PELO TÚNEL DO TEMPO, UMA SAÚDE MORIBUNDA

OPINIÃO

Antes de começar a escrever, a julgar que ainda uso dum legítimo direito de opinião cidadã, esclareço que vou me ater a apenas comentar uma reportagem mostrada ontem pela televisão, provavelmente em cadeia nacional,(e internacional!) pela qual fiquei perplexa.

Perplexa talvez seja o melhor adjetivo que encontrei para tentar expressar todo o meu espanto.

Primeiramente nos mostraram o estado da saúde PÚBLICA básica dum município do norte do país, que confesso, não me recordo o nome e nem o Estado ao qual ele pertence.

Mas basta saber que é gente nossa, sofrendo absurdo e lamentável distrato na saúde.

Devemos lembrar que há várias formas de se omitir socorro e também de se cometer negligência gerencial em todos os setores de utilidade pública da sociedade.

Pois bem, o cenário mostrado é caótico e a meu respeitoso e assustado ver, talvez configure crime pelo código penal.

E o que vimos ali é gravíssimo.

Uma unidade básica de saúde aos pedaços, sem médicos, atendia a população muito necessitada numa mínima equipe formada por enfermeiros, ou talvez auxiliares de enfermagem e alguns agentes de saúde.

Pela IMAGEM mostrada pelo vídeo, tive a impressão de que alguém prescrevia os pacientes , quero dizer, elaborava receitas.

Ora, até onde eu entendo, qualquer um que faça consultas e emita receitas sem estar devidamente habilitado para tal, pratica o crime de exercício ilegal da Medicina.

Ou o tal código foi mudado por medida provisória, quando se trata de atendimento aos mais carentes, em nome do populismo?

Porém, mesmo na melhor das boas intenções, alguém poderia alegar que o "fim justifica o meio", posto o estado emergencial (social e sanitário!) no qual aquelas pessoas se encontravam.

Aliás, se me permitem os gerentes de tudo, com licença, a maior das nossas urgências é a da CIDADANIA.

Ela sózinha resolveria metade dos nossos graves problemas!

Mas a barbaridade não parou por ali.

Depois da "reportagem-denúncia" da imprensa, o secretário da saúde do Estado foi entrevistado e arguido do porquê daquela situação ele se explicou brilhantemente:" O caos da saúde não é privilégio do nosso Estado".

Sinceramente, eu nunca ouvi uma declaração tão verdadeira, tão simples, e tão assustadora".

Os absurdos já não nos chocam mais. Nossa sociedade está petrificada, infelizmente.

Houve uma época, que não foi a minha, a minha mãe é quem me relata tal fato, em que grande parte do professores e dos dentistas da cidade dela, um cidadezinha do interior de São Paulo, eram chamados de profissionais "leigos". Década de quarenta.

Pois bem, ao que parece voltamos no tempo, embora jurem que nele avançamos !

Para quê formar um médico com no mínimo dez anos de estudo universitário para servir à sociedade, não é mesmo?

Para um país como o nosso sai caro demais!

E professores, para quê? Se hoje o caminho para quem não se gradua em nada é bem mais fácil e menos oneroso, inclusive para se conseguir ser o tudo que se quiser!

Inclusive político. Esses que dizem que se o caos é total...não há como se queixar dum caos seguimentar! Na política, se sairá melhor quem melhor souber justificar os absurdos, a falar o errado na hora certa.

Então, leigamente sejamos todos um pouco de tudo! Professores, advogados juízes, dentistas, artistas, presidentes, e sem sombra de duvidas... políticos.

E já que a saúde agoniza emergencialmente, sejamos inclusive todos muito de médicos! Um mutirão de médicos leigos!

Afinal de médico e de louco todo mundo não tem um pouco, mesmo?

E depois não vão dizer que fui eu quem disse. Não fui não, isso é um dito popular e por aqui está mais do que provado que a voz do povo é a voz de Deus!

A mesma voz do povo que enaltece e mantém seus ídolos que já sequer descem dos pedestais para disfarçar o seu próprio caos.

Lamentável. Essa é a nossa imagem que percorre o mundo...