Vivendo a Vida de Verdade

Muitos poderiam se sentir muito mais felizes e bem consigo mesmos se simplesmente não vivessem todos os seus momentos a espera que algo extraordinário aconteça. A preocupação consome uma existência muito mais do que se consiga imaginar. Considero-a o inimigo número um da felicidade. Poderíamos extrair muito mais da vida se não fosse a tendência viciosa de darmos guarida a este inimigo impertinente sempre prestes a nos tirar o sossego e a paz verdadeira.

Acho que nunca desfrutei de uma fase tão boa e tão feliz da minha vida como a que vivo agora. Ao falar desse jeito sei que posso passar a impressão de que estou no auge do conforto material com uma bela conta bancária, podendo comprar tudo que me der vontade. É certo que estou caminhando para isto e vejo muito próxima esta realidade, mas o bem estar a que eu me refiro é a sensação interior. Desde que comecei a colocar em prática o viver descontraído mudei completamente o meu dia a dia. Olho no espelho e fico admirado com a melhora da minha fisionomia. Os olhos fundos, cansados e distantes já não existem mais; sinto que rejuvenesci. Minha forma de caminhar na rua também se modificou. Adquiri mais agilidade em minhas passadas e aos 58 anos, que acabei de completar, sinto-me como se não passasse dos quarenta. É verdade que, há coisa de um ano, incluí certas práticas e abandonei outras, mas o que realmente está me fazendo melhorar é a mudança da minha atitude mental. Venho aconselhando àqueles que me leem a tomada de certas atitudes em relação à postura de vida que precisam adquirir se quiserem vencer. Na base de tudo deve estar a felicidade. Mas, é preciso compreender do fundo da alma que ela está ao alcance de todos. Enquanto não banir da mente o pensamento de que a felicidade depende da aquisição de bens materiais, não adianta; ela vai se colocar cada vez mais distante. Vivendo com esta ideia a felicidade se torna uma utopia, uma realização vai sempre demandar outra realização maior e assim por diante.

Por que é dito que a força da vida está no agora? Simplesmente por não conseguirmos prever o futuro, tampouco mudar o passado. Porém, se vivemos o agora e estamos preocupados com o que vamos fazer daqui uma hora ou daqui cinco minutos, saímos do presente e nos transportamos em pensamento para o futuro incerto e mutável. Se nos sentimos cansados no final do dia é porque nos cansamos além do nosso normal e esse cansaço extremo resulta do fantasma da preocupação que vive a nossa espreita, a espera de uma falha no nosso modo de conduzir a mente. Há um mundo de beleza, de encantamento. Tenho andado muito de ônibus atualmente e gosto de reparar nas pessoas. É impressionante como a grande massa se deixa levar pelo devaneio mental a ponto de não perceber o que se passa ao seu redor. Com tantas coisas belas a se apreciar: o colorido das casas, os diferentes estilos de roupas, os maneirismos, comportamentos e cacoetes do ser humano, com suas múltiplas particularidades, as árvores, os carros, o firmamento em constante mudança e o que notamos é um magote de seres humanos enterrados em suas infindáveis preocupações que a nada levam. Se desse jeito surgissem as soluções dos problemas ainda seria aceitável, mas o que ela faz com certeza é drenar a energia mental, sugar a energia física, transformando em farrapos humanos os detentores deste ladrão da felicidade, conduzindo ao hospital, na busca de pesquisar as causas de suas doenças imaginarias, quando não mais cedo para uma vaga no cemitério.

Quando observo, no metrô, ou nas plataformas dos trens urbanos, chego a ficar atônito com o comportamento de algumas pessoas. O trem sai de uma estação para outra e sabemos que leva algum tempo para fazer o trajeto, pois, não raro as pessoas que descerão na estação seguinte se levantam dos seus bancos no momento em que o trem fecha as portas, antes mesmo de retomar sua marcha. Aí, ficam de pé, aguardando até que chegue ao destino e só então desembarcarem. Por certo viajam, mais do que na composição, em suas próprias mentes, imaginando ou antecipando o que terão que fazer ou ouvir ao chegarem à casa ou no trabalho. Se formos enumerar os benefícios de uma mente leve e despreocupada, poderíamos ficar horas falando. Tudo vai se resumir na felicidade verdadeira, aquela que não depende das limitações do consumo, nem das imposições da sociedade.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 03/08/2011
Reeditado em 06/08/2011
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