Diminua a ansiedade conhecendo a si mesmo

Publicado em: Revista Terceiro Milênio, Ano 11, No. 113, Outubro 2011, pg. 5.

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Todos nós já experimentamos ansiedade por bons motivos: um novo emprego; uma reunião importante; uma festa ou evento; mudança de cidade, estado ou até de país; pode ser o retorno à cidade natal; uma decisão esportiva... Enfim, a ansiedade tem aspectos positivos. Sem esse sabor de expectativa, a vida não teria graça. O problema está na desarmonia. A ansiedade descontrolada resulta em gastrite, dor de cabeça, tontura, irritação e outros distúrbios. Por outro lado, quem não tem ansiedade nenhuma está sempre deprimido, sem expectativa, sem interesse pela vida e pelas pessoas. Reprimir os sentimentos é ainda pior, pois a pessoa sofre sozinha e tende a acumular suas angústias.

O ansioso já dá um grande passo se puder identificar as situações que alteram o seu estado de espírito. Uma dica dos especialistas é registrar em um diário tudo aquilo que eleva o nível de ansiedade, ainda que de forma subjetiva. O grau de ansiedade pode ser “medido” pelos batimentos cardíacos (pulso), respiração, temperatura das mãos e pés, sudorese, e tensão muscular. Exemplos: uma pessoa totalmente relaxada, pensando em imagens descontraídas, corresponderia à nota 0, numa escala de 0 a 100. A leitura de um livro, na mesma posição confortável, sobe a nota para 20 (ou mais, conforme o livro). O pico de ansiedade corresponde à nota 100, que é atingido nas situações de fuga, um acidente grave, inundação, catástrofe, etc. A maioria dos adultos das grandes cidades vive hoje na faixa dos 20 a 50 pontos.

Nem sempre é possível fugir das situações que nos trazem desconforto, tais como: falar em público, dirigir, viajar de avião - só para citar alguns exemplos comuns. O medo faz parte dos instintos naturais de proteção da espécie, mas não podemos deixá-lo nos dominar. É necessário discernir o medo real do medo imaginário e saber a hora de buscar ajuda.

As medicinas com uma abordagem holística, como a medicina antroposófica, tratam o doente e não a doença. Assim, a ansiedade é encarada como parte de um quadro maior. No organismo humano tudo está interligado. Por essa razão, a ansiedade pode causar outros distúrbios, por exemplo digestivos. Doenças psíquicas freqüentemente têm origem metabólica e vice-versa. O tratamento antroposófico da ansiedade trata o conjunto e não o sintoma isolado. A medicina convencional atribui a ansiedade a uma mudança nos níveis de neurotransmissores no cérebro. Tecnicamente, isso não está errado, mas a abordagem antroposófica leva em conta outros âmbitos da vida, por isso, além de medicamentos dinamizados que estimulam as forças de equilíbrio do organismo, são usadas diversas técnicas de tratamento, como: terapia artística; massagens; musicoterapia; euritmia (forma de expressão corporal), dentre outras.

Dr. Samir Rahme é médico (UFJF) especialista em Clínica Médica. Atua como médico antroposófico há 30 anos. Presidente da ABMA entre 1991 e 1998. Consultor Médico da Weleda do Brasil desde 2009.

Rodolfo Schleier é farmacêutico-bioquímico (USP) e especialista em fitoterapia (FACIS-IBEHE). Desde 2005 atua no Departamento Médico-Científico do Laboratório Weleda.