Álcool e testosterona

Sabe-se que o álcool causa detrimento à saúde. Entre seus inúmeros efeitos perniciosos, o que é mais amplamente conhecido é seu efeito hepatotóxico. A maioria de seus usuários está ciente desses efeitos, conquanto acreditem que tais malefícios ocorram apenas em longo prazo. Seja como for, o consumo de etanol interfere no organismo de maneiras diversas, a exemplo do sistema endócrino, tema da postagem de hoje.

Frequentemente associado ao comportamento viril e concupiscente, o consumo de álcool evoca pensamentos diversos: uma horda de valentões se embriagando na taverna; vikings tomando cerveja em seus chifres de beber; as bacanais romanas, em homenagem ao deus do vinho – cerimônia ebrifestiva em que se cometia toda sorte de desvairos, excessos e lascívia; até situações de contexto mais moderno, como a do jovem tímido, que se inebria para ter melhor desenvoltura ao cortejar uma mulher.

A vinculação do consumo de bebidas alcoólicas à masculinidade é tão forte, que inúmeras línguas possuem expressões idiomáticas que, de certo modo, desestimam pessoas cuja resistência ao álcool é menor que a de seus companheiros, a exemplo da expressão inglesa “to drink one under the table”e do famoso “não aguenta bebe leite”. Artigos científicos encontrados no banco de dados da PUBMED alertam sobre o perigo de se associar o consumo de álcool ao comportamento viril – imaginem um comercial de cerveja, por exemplo.

Embora essas associações tenham origem cultural, não é amplamente conhecido pela população geral que o álcool tem efeito deletério sobre a testosterona – hormônio de relevância para a libido masculina-, e que seu consumo excessivo pode provocar disfunção erétil.

Abaixo, serão abordados os mecanismos de ação através dos quais o álcool interfere negativamente na produção de andrógenos:

1-) O etanol estimula a produção de endorfinas, as quais reduzem a frequência e amplitude dos pulsos do GNRH no hipotálamo, afetando a produção de testosterona.

2-) O consumo de álcool causa dano oxidativo às células de Leydig – a testosterona é produzida nessas células.

3-) O consumo crônico de álcool estimula a atividade da enzima aromatase, a qual converte andrógenos em estrógenos. Além da redução dos níveis de testosterona ocasionados por essa conversão, um maior nível de estrógenos causa feedback negativo no eixo HPT (hipotálamo-pituitária-testículo).

4-) O metabolismo do etanol reduz a quantidade da coenzima NAD+, essencial para a produção de testosterona e vários outros andrógenos.

Como observado, o álcool tem efeito prejudicial sobre a produção de testosterona por razões diversas. Obviamente, esses efeitos são dose-dependente e respondem de maneira individual.

UM VIKING DE ÓCULOS PERFIL DOIS
Enviado por UM VIKING DE ÓCULOS PERFIL DOIS em 05/09/2016
Reeditado em 05/09/2016
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