações da instituição.

RODRIGUES, João Barbosa:
1895 - Hortus Fluminensis - Typ. Leuzinger - Rio de Janeiro - 307 p.
1890 - Poranduba Amazonense ou Kochiyma-Uara Porandub - in Annaes Bibl.Nac. - Rio - 334 p.
1900 - As Heveas ou Seringueiras - Imprensa Nacional - Rio de Janeiro - 86 p.
1905 - Mbae Kaa Tapyiyeta Enoyndaua - Botânica e a Nomenclatura Indígena - Imprensa Nacional - Rio - 87 p.

          B) AUTORES  FUNDADORES

1) PECKOLT (1822-1912):
- Farmacêutico, botânico e fitoquímico alemão, naturalizado brasileiro. Emigrou para o Brasil em 1847, abrindo uma farmácia em Cantagalo (RJ), onde se estabeleceu. Sucessivamente estudou as plantas brasileiras de diversas famílias, observando as condições nas quais vegetavam e se multiplicavam, colhendo informações dos caipiras sobre as suas denominações populares, seu uso e suas propriedades medicinais. O herbário fornecia-lhe os recursos para a comparação morfológica das diferentes espécies e no laboratório aprofundava o trabalho, dando informações detalhadas sobre a composição química das plantas medicinais, seus alcalóides e outras substâncias extrativas. Mais tarde, muda-se para o Rio de Janeiro e funda a Farmácia e Drogaria Peckolt. Publicou inúmeros trabalhos de botânica e química em diversas revistas estrangeiras e brasileiras. Somente em Cantagalo, estudou durante 8 anos, a análise quantitativa e qualitativa de cerca de 3000 plantas. Após a sua morte, seus filhos e netos continuaram suas pesquisas sobre a flora brasileira, publicando, em ordem de família, a história das plantas medicinais. Não existe no mundo, outro exemplo de naturalista, versado igualmente em estudos botânicos e químicos, que tão profundamente tivesse estudado e esclarecido por investigações próprias, o estudo econômico, farmacêutico e químico de qualquer flora tropical.

PECKOLT, Theodor & Gustavo:
1888/1914 - Historia das Plantas Medicinaes e Uteis do Brazil - Ed. Laemmert - Rio - 1369 p.

2) D’ÁVILA:
- Médico brasileiro. Pouco sabemos a seu respeito. Apenas que desenvolveu trabalho pioneiro, no Rio Grande do Sul, recolhendo práticas medicinais populares na região e defendeu tese apresentada à Faculdade de Medicina.

D’ÁVILA, Manoel Cipriano:
1910 - Da Flora Medicinal do Rio Grande do Sul - These apresentada à Faculdade de Medicina e Pharmacia de Porto Alegre - Brasil - 155 f.

3) MONTEIRO DA SILVA:
- Médico brasileiro, formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e fundador do Laboratório da Flora Medicinal em 1912, situado atualmente na Rua Barão de Petrópolis no Rio de Janeiro. Ainda estudante de medicina, no Rio de Janeiro, percorria as florestas virgens do rio Itabapoana e do rio Doce, pesquisando plantas medicinais e recolhendo práticas médicas populares junto aos mateiros, raizeiros e indígenas da região. A partir de seus estudos, começou a escrever nos jornais, artigos através dos quais enaltecia o valor medicinal, econômico e inclusive farmacêutico das plantas brasileiras. Em virtude de seu entusiasmo, um leitor assíduo dos seus artigos, acabou oferendo recursos para fundar em 1912, o primeiro laboratório de plantas medicinais do Rio de Janeiro, com o objetivo de suprir o mercado, ainda desprovido de fornecedores confiáveis. Mesmo antes da fundação do Laboratório, o Dr. Monteiro da Silva, fazia intensa propaganda no exterior sobre as virtudes das plantas da flora brasileira, publicando artigos em francês e inglês, assim como viajando para o exterior, para ministrar palestras e conferências sobre a flora medicinal. Como resultado desse intenso e dedicado trabalho, o Laboratório se tornou conhecido em todo o Brasil e passou a exportar cada vez mais para o exterior, para países, como os EUA, Japão, Canadá, França, Inglaterra, etc. Mais tarde, através de fazenda em Mimoso do Sul (ES), organiza uma rede de coletores de plantas para fornecer insumos para seu laboratório e a partir da farmácia situada na Rua Sete de Setembro, no Rio de Janeiro, abre vários consultórios aos médicos que prescreviam fitoterápicos. Em outubro de 1934, inicia uma publicação mensal, a “Revista da Flora Medicinal”, de distribuição gratuita aos clientes da farmácia, editada regularmente até junho de 1953 e que reunia artigos de médicos, botânicos e farmacêuticos, tais como Hoehne, Silva Araujo, Jayme Cruz, Sebastião Barroso, Ezequiel Brito, Peckolt, Oswaldo Costa, Freise, Kuhlmann, Floriano de Lemos, Liberalli, Virgílio Lucas, Othon Machado, Ruben de Paula, Bento Pickel, A. J. Sampaio, Angely, Rodolpho Albino, Argonauta Sucupira e Ochioni.

SILVA, José Ribeiro Monteiro da:
1910 - Flore Médicale Brésilienne - Ed. du “Messager de S. Paulo” - São Paulo - Brasil - 101 p.
1911 - Contribuição para o Estudo da Flora Brazileira - J. do Commercio - Rio - Brasil - 159 p.
1923 - Plantas Medicinaes e Industriais - Ed. do Autor - Rio - Brasil - 164 p.
1950 - A Flora Medicinal em seu Lar - J. Monteiro da Silva & Cia. - Rio de Janeiro - 99 p.
1951 - O Brasil e suas Possibilidades - Ed. do Autor - Rio - Brasil - 174 p.

4) ALFREDO DA MATTA (1870-1954):
- Médico, formado pela Faculdade de Medicina da Bahia. Autor de diversas obras sobre a amazônia, exerceu a clínica em Manaus e dedicou-se ao estudo da flora amazônica. Sua obra se destaca, porque é o resultado de uma longa experiência clínica com plantas medicinais utilizadas popularmente. O livro que escreveu sobre a flora amazônica, registra o nome vulgar, nome científico, a sinonímia, a família botânica, os caracteres gerais da planta, a composição química, a parte empregada, as indicações terapêuticas, farmacologia e posologia. Reconhecia a necessidade de investigações realizadas do ponto de vista da química-fisiológica, da farmaco-dinâmica e da farmaco-terapia, com o concurso do botânico, do químico e do clínico. Talvez tenha sido o primeiro pesquisador a reconhecer a necessidade do trabalho interdisciplinar no estudo das plantas medicinais. Dedicou-se também aos estudos folclóricos e às línguas indígenas. Em 1937 foi eleito senador da república.

MATTA, Alfredo Augusto da:
1913 - Flora Medica Braziliense - Imprensa Oficial - Manaus - Brasil - 318 p.
1916 - Geografia e Topografia Médica de Manaus - Renaud - Manaus
1937 - Vocabulário da Região Amazônica - Manaus

5) DIAS DA ROCHA (1869-1960):
- Farmacêutico e professor, nascido em Fortaleza (CE). Em 1898, abandona as atividades comerciais para se dedicar exclusivamente ao estudo das ciências naturais. Em 1916, quando foi fundada a Faculdade de Farmácia e Odontologia do Ceará, foi convidado para reger a cadeira de história natural dessa faculdade. Dias da Rocha foi a um só tempo professor e aluno, pois se matriculou no curso de farmácia, colando grau após a conclusão do curso da primeira turma. Passou a lecionar as disciplinas de botânica agrícola, botânica sistemática, zoologia agrícola, entomologia e parasitologia agrícola (fitopatologia) na Escola de Agronomia do Ceará. Em 1884, inicia uma coleção de história natural e arqueologia que veio a constituir mais tarde o Museu Rocha, tornando-se referência para cientistas estrangeiros e nacionais interessados no estudo do nordeste brasileiro. No início, as coleções zoológicas, botânicas e minerais eram desprovidas de orientação sistemática. Entretanto, com o estudo e a perseverança de um autêntico autodidata e, apesar da carência bibliográfica, conseguiu dar ao museu uma organização de natureza científica. Manteve correspondência com instituições científicas estrangeiras e nacionais. Dias da Rocha era também homeopata, apesar de não ser médico, e exercia a clínica em sua residência, atendendo vasta clientela, composta de gente pobre. Receitava gratuitamente e às vezes fornecia o remédio. Tratava especialmente de crianças. Seu estudo sobre plantas medicinais cearenses, registra o nome vulgar, o nome científico, a família, o princípio ativo, a parte empregada, as propriedades terapêuticas e a posologia. As indicações e a posologia parecem resultado de sua própria experiência pessoal.

ROCHA, Francisco Dias da:
1919 - Botânica Médica Cearense - Ed. do Autor - Fortaleza - Brasil - 144 p.
1947 - Formulario Terapêutico de Plantas Medicinais Cearenses - Fortaleza - Brasil - 260 p.
MATOS, Francisco José de Abreu:
1997 - O Formulário Terapêutico do Professor Dias da Rocha - Ed. U.F.C. - Fortaleza - 258 p.

6) PIO CORREA (1874-1934):
- Naturalista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Autor do maior dicionário de plantas úteis do Brasil, Pio Correa começou a escrevê-lo em 1906, publicando o primeiro volume em 1926 e o segundo em 1931, através do Ministério da Agricultura. Após a sua morte, o botânico Leonam de Azevedo Penna se encarregou de terminar os 4 volumes restantes, publicados muitos anos depois. Viajando pelo Brasil, mas também por outros continentes, pode recolher os dados necessários para a confecção do dicionário, percorrendo cerca de 1100 quilômetros, somente no Brasil. O dicionário descreve em ordem alfabética de nome vulgar, as espécies consideradas úteis, com os respectivos nomes científicos e sua sinonímia, suas virtudes terapêuticas já comprovadas ou apenas apontadas ao estudo por químicos e fisiologistas, propriedades alimentares para o homem ou forrageiras para os animais, o histórico das plantas econômicas, as superstições a que porventura estejam associadas, dados de fitopatologia, toxidez e a sinonímia vulgar no Brasil e no exterior. Em muitos casos, entretanto, especialmente na obra escrita após a sua morte, foram incluídos verbetes com utilidade econômica ou medicinal desconhecida, fato que confirma a natureza incompleta da obra. Ainda assim, é obra de consulta imprescindível para o estudo da flora brasileira.

CORREA, Manuel Pio:
1926/1975 - Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas - 6 v. - M. Agr. - Rio de Janeiro - Brasil - 747/707/646/765/687/777.

7) BERTONI (1857-1929):
- Médico e etnólogo suíço, que chegou ao Paraguai em 1880. Promoveu um levantamento dos conhecimentos botânicos dos guarani à época da conquista e chegou à conclusão de que os seus feiticeiros sabiam muito mais do que os europeus, naquele tempo, em matéria de botânica médica. A importância desses conhecimentos indígenas refletir-se-ia na moderna botânica, em cuja nomenclatura, depois do grego e do latim, é o grupo linguístico tupi-guarani o que mais empresta designações. Em sua volumosa obra sobre a civilização guarani, descreveu a higiene e a medicina guarani, concluindo que a longevidade desses povos era maior do que a longevidade européia e eram resultado de práticas higiênicas avançadas oriundas dos costumes tradicionais guaranis. Talvez Bertoni tenha construído a análise mais profunda sobre a medicina guarani, fazendo comparações com os diferentes textos dos cronistas do descobrimento e avaliando ele mesmo os resultados obtidos nos indivíduos contemporâneos, que viviam no território paraguaio. Estudou inúmeras plantas da medicina guarani, demonstrando conhecimento profundo de botânica e dos autores brasileiros e latino-americanos. Segundo Bertoni, deve-se aos guarani, a descoberta do critério genérico na denominação de vegetais e animais, muito antes de Linneu e que enumeram 1100 gêneros botânicos e mais de 40 famílias botânicas, correspondentes às famílias estabelecidas na Europa no século XVIII. Bertoni reconhece também que até mesmo plantas exóticas aqui introduzidas tiveram suas propriedades descobertas pelos povos guarani.

BERTONI, Moises Santiago:
1927 - La Civilización Guarani - Parte III - La Higiene Guarani - La Medicina Guarani - Ex Sylvis - P. Bertoni - 531 p.
1956 - La Civilización Guarani - Parte II - Religión y Moral - Ed. Indoamericana - Buenos Aires - Argentina - 240 p.

8) RODOLPHO ALBINO (1889-1931):
- Farmacêutico e botânico brasileiro, formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Autor da 1a. edição do Código Farmacêutico Brasileiro, editado em 1929. Durante 12 anos, Rodolpho Albino dedicou-se sozinho a elaboração da Farmacopéia. Passava seus momentos de folga no Jardim Botânico à colheita de amostras e exemplares da flora brasileira, redigindo textos e nos exames ao microscópio, desenhando cortes. A Farmacopéia foi dividida em duas partes: a primeira, precedida do Prefácio, comporta o estudo detalhado das drogas, das preparações oficinais, dos soros, vacinas, etc. A segunda contém as listas dos reativos, os processos gerais de caracterização das drogas, de seu doseamento, as tabelas de densidades de ácidos e lixívias alcalinas, a lista de substâncias tóxicas e o índice geral. A parte referente às preparações oficinais foi cuidadosamente adaptada às nossas necessidades, ao nosso clima, etc. sendo mais desenvolvida do que em qualquer outra das grandes farmacopéias estrangeiras. A parte, porém, mais importante é a que se refere à farmacognosia, isto é, ao estudo das drogas simples de origem vegetal e animal.

SILVA, Rodolpho Albino Dias da:
1929 - Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil - C.E.N. - São Paulo - Brasil - 1145 p.

9) SILVA ARAUJO:
- Laboratório farmacêutico fundado em 1871 no Rio de Janeiro por Luiz Eduardo da Silva Araujo. Desde o início, destacou-se pela publicação de catálogos de extratos fluidos, com a descrição em ordem alfabética de plantas medicinais nativas e também do exterior. As drogas que figuram nas sucessivas edições dos catálogos foram colocadas em ordem alfabética dos seus nomes habituais, com os seguintes itens: classificação botânica, sinonímia científica e vulgar, parte usada, constituintes químicos principais, formas farmacêuticas habituais, usos farmaco-terapêuticos, posologia da droga e das preparações, produtos oficinais do próprio laboratório e aplicações possíveis destes produtos no fabrico de outros. Apesar dos avanços e das descobertas da biomedicina, sempre defenderam o uso e a eficácia do complexo ativo contido nas plantas. Alegavam que o extrato total obtido, ainda que através de processos artesanais, nos decoctos e nos infusos das ervas terapêuticas, não contém apenas o princípio ativo mais eficaz, mas também outras substâncias que corroboram e corrigem sua ação e que, para a terapêutica moderna, é preferível esse extrato total à uma substância isolada, ainda que a mais ativa de todas seja aquela que dá a característica farmacodinâmica do medicamento.

ARAUJO, Julio Eduardo da Silva & Virgílio LUCAS:
1930 - Catalogo de Extractos Fluidos dos Laboratórios Silva Araujo - Rio - Brasil - 185 p.
COIMBRA, Raul (1905-1979):
1958 - Notas de Fitoterapia - Catálogo dos Dados Principais sobre Plantas Utilizadas em Medicina e Farmácia - Lab. Clín. Silva Araujo - Rio - 427 p.

10) FREISE:
- Naturalista alemão, radicado em São Paulo. Seu livro original sobre plantas medicinais brasileiras, escrito durante um período de 20 anos, registra 426 plantas que conseguiu identificar botanicamente e além disso realizou análises químicas ou observações farmacológicas. O livro é organizado em ordem alfabética de nome vulgar, e cada planta contém a diagnose botânica resumida, a identificação científica e a família, com a respectiva sinonímia, a parte usada, os constituintes e a posologia, quase sempre, resultado de observações próprias. Pelas plantas que estudou, admite-se que tenha percorrido todas as regiões brasileiras.

FREISE, Frederico W.:
1933 - Plantas Medicinaes Brasileiras - in Bol. de Agric. - nº 34 - S. Paulo - Brasil - pp. 252/494.

11) SÃO PAULO:
- Médico e professor da Faculdade de Medicina da Bahia. O Professor São Paulo escreveu um livro de indiscutível importância, servindo de ponto de apoio a todos aqueles que desejam entender a fala popular à respeito da saúde e da doença. Consultando obras clássicas, anotando livros especializados, recorrendo à literatura de cordel, colhendo achegas na tradição oral, ouvindo doentes do Hospital Santa Isabel, traduzindo palavras para o entendimento do médico, quase sempre alheio ao linguajar popular. Trabalho erudito e útil, fruto de muitos anos de criteriosa e acurada pesquisa, este livro reúne um imenso material, válido não apenas como documentário folclórico, mas também igualmente como fonte de ensinamento para jovens médicos, que nele encontrarão meios seguros de melhor comunicação com populares, cuja terminologia de doenças e sintomas nem sempre está presente nos manuais versados nas faculdades de medicina.

SÃO PAULO, Fernando:
1936 - Linguagem Médica Popular no Brasil - 2 Vol. - Barreto & Cia - Rio - Brasil - 384 p.
1970 - Linguagem Médica Popular no Brasil - 2ª Ed. - 2 Vol. - Ed. Itaipu - Salvador - 384 p.

12) RAMON PARDAL:
- Médico, da Sociedade Argentina de História da Medicina, estudioso da medicina americana primitiva. Estuda em seu livro a arte de curar do índio e a medicina primitiva, a magia médica, a medicina tupi-guarani, araucana, dos índios do antigo Peru, do antigo México, a patologia e a cerâmica do Peru e a trepanação do crânio no antigo Peru. Estuda também as drogas dinamógenas, estupefacientes e ilusiógenas e a utilização de drogas americanas na medicina moderna. Pardal considera que os conceitos terapêuticos indígenas e até mesmo as drogas tiveram uma intensa circulação entre as diferentes etnias, mas também para fora do continente antes mesmo da conquista. Contesta as equiparações da nomenclatura indígena com a botânica científica, promovendo com isso, uma crítica aos exagerados autores amplificadores da sabedoria indígena. Define com precisão o conceito de aquisição de força mágica por meio de abstinências e penitências, que chega em alguns casos a uma regulamentação de um noviciado rigoroso, aspirante ao sacerdócio, pensamento de natureza mágica que se desenvolve em todo o mundo e ocorre também em religiões como o islamismo ou o catolicismo. Analisa também a utilização de drogas com referencial religioso, que recebem seu poder curativo de atribuição divina, fato freqüente no continente americano.

PARDAL, Ramon:
1937 - Medicina Aborigen Americana - Ed. J. Anesi - Buenos Aires - Argentina - 377 p.

13) HOEHNE (1882-1959):
- Botânico brasileiro, nascido em Juiz de Fora (MG). Desde cedo interessado pela Botânica, iniciou sua vida de funcionário público no cargo de jardineiro-chefe do Museu Nacional, em 1907. Nesse mesmo ano acompanhou Rondon, chefe da Comissão de Linhas Telegráficas e Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas, como ajudante de botânico, embora nessa comissão não figurasse nenhum botânico, de quem Hoehne devesse ser o ajudante. Desde então, dedicou-se ao estudo botânico do imenso material colhido nas expedições que se sucederam, que lhe possibilitou a descrição de novos gêneros e espécies, num total que ultrapassa a casa dos 400. Desde 1915 até a publicação de sua autobiografia em 1951, tinha uma lista de mais de 500 artigos de divulgação, cerca de 50 conferências, além de uma centena de trabalhos, monografias e interpretações científicas, especialmente de botânica sistemática. Além disso publicou inúmeros livros sobre plantas brasileiras usadas na medicina popular, além de estudos de plantas tóxicas para o gado e para o homem. Participou de inúmeras viagens e expedições botânicas pelos seguintes estados: Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Publicou também inúmeros volumes da “Flora Brasílica”, projeto infelizmente inacabado, que pretendia abranger toda a flora brasileira. Diretor do Departamento de Botânica do Estado de São Paulo em 1942. Pelo valor e dimensão de sua obra, Hoehne talvez tenha produzido a obra de botânica mais importante desse século, pela seriedade, abrangência e sobretudo por ter avaliado a prática médica popular com objetividade.

HOEHNE, F. C.:
1920 - Vegetaes Anthelmínticos ou Enumeração dos Vegetaes Empregados na Medicina Popular como Vermífugos - Weiszflog Irmãos - São Paulo - Brasil - 231p.
1920 - O que Vendem os Herbanários da Cidade de São Paulo - Serv. San. Est. de S.Paulo - 248 p.
1937 - Botânica e Agricultura no Brasil (Século XVI) - C.E.N. - São Paulo - 410 p.
1939 - Plantas e Substâncias Vegetais Tóxicas e Medicinais - Dpto. de Botânica - S. Paulo - 355 p.
1946 - Frutas Indígenas - Secr. de Agric. - São Paulo - Brasil - 87 p.

14) Pe. RAULINO REITZ (1919- ):
- Botânico e Diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em seu estudo sobre as plantas medicinais de Santa Catarina, figuram as plantas em ordem de nome vulgar, com os seguintes itens: sinônimos, classificação botânica, fitografia, fitogeografia, registro no Herbário Barbosa Rodrigues (Itajaí (SC), parte usada, constituição química, formas farmacêuticas, usos farmacêuticos e modo de emprego. Trabalho original que registra a experiência do autor com as plantas estudadas.

REITZ, Pe. Raulino:
1950 - Plantas Medicinais de Santa Catarina - in Anais Botânicos do Herbário Barbosa Rodrigues (Sellowia) - Itajaí (SC) - Brasil - 2(2): 71-116

15) SEBASTIÃO BARROSO:
- Médico fitoterapeuta brasileiro. Exerceu a clínica no Rio de Janeiro e junto ao Laboratório da Flora Medicinal, escrevendo inúmeros artigos sobre fitoterapia na Revista da Flora Medicinal, editada pelo laboratório. Participou também da Sociedade Panvermina, no Rio de Janeiro, que tinha como finalidade combater as verminoses no Brasil. Atuou também nos serviços de profilaxia rural no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e na Bahia. Seus artigos através da revista consolidam e defendem teoricamente a fitoterapia no Brasil em contraposição à terapêutica de natureza química, ou de princípios ativos isolados e sintetizados a partir do reino vegetal. Possuidor de sólida cultura médica, defendia com entusiasmo os princípios da fitoterapia.

BARROSO, Sebastião M.:
1934 - Vermes Intestinaes - 2ª Ed. - Soc. Panverm. - Rio de Janeiro - Brasil - 189 p.
1953 - Fitoterapia - Medicina Científica - Lab. da Flora Medicinal - Rio - 95 p.

16) CRUZ, G. L. (1888- ):
- Brasileiro, nascido em Curvelo e fundador do Laboratório Vegetal Rodomonte em Juiz de Fora e em Belo Horizonte. Publicou em 1965, o dicionário de plantas medicinais do Brasil que é o resultado de grande trabalho e esforço empregado no sentido de estimular o aproveitamento de uma das maiores riquezas do país: a flora medicinal. Apesar de cego, dedicou-se desde 1932 à industrialização de plantas medicinais. Além de dominar todo o processo industrial de produção de ervas e fitoterápicos, estudou a bibliografia clássica sobre a flora e além disso, manteve contato constante com raizeiros e mateiros que lhe ajudavam a localizar as plantas e esclarecer questões relacionadas com a nomenclatura e a terapêutica. Apesar da importância do livro, a parte botânica carece de revisão já que os binômios se encontram, em grande parte, desatualizados.

CRUZ, G. L.:
1965 - Livro Verde das Plantas Medicinais e Industriais do Brasil - 2 vol. - Lab. Rodomonte - Belo Horizonte - Brasil - 863 p.
1982 - Dicionário das Plantas Úteis do Brasil - 2ª Ed. - Ed. Civilização Brasileira - Rio - 599 p.

17) FLORIANO DE LEMOS (1885-1968):
- Médico naturista brasileiro, formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Exerceu a clínica em Minas Gerais, Cuiabá, São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi também professor de fisiologia da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ouro Preto e de ciências naturais da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Estudioso de botânica médica e autor de diversos livros, científicos, médicos e literários. Foi também defensor destacado do naturismo ou vegetarianismo, atuando como jornalista, incessantemente, durante 50 anos nos jornais da capital, defendendo os métodos da trofoterapia, da helioterapia, da fitoterapia e da hidroterapia, em prol dos grandes ideais da regeneração humana. Desenvolveu pesquisas no sentido de prevenir o câncer, através de exames de urina, baseado na fórmula de Gaube du Gers.

LEMOS, Floriano de:
1970 - O Câncer Doença da Civilização - Prevenção e Cura - Ed. Germinal - Rio - 199 p.

18) WALTER MORS (UFRJ):
- Químico brasileiro, especialista em fitoquímica. Dirigiu a Seção de Química Vegetal do Instituto de Química Agrícola. Cientista dedicado ao estudo de nossa flora, destacando-se por reconhecer a sabedoria profunda do ameríndio acumulada através dos séculos por diferentes etnias brasileiras e latino-americanas. Segundo Mors, grande parte das plantas usadas pelos indígenas tiveram ponderável atividade farmacodinâmica, revelada à luz da experimentação exata nos laboratórios.

RIZZINI, Carlos Toledo (1921-1992) e Walter B. MORS:
1976 - Botânica Econômica Brasileira - EPU/EDUSP - São Paulo - 207 p.

19) ORESTES SCAVONE (USP):
- Professor da USP e estudioso da fitoterapia no Brasil.

SCAVONE, Orestes:
1981 - Plantas Tóxicas - 2ª Ed. - USP - São Paulo - 128 p.

20) BOURDOUX (1876-1963):
- Missionário francês, estudioso da flora brasileira. Chegou no Brasil em 1905 e se radicou em Mato Grosso. Desenvolve pesquisas e começa a produzir em Poconé, fitoterápicos denominados “Poconéol”, preparados com plantas oriundas da flora amazônica. Em seu livro, publicado 20 anos após a sua morte, registra 130 plantas medicinais que são ingredientes dos inúmeros complexos numerados “Poconéol”. Manteve contato com caboclos e indígenas da região e recolheu suas tradições multi-seculares. Estudou a maioria dos livros editados no Brasil sobre a flora medicinal, nos últimos 40 anos. Através de suas viagens para a Grécia, Canadá, México, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Angola e Índia, pôde fazer comparações entre as práticas médicas populares dos países visitados e a experiência de Mato Grosso, chegando à conclusão que havia uma convergência surpreendente entre elas. Segundo ele, existe uma similitude entre as composições químicas e os efeitos terapêuticos destas plantas sob todos os céus, com certas particularidades, devidas ao terreno, ao clima, ao meio-ambiente. Entretanto chama a atenção que as virtudes medicinais excepcionais da flora amazônica são devidas às temperaturas tropicais, à espessura da camada de húmus (1,50 m. em Poconé) e à irrigação abundante.

BOURDOUX, Pe. Jean-Louis:
1983 - Plantes Médicinales de la Flore Amazonienne - Delmas -Art. p. Bourdeaux - France - 256 p.

21) PANNIZZA:
- Farmacêutico bioquímico, formado em 1963 pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade de São Paulo e professor universitário na área de plantas medicinais e suas aplicações assim como sobre plantas tóxicas. Atua também pela televisão, produzindo e apresentando o quadro “Cheiro de Mato” do programa “Dia a Dia” da TV Bandeirantes. Seu livro mais importante e de grande aceitação popular foi elaborado no intuito de concretizar uma obra essencialmente didática, objetiva e de fácil acesso a todos, expondo a melhor forma de utilizar e preparar, de modo simples e prático, remédios de origem vegetal. Com o aumento do consumo de medicamentos naturais, houve também uma crescente utilização das plantas medicinais, por vezes de forma indiscriminada e até mesmo abusiva, o Prof. Pannizza sentiu a necessidade de elaborar um compêndio que descrevesse de forma clara, a melhor forma de utilização dos medicamentos de origem vegetal, sempre com o objetivo de preservar o bem-estar do paciente. Na verdade, seu livro tem o grande mérito de transcender o mundo acadêmico, hermético e pouco acessível à maioria das pessoas, sem desviar-se do rigor do conhecimento científico.

PANNIZZA, Sylvio:
1998 - Plantas que Curam (Cheiro de Mato) - 4ª Ed. - Ibrasa - São Paulo - 279 p.

22) FRANCISCO MATOS (1924- ):
- Farmacêutico-químico, formado pela Faculdade de Farmácia e Odontologia do Ceará em 1945 e Doutor em farmacognosia. Criador do Projeto Farmácias Vivas, sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. Segundo o Prof. Matos, a utilização de plantas medicinais nos programas de atenção primária de saúde pode se constituir numa forma muito útil de alternativa terapêutica, por sua eficácia aliada a um baixo custo operacional, dada a relativa facilidade para aquisição das plantas e a compatibilidade cultural do programa com a população atendida. A adoção desse recurso é especialmente útil no atendimento às comunidades onde a assistência médico-farmacêutica tenha-se mostrado difícil, como ocorre no Nordeste, região onde os níveis de mortalidade têm-se mantido acima da média nacional. Estas diferenças, embora resultantes de fatores econômicos e culturais, podem ser atenuadas com a melhoria da eficiência das ações primárias de saúde através do emprego judicioso das plantas medicinais de uso regional, devidamente validadas, conforme preconiza a Organização Mundial da Saúde. O desenvolvimento do projeto, até alcançar os níveis atuais, foi suportado pelo aproveitamento das informações científicas sobre plantas da região Nordeste, resultantes dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos durante as décadas de 60, 70 e 80, pelos grupos de botânica sistemática, farmacognosia, química orgânica e farmacologia da U.F.C., que formam ainda hoje, a estrutura de suporte acadêmico do projeto.

MATOS, Francisco José de Abreu:
2000 - Plantas Medicinais - Guia de Seleção e Emprego de Plantas Usadas em Fitoterapia no
Nordeste do Brasil - 2ª Ed. - Imprensa Universitária - UFC - Fortaleza - Brasil - 344 p.
1997 - O Formulário Terapêutico do Professor Dias da Rocha - 2ª Ed. - UFC Edições - Fortaleza - Brasil - 258 p.
1994 - Farmácias Vivas - 2ª Ed. - E.U.F.C. - Fortaleza - 179 p.
1988 - Introdução à Fitoquímica Experimental - Edit. da UFC - Fortaleza - 126 p.

23) WALTER ACCORSI (ESALQ):
- Botânico da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), estudioso de fitoterapia brasileira.