III Congresso Brasileiro de Naturopatia e Iridologia - Guarulhos - SP (9 a 12 de outubro de 2011)
 
Palestra: Do Saber Médico Popular à Fitoterapia

     A produção de conhecimento em fitoterapia tem origem na medicina tradicional praticada por sociedades consideradas “primitivas”, e que, apesar de pouco desenvolvidas tecnologicamente, são em muitos aspectos mais evoluídas do que nossa civilização, especialmente do ponto vista alimentar e do estilo de vida.
     As civilizações antigas, tais como, egípcios, sumérios, chineses, indianos, gregos, maias e astecas também contribuíram para descobrir as propriedades medicinais de inúmeras plantas, muitas delas transformadas em produtos farmacêuticos, indicadas para diversas doenças, tais como, a dedaleira, o salgueiro branco, o curare, a quina, o boldo, etc.
     Os pesquisadores atualmente obedecem ao protocolo de pesquisa “da planta medicinal ao fitoterápico” o que, consciente ou inconscientemente, busca esconder seus verdadeiros informantes. Plantas são seres vivos e, portanto, não possuem códigos de barra identificando suas propriedades medicinais. Quem as descobre são praticantes e usuários da medicina popular, especialmente raizeiros, parteiras populares, mateiros, rezadores, pajés, umbandistas, etc. E seu saber tem sido infelizmente expropriado, ao longo da história, sem oferecer nada em troca.
     E se atingiram esse objetivo, foram utilizados princípios lógicos,oriundos do pensamento médico popular, descobertos por Mauss e Lévi-Strauss, que o denominava, ciência do concreto ou pensamento selvagem.
     A partir da informação fornecida generosamente por seus praticantes, a planta medicinal acaba seguindo dois caminhos: após ser botânica e fitoquimicamente identificada, pode ser transformada num fitoterápico, cuja patente pode valer milhões de dólares ou continuar sendo utilizada por fitoterapeutas de maneira artesanal, individualmente ou através da constituição de farmácias vivas.
     A grande diferença é que os fitoterapeutas continuarão buscando os efeitos sinérgicos produzidos pelo conjunto das substâncias contidas na planta, enquanto os grandes laboratórios buscam apenas o princípio considerado mais ativo, com o objetivo de isolá-lo e, se possível, sintetizá-lo. Este tem sido o protocolo seguido pela indústria farmacêutica.

Palestrante: Prof. Douglas Carrara