Propaganda & Marketing

Antes de mais nada, gostaria de transcrever a conceituação de marketing que o professor Philip Kotler discorreu em seu livro “Marketing”, 1ª edição brasileira de 1980 (Edit. Atlas), que permanece até hoje: “( . . .) Marketing significa trabalhar com mercados, os quais, por sua vez, significam a tentativa de realizar as trocas em potencial com o objetivo de satisfazer às necessidades e aos desejos humanos. Assim, voltamos à nossa definição de que marketing é a atividade humana dirigida para a satisfação das necessidades e desejos, através dos processos de troca”. Vejam que essa definição traz à tona a asserção dessa atividade pela conotação maior no que tange à satisfação das necessidades e desejos humanos, o que nos dá a certeza de que se trata da satisfação tanto entre negociantes, como entre eles e os consumidores, preferencialmente, já que são estes últimos o objetivo final de toda a malha extrativa, produtiva, mercantil e de serviços.

Podemos notar que a abrangência do trabalho profissional de marketing é de uma amplitude considerável, simplesmente pelo fato de ele ter de criar situações lucrativas para os empresários, ao mesmo tempo em que deva se preocupar com a satisfação plena de quem irá usar ou consumir o produto final. Se prestarmos atenção à divisão organizacional de marketing, dentro de uma empresa possuidora de nível administrativo sério e competente, ali iremos encontrar uma perfeita harmonia entre setores afins, tais como: departamento de vendas, de pesquisas de mercado, de atendimento ao consumidor e, finalmente, o departamento de propaganda que, por mais incrível que possa parecer, é o de maior importância em todo esse contexto, por essa razão que lhe demos um devido destaque. Vejam que muitas empresas mantêm esse setor como autônomo, não fazendo parte da área de marketing, e grande maioria delas trabalha com a especialização de terceiros.

O engraçado é que, não sei se por burrice ou desinformação ou, pior ainda, por “esperteza”, muitos empresários teimam em dar maior atenção ao trabalho do setor de vendas e das informações fornecidas pelas pesquisas de mercado, dessa forma “empurrando” os vendedores para o campo, fazendo-os irem para o “tudo ou nada”, com a intenção única de suplantarem os concorrentes, a qualquer custo. Com essa atitude grotesca, principalmente pelo esquecimento do princípio da satisfação das necessidades e desejos humanos, aplicado aos clientes, os imbecis acabam por se esquecer da necessidade premente em se procurar fazer o máximo para darem a devida atenção e suporte ao consumidor, por intermédio de uma assistência diferenciada pela rapidez, pela competência e pela cortesia; um bom exemplo dessa insensatez temos nas evidências dos acontecimentos havidos com a Telefônica-Speed, que está sob intervenção da ANATEL, após uma infinidade absurda de desrespeito aos direitos dos usuários – isto é um perfeito trabalho de “antimarketing”!

Seria bom nos lembrarmos das propagandas de cigarros, mostrando jovens bonitos e “sarados”, como apreciadores de determinada marca famosa, andando em carrões, a cavalo, ou curtindo uma paisagem alucinante, para depois de alguns anos aparecerem anúncios dos perigos fatais, proporcionados pelo uso do tabaco, com fotos de verdadeiros “aleijões” humanos. Os governos, na época, estavam se locupletando com os impostos sobre o fumo, até chegarem à conclusão de que estavam despendendo muito mais com a cobertura de tratamentos hospitalares, afastamentos médicos, aposentadorias por invalidez etc., diretamente com os doenças oriundas do hábito de fumar, daí a mudança radical da forma de indução ao consumidor. _Será que fizeram isso porque começaram a ter grande “preocupação” com o bem-estar dos povos? ¬ _Será que eles, na época, não sabiam os “perigos” aos quais os seus contribuintes estavam se expondo? _Pois é, quanta “ingenuidade”!!!

Procurem, por curiosidade, prestar atenção às propagandas televisivas e irão encontrar verdadeiras aberrações, e isto sem falarmos do indecente “telemarketing” – é o desvirtuamento infeliz do uso do Marketing, como legítima ferramenta de satisfação das necessidade e desejos humanos.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 09/08/2009
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T1745358