TRISTEZA, DEPRESSÃO, BIPOLARIDADE E A ESPIRITUALIDADE.

É um erro considerar a depressão como tristeza que se perpetua. Tristeza é tristeza e você pode conviver muito bem com ela, já a depressão é algo muito mais incapacitante, mais inpactante e muito mais aterradora e pode possuir um ponto de origem muitas vezes já esquecido.

Quando você está triste você pode responder bem a uma boa piada ou a uma brincadeira, pode acabar rindo, mesmo sem muita vontade e a tristeza você pode dividir com alguém, pois sabe o motivo, já a depressão na maioria das vezes não.

Na depressão há que ser prático, a vida tem que continuar e o lance é sair dela o quanto antes, mesmo que esse antes possam ser meses ou anos; e remédios ajudam, mas sem força de vontade não resolvem.

Muitas vezes levamos uma vida de alegrias criadas desde a tenra idade, aprendemos a mantê-la, mas no fundo pode ser sem base firme, pois lá num cantinho da alma pode ter ficado algo incapacitante que vamos levando, passando por cima, pois poderia mostrar a nossa fragilidade.

Mas como é de se presumir um dia vai arrebentar feito um coice e quando isto acontece todo o castelo se desmancha e damos de cara com a nossa mais dura realidade e ai não vamos saber lidar com esta incapacitação monstra que vai nos prostrar.

A meu ver a bipolaridade sempre começa pela depressão, você vai caindo nela como se fosse atropelado pela inadaptação do ambiente. O mundo vai te levando de roldão, você se perde e ai já não se adapta a nada, não se dá bem no convívio na escola, com as namoradas, com os amigos e vai surgindo o medo social, pois você se vê sem defesas para ele, despreparado para a vida, e realmente muitos de nós viemos assim, criamos um hiato em outros tempos que está fazendo falta agora.

Um exemplo: Alguém nesta vida não se permite a relacionamentos afetivos, por algum motivo, o mais comum são os ligados às religiões, e se abstém de namorar, sair para jantar, andar de mãos dadas na rua, casar, ter filhos, e suprime, de forma antinatural a atividade sexual, então não tem como não ter possiblidades de ter problemas na área, e dai os muitos casos de anomalias no meio.

Nesta circunstância ele já terá problemas nesta vida aqui, pois é normal um homem sadio ter atração por mulheres, e vice versa, então vai viver sempre em conflito, ou "viver doentiamente em tentação" o que gera problemas psíquicos, ou ter vida dupla, como em muitos casos.

Ai quando volta em uma próxima vida, (que consideremos ser esta atual), terá dificuldades maiores, pois vai querer namorar, mas terá vergonha de sair de mãos dadas na rua, parecerá que todo mundo o está vendo, mas, é claro, isto só se passa na cabeça dele, é um temor anímico, uma sensação anímica, e quanto mais ele lutou naquela vida contra isso, maior será a sua dificuldade e vergonha agora.

E isto em ambos os sexos.

E sentir-se-á, também, não nescessariamente em todos os casos, como se tivesse pulado um ano na escola , não será muito bom nos relacionamentos, e sempre estará com a sensação de que lhe está faltando algo, e realmente estará, e embora agora queira ter uma vida afetiva normal vai sempre ter a sensação de estar fazendo algo de errado, e terá dificuldades de expor socialmente esta relação, e dai tantos sentimentos de culpas e vergonhas que não se sabe de onde vem.

Além de, em muitos casos, virem agora com um instinto sexual exacerbado, sendo que alguns vão dar vazão de forma desenfreada, enquanto outros  ainda tentarão manter um controle sobre ele, tendo muito trabalho, pois não é fácil colocar em equilibrio, algo que foi tão reprimido e agora vem com tudo.

Por um lado terá dificuldades para ter relacionamentos normais e, por outro lado, a pressão deste instinto anormal, pois assim como qualquer desiquilirio na natureza causa muitos estragos, às vezes irreversíveis, como o represamento da água e com o nosso corpo e psique não poderia ser diferente, pois somos regidos pelas mesmas leis.

E nesta vida, no aprofundamento do retraimento em função da falta de naturalidade e a vergonha de se "sentir" exposto saindo namorando públicamente, coisa que combateu tanto, o mundo começa a ficar apavorante na medida direta desta limitação, mas uma hora ele reage, não todos claro, pois precisa sobreviver afinal, ganhar algum espaço, precisa se sustentar, trabalhar, e então surge um “personagem” contrário do que realmente é e entra no outro polo da bipolaridade, ou o oposto da depressão que é a euforia.

Mas que não se tenha a idéia de que este píco de euforia traga alguma felicidade, ela pode até passar esta idéia para quem está em redor, pois ele terá uma vida social mais intensa, e terá muitos relacionamentos sem compromissos e ele se autoafirma positivamente, mas quem está passando por este processo está procurando se segurar para não pirar e vai ter, então, uma vida de luta em duas frentes opostas, e a cura é achar o equilibrio entre estes polos, só que o mundo não para para ele conseguir isso, então é como se estivesse amarrado em cima de um touro bravo que não cansa nunca, enquanto tenta buscar a sua normalidade. É como abastecer um avião em pleno voo.

Parecer uma pessoa bem articulada e se desdobrar para manter-se equlibrado, longe da inanição da depressão e longe da piração, cria uma pessoa que acaba, muitas vezes, se dando bem materialmente, mas tudo construído em cima desta lacuna mal resolvida que não sabe por que tem, enquanto todos vivem tão bem à sua volta, mas as atitudes dele serão sempre de acordo com o carater e a moral de cada um, neste caso, como é com o o restante da sociedade.

Um mundo vai sendo criado em volta daquela falta que continua mantida lá dentro do seu íntimo e que não é tão fácil de ser resolvida.

A não aceitação de si mesmo, e uma enorme baixa autoestima que cria ,o mantém longe do centro e isto o joga para os polos, então tem que trabalhar a autoestima e ai é onde a terapia cognitiva (ir se expondo ao objeto do medo, no caso às relações de amizade e afetividade) ajudam bastante, enquanto remédios bem prescritos o equilibram do outro lado.

O bipolar é um lider no seu meio ambiente, por falta de opção, pois ele não conhece o meio termo e a outra seria a submissão total, então domina o ambiente à sua volta.. É reagente na dificuldade, é prático nas decisões e articulado, cativa muitos, mas mantem sempre uma distãncia, e afasta alguns, como é normal, e para estes acaba dando mais atenção, por que sempre quer ser aceito, mas é inutil. 

Ele não passa em branco em nenhum ambiente, mas será sempre uma pessoa  que não está bem, camuflada na personalidade forte que desenvolve. Não há meio termo para emoções normais, para a legítima afetividade, e ai não tem como conhecê-la, tudo é muito louco e está sempre a mil até chegar ao equilibrio.

E vai levando este mundo, mas isto é custoso, pesado, e durante muitos anos, dezenas de anos, conhece um poder que antes no isolamento não tinha, mas um dia isto já não vai bastar e ele vai querer um relacionamento mais calmo, mais verdadeiro, vai querer ser feliz de verdade, e não só parecer feliz e articulado, e então é onde a casa cai. Cai não, se estraçalha em milhares de pedaço.

Com o peso deste sentimento incapacitante ele desmorona na depressão novamente; pode ter construído um patrimônio considerável, mas sabe gastar bem, ou quase sempre, pois tem os seus tombos; se torna um vencedor e desenvolve um instinto apuradíssimo, pois é questão de vida ou morte para ele, pois se sente sempre em ambiente hostil e isto lhé dá muita tarimba.

Mas ele vai ver que os bens materiais não vão adiantar em nada nessa hora de derrocada, e a depressão bate, e bate muito mais pesado então, pois ele sabe que pode ter conquistado tudo, mas vai ver que este tudo na verdade não vale nada.

Acabou a artificialidade da euforia, mas mesmo nela como se tornar feliz se ele não sabe como? E o meio, o estado de equilibrio, como conseguir voltar a ele?

Soube criar mundos de relacionamentos, mas no fim do dia todos vão para os seus lares e ele até pode ter um, mas sempre com o sentimento da solidão presente, embora possa ter muitas pessoas à sua volta, e ser amado por elas, mas não se sentirá nunca totalmente feliz, pois a felicidade está em amarmos e não em sermos amados.

Como nos disse Jesus: “Ama a teu próximo como a ti mesmo”.

E para o bipolar esta é a primeira lição a ser aprendida, este amor e afeição a si mesmo, sem tantas cobranças e punições, pois quem não tem afeição por si, não poderá ter por ninguém.

Aprender lições da vida é fácil, mas aprender a ter sentimentos, voltar a sentir emoções equilibradas, aprender a ter alegrias genuínas, e não ser só movido pelo medo do que sente falta, de um lado, ou pela coragem e ousadia que conquista muitas outras coisas de outro, o caminho do meio, como diz a filosofia, é o objetivo a ser atingido.

Na depressão não tem dinheiro, carros, apartamentos, bons restaurantes, belas companhias, viagens, que o empolguem mais. Acabou este período, e a sensação de impotência e da inutilidade de tudo isso para a sua verdadeira felicidade se lhe torna evidente.

A pessoa com depressão não está se sentindo só, está se sentindo dentro de uma masmorra sem nenhuma janela ou porta para o mundo exterior e nesta masmorra estão todos os seus entulhos ou sei lá o que, e ela não tem a chave para abri-la e nem mais as forças para continuar lutando e cai prostrado e impotente.

Isto é a depressão, o estar dentro de uma masmorra sem nenhuma janela nem portas, o total isolamento sem nenhuma luz ou esperança naquele momento, mas vai ter que partir dali novamente. E o ressurgir desta esperança é conquistada em luta íntima árdua.

O que ajuda muito é aprender a relaxar e não deixar o cérebro dominar, pois nele só pensamentos negativos surgem e ele fica lutando íntimamante como se estivesse numa guerra contra algo imaginário, feito um Dom Quixote, lutando contra moinhos de vento criados dentro de si. Aprender a relaxar é importante.

"Não é a pescaria que deixa os pescadores se sentindo bem. O que relaxa é o ficar focado na boia e com isto a mente é dominada e os pensamentos indesejados perdem o espaço."

Medos criados na infância? Não, criados em outras vidas. Os poucos anos vividos até a adolescência não explicam tantos sofrimentos e medos que muitos vivenciam.

Estes medos têm suas origens no que fizemos em outras vidas, quando possivelmente tivemos algum poder e o usamos mal ,e todos somos ligados às coisas erradas (ou certas) que fizemos no passado, contra alguém ou a uma coletividade e que agora nos assombram.

“Pois suas obras os seguirão”, como nos disse Jesus, pois nossas obras nos acompanharão, e haverão os períodos (ou as vidas) onde seremos vulneráveis e dai vem o medo inconsciente (pois perdemos os poder que eventualmente nos protegia antes) e sem explicação que muitos sentem, e que precisam ser resgatados pela nossa mudança interior e por reconhecimentos espirituais verdadeiros.

E com a ajuda de tratamentos também, mas os remédios ainda são para toda a vida, pelo menos, por enquanto, o são para os bipolares

‘Eis o que vos falta! Reconhecer a vontade de Deus, que repousa na Criação e nela se efetiva continua e automaticamente. Exatamente a esse respeito, porém, nunca vos ocupastes até agora de modo certo’. Abdruschin em Na Luz da Verdade – Servos de Deus -
www.graal.org.br

 
HAMILTON SERPA
Enviado por HAMILTON SERPA em 30/09/2013
Reeditado em 17/03/2016
Código do texto: T4505318
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.