Compreendendo o Suicídio

O suicídio é um ato que desde os tempos mais remotos aflige e deixa a humanidade perplexa. Segundo o filosófo Albert Camus “Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder a questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três ou quatro dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vêm em seguida.” Está visão de Camus nós dá uma idéia de como é importante compreender os motivos que levam um ser humano a findar com sua própria existência. O tema do suicídio é recorrente de vários estudos, apesar de ser um tema difícil e obscuro da condição humana, deve ser tratado como um sério problema de saúde pública. O suicídio é definido pela CID-10 como um óbito derivado de “lesões auto-provocadas intencionalmente” por diversos métodos (CID-10, 1993). Etimologicamente a palavra suicídio tem suas origens no latim Sui = si mesmo e Caedes = ação de matar. É a morte auto-inflingida, provocada por um ato voluntário e intencional. A palavra suicídio, como a conhecemos, foi utilizada originalmente pelo francês Desfontaines, em 1737, para significar “o assassinato ou morte de si mesmo”. Segundo dados da organização mundial de saúde, a questão do suicídio vem se agravando nos últimos anos, fato que pode ser comprovado pelo número de mortes auto-infligidas em termos globais, que para o ano de 2003 girou em torno de 900.000 pessoas. No Brasil as taxas de suicídio são consideradas baixas, variando entre 3,9 a 4,5 para cada 100 mil habitantes, mas, por ser um pais populoso está entre os dez primeiros em números absolutos de suicídios. A psicologia representa um papel fundamental na compreensão do suicídio. Em Além do Princípio do Prazer (1920), Sigmund Freud desenvolve a idéia de pulsão de vida (Eros) e pulsão de morte (Tânatos); onde Eros é apresentada como sendo a pulsão responsável pelos instintos de conservação; enquanto Tânatos, por sua vez, seria a pulsão responsável pelos instintos destrutivos. Pode-se levantar a hipótese de que um grave desequilíbrio entre a pulsão de vida e a pulsão de morte é um fator que influencia na questão do suicídio. O comportamento suicida pode ser dividido nas seguintes situações: Ideação suicida: é a motivação intelectual que leva ao suicídio. Ato suicida: é uma alteração na conduta do indivíduo, que faz com que ele aja, intencionalmente buscando provocar a própria morte. Tentativa de suicídio: é a situação onde o indivíduo não morre em decorrência do ato suicida. Risco de suicídio: é a probabilidade de que a ideação suicida leve ao ato suicida. O profissional de psicologia deve estar atento a questão do suicídio, pois ele pode exercer um papel fundamental no que concerne a sua compreensão e prevenção, quer seja atuando como um agente desmistificador do ato suicida e trabalhando na sua prevenção, quer seja atuando como um canalizador do discurso, criando canais terapêuticos que auxiliem indivíduos potencialmente suicidas, ou que já tentaram suicídio a encontrar outros meios para expressar a sua dor.

Referencias bibliográficas:

FREUD, Sigmund. Além do princípio do prazer. In:Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Trad. de Jayme Salomão et al. Vol. 23. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

LAPLANCHE, J & PONTALIS J.Vocabulário de Psicanálise. 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. CID-10, EDUSP, São Paulo, 1993.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Prevenção do Suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, OPAS, UNICAMP. 2006.

Washington M Costa
Enviado por Washington M Costa em 01/09/2010
Código do texto: T2472483
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