AS DOENÇAS COMO TERMÔMETROS SOCIOLÓGICOS

Ultimamente somos noticiados de que estamos em franco desenvolvimento como Nação e nossa economia tão emergente parece um tanto imune às variações de amplitude oriundas da crise já prolongada na atividade econômica mundial.

As tsunames das imtempéries ecomico-financeiras apenas nos respingam em suaves flutuações do câmbio das fortes moedas internacionais do paises que comandam o destino do mundo.

De fato, somos um país de rico lastro em riquezas naturais, é indiscutível.

Nossas estatísticas sociais, as decorrentes dos últimos anos do político "milagre sociológico", nos contam, a nós e ao mundo, que subimos no IDH, e pouco importa aos líderes políticos os padrões de referência usado para nos qualificarmos no desenvolvimento, já que tudo que se divulga passa pelo crivo da enorme relatividade frente ao mundo real.

Diminuímos nossa pobreza, ascendemos à classe média, ingressamos na explosão de consumo, temos crédito físico e jurídico abertos, melhoramos nossa distribuição de renda "per capita", melhoramos o acesso à moradia, aumentamos a oferta de empregos e de empregados no mercado formal de trabalho, melhoramos o índice de mortalidade infantil, intensificamos o acolhimento previdenciário, saciamos todas as fomes, caímos nos índices da violência, (olhem só!), enfim, vamos de "vento em popa", exercemos a plena Democracia e até sediaremos a próxima copa mundial de futebol, que em outras palavras significa reestruturar a infra de todo o país.

Portanto, Só notícias boas!

São as informações que nos chegam.

Por outro lado...há algo instigante.

Certas estatísticas reais, aquelas que não se consegue esconder, ainda que não sejam computadas com cuidado, atualmente assustam.

A TUBERCULOSE, uma doença infecto contagiosa classicamente tida como termômetro das condições sociais precárias, dispara entre nós.

A cada dia, o número de novos casos é alarmante.

Atinge todas as faixas etárias, inclusive crianças nas quais o caminho diagnóstico nem sempre é dos mais simples.

Alguns técnicos poderiam argumentar que com o advento da AIDS os novos casos seriam esperados.

Porém, nosso momento de quase trinta anos pós a chegada da Aids, agora que as perspectivas de prevenção, diagnóstico e tratamento melhoram muito, as doenças que medem o real desenvolvimento social resistem com autonomia, e retiram a verdade epidemiológica debaixo dos tapetes de todos os índices.

Como se não bastassem os novos casos de tuberculose pulmonar primária, a doença recrudesce nas suas formas extra pulmonares de manifestação clínica tardia, inclusive com bacilos resistentes aos esquemas de tratamento mais convencional..

Soma-se ao fato, que ultimamente atravessamos surtos pontuais de doenças controladas com vacinas, tidas como estáveis, como o caso do sarampo e da coqueluche, doenças que voltaram a provocar agravos sérios à saúde quando acontecem na faixa da população menos assistida e ainda mais desnutrida.

O verão se aproxima e as autoridades sanitárias já vislumbram o perigo da Dengue, doença que também denuncia as condições de vida da população.

Este é o cenário sanitário atual tão contrastante com todas as melhoras dos nossos índices sociais que colocam em xeque o tudo que se anuncia de avanço social.

Ou as doenças mentem ou os políticos faltam com a verdade.

Numa época em que o próprio SUS não dá conta dos serviços essenciais fica difícil enxergar um panorama de melhora na saúde pública do Brasil.

Por mais que tentem nos ocultar a verdade.