A CRISE DA SAÚDE PÚBLICA

Como ocorre em todo o país, o Estado do Tocantins vem apresentando sérios problemas na saúde pública. Recentemente, na tentativa de se ‘jogar o lixo para debaixo do tapete’, o atual governo tentou, sem êxito, privatizar o sistema de saúde pública. O Ministério Público interveio e agora o governo terá que tomar medidas saneadoras quanto aos problemas crônicos existentes na rede de atendimento público de saúde.

Neste caso em particular, saúde pública, ficarei reservado em abordar alguns pontos genéricos do setor, primeiro por não conhecer na integralidade a estrutura estatal e, segundo, as ferramentas possíveis que o governo estadual poderia utilizar.

Em se tratando de saúde pública vislumbram-se duas limitações, uma de ordem econômica e outra, mais grave, que é a incapacidade do atendimento às necessidades reais da população no quesito saúde.

Com relação a limitação econômica, é notória a inviabilidade do ‘estado provedor’ em atender demandas cada vez mais crescentes e caras, devido a necessidade de investimentos maciços em novas tecnologias, que estão indiscutivelmente ligadas a setores industriais e grupos médicos cuja única lógica é a do lucro.

Já a incapacidade do Estado em atender a crescente demanda de bem-estar individual e coletivo da população, aponta uma necessidade de reestruturação do sistema, passando de um mero atendimento às doenças, antecipando-se por meio de ações que possam promover uma boa saúde ao cidadão. A idéia de que medicina só existe para curar, é ultrapassada, esquecendo-se da medicina preventiva que pode ser uma forma mais econômica e conseqüentemente mais lógica do que a chamada ‘medicina curativa’.

Como alternativa seria bastante viável uma reorganização através de um projeto de medicina social onde o Estado passasse a atuar de forma mais incisiva quanto a suas funções de regulação e investimentos, inclusive com ações conjuntas a organizações da sociedade civil.

O ponto de partida seria fomentar mudanças no padrão de consumo de bens e serviços, uma maior participação da população nas políticas públicas (governança) no setor da saúde, juntamente com uma nova ética para reafirmar valores quanto à vida e à morte.

A saúde é encarada, a começar pelas faculdades de medicina, como sendo um valor individual positivo, e isso é um grande equívoco, pois ela é o resultado de um processo da coletividade. A violência, a fome, as drogas, o consumo de bebidas alcoólicas, a solidão das pessoas da melhor idade, entre outros exemplos, também são questões de saúde pública e pouco ou quase nada é feito para sanar esses problemas reais da sociedade contemporânea.

O Estado não pode se limitar a cuidar de doenças, deve sim promover a saúde, afinal de contas as pessoas não têm apenas necessidades, mas também desejos e medos. A dimensão contraditória da relação indivíduo/coletivo deve ser combatida pelo Estado. O Poder Público deve exigir dos envolvidos na produção e reprodução de conhecimentos, formas mais efetiva de comunicação, visando a viabilização da construção de um novo modelo de saúde pública.

* O autor é Acadêmico de Jornalismo da UnirG e pós-graduando em Crises de Comunicação em Instituições Públicas e Privadas pela AVM Faculdade Integrada – BSB – DF.