Mudanças e Transformações - Raul Franco

O budismo coloca o poder da decisão em nossas mãos. Nós somos o senhor do nosso destino. Você é quem tem as rédeas da tua ação. Não colocará o poder nas mãos de um Deus Ex Machina, por exemplo, que te salvará das tragédias, que estará atento para qualquer vacilo seu para ele entrar em ação. Você é o poder, você é ação.

Isso, é claro, pode assustar em um momento. Mas temos o nosso arbítrio. Nós temos que decidir sobre as coisas.

Escolher um processo de cura pra você, exige toda a atenção do mundo. Olhar pra dentro de si é algo que exige, antes de mais nada, coragem. Você pode encontrar coisas no seu armário interior que não pode gostar. No entanto, realmente tem coisas que você já escondeu por muito tempo e tem que enfrentar. Uma hora tem que enfrentar mesmo. Olhar de frente e dizer: “Preciso acabar com isso. Com esse boicote interno. Preciso vencer os meus fantasmas. Olhar com carinho os meus traumas e superá-los. Deixar de ser uma criança ferida que se perdeu pela vida, alimentando carências excessivas”.

Quando você está no cerne das transformações, é muito precipitado se falar sobre isso. O que é o meu caso. Que já caí umas 300 vezes e levantei 750 vezes. Eu que sei onde doem as minhas feridas - e estou olhando para elas. E sou eu que tenho que ir atrás da cura.

Quando nos deparamos com nosso Eu interior, a gente pode se sentir cansado, em pânico, tendo que lidar com ele, porque seria tão fácil escondê-lo mais uma vez e evitar que ele se transforme, mude, avance.

Para se conectar com o nosso interior, muitas vezes ter o auxílio da meditação é muito importante. Parar, desligar-se do mundo, voltar-se para o umbigo, sentir a respiração e penetrar nesse imenso mundo que é a nossa própria mente, rica em tantos sentidos.

Temos que estar nesse constante movimento da mudança. Exercitar o perdão diário.

Li recentemente algo bem interessante que dizia, mais ou menos, assim: quando a gente chora demais pode parecer tristeza, mas é uma forma de conexão profunda com Deus. É uma chamada de atenção para que Ele olhe por nós. Então, isso, no fim das contas, deve ser uma coisa boa!

Durante um tempo duvidei mesmo de Deus. Eu O questionei. Eu sangrei ao afastá-lo de mim. E dia desses, eu me vi peitando-o, quase como uma cena clássica do filme O Padre, que tanto amo. Discuti com Ele em lágrimas. E senti que Ele me tocou. Então, podem perguntar: “Você voltou a acreditar Nele?”. Não sei. Talvez, Ele sempre esteve dentro de mim. E eu O dissociava da fé que sempre tive. Porque se perdemos a fé, perdemos tudo, perdemos a bússola, os caminhos.

Ser um buscador é estar atento a tudo isso. É poder, inclusive, mudar de opinião e voltar atrás. Ser um buscador é estar no ciclo das mudanças - as internas principalmente. Aliás, se tivermos mudanças internas, o mundo externo se modificará também.

Devemos ser a energia que queremos atrair para nós. E se formos pedir algo para os céus, que seja de coração, de peito aberto mesmo. O poder da oração nos conecta com o que queremos.

Não podemos perder a chance de nos conectar, sobremaneira, com nós mesmos. Não podemos perder a chance de sabermos quem somos. Estar atento a isso traz mudanças. E pensar em mil possibilidades, questionar coisas, ficar sem dormir, sentir medo, pode parecer uma atitude de quem está perdido. Mas estar perdido já é um bom caminho para se encontrar.

Se você busca, você tem a chance de encontrar.

Boas vitórias para todos!

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 14/03/2018
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