Somos o que Comemos?
As ações do dia a dia e todos os pensamentos e ideias que permeiam a nossa existência terão sempre a ver com nossos conceitos sobre a vida e sobre nós mesmos. Acreditarmos que somos espíritos iluminados e agraciados com a vida de Deus e que recebemos d’Ele tudo de que necessitamos e que só temos que agradecer e fazer manifestar todos esses dons e capacidades fará toda a diferença. Por outro lado, enxergar o ser humano como uma simples manifestação material advinda de um fenômeno físico que um dia terá que desaparecer e retornar ao nada fará com que todas as ações e atitudes tenham por base esse conceito que, por ser limitado, trará com ele todas as limitações inerentes ao materialismo. Há uma inteligência por trás de todas as coisas e é Ela que governa o mundo. Conectar-se com essa Fonte é o caminho da sagrada sabedoria. O homem possui o que chamamos de intuição e através dela consegue encontrar as respostas para as suas mais profundas conjecturas.
Alimentar-se é um ato sagrado; é suprir-se da energia de Deus para o cumprimento de uma vida capaz e dinâmica. Tudo o que comermos com espírito de gratidão e alegria terá que nos nutrir adequadamente. É a forma com que encaramos o ato de se alimentar que fará toda a diferença. É óbvio que existem diferenças nutricionais entre um e outro tipo de alimento, mas isto não é significativo ao ponto de causar preocupação. É o estado inquietante da mente ao selecionar o que vai ser ingerido que acarreta todas as alterações conhecidas como deficiências vitamínicas ou nutricionais. O problema maior encontra-se mais na forma de se alimentar, ou seja, no comportamento, do que exatamente naquilo que se come. Com exceção da carne que não é um alimento indicado para o ser humano por não ser ele carnívoro originariamente, tudo o que vem da sábia natureza e serve como alimento pode ser ingerido sem preocupações de espécie alguma.
Estamos vivendo atualmente num mundo de pessoas obesas e, paradoxalmente, desnutridas. A indústria alimentícia não tem poupado esforços no sentido de aprimorar cada vez mais sua produção de gêneros, mas, infelizmente o que há de primordial que é saúde humana, tem sido negligenciado. Alimentar-se rotineiramente de produtos industrializados contribui em todos os sentidos no que tange a saciar o organismo, agradar ao paladar e matar a fome. Todavia, do ponto de vista da nutrição deixa a desejar, quando não acelera a possibilidade de comprometer a longo prazo a saúde das pessoas que deles fazem uso constante. É frustrante caminhar pelas ruas e constatar o que a intemperança alimentar tem feito com a população de um modo geral.
Observando os hábitos da maioria não é difícil compreender porque o índice de doenças relacionadas a erros alimentares tem atingido proporções alarmantes. É natural que, em países industrializados, onde a pressa das grandes cidades não dá a oportunidade de uma nutrição cem por cento saudável, o desequilíbrio de hábitos devido a horários exíguos e à cobrança cada vez maior por produção e competitividade seja um fator inevitável. Porém, chegar ao ponto de sacrificar a própria vida, destruindo o que temos de mais precioso que é a nossa saúde, é condição inaceitável e, se algo sério e imediato, no sentido de conter esse comportamento suicida, não for realizado, seremos um país de cadáveres ambulantes a desfilar pelas ruas.