O PARADOXO DAS CONQUISTAS SOCIAIS

O meu presente texto a princípio poderia até representar um bocado de pessimismo, mas a minha verdadeira intenção é tão somente traçar um paralelo ao dia de hoje, data em que por aqui se comemora o dia da "consciência negra", um resultado das justas e grandes lutas que espelham as dificuldades das minorias sociais ao longo da história.

E foi assim que nessa semana os jornais publicaram a notícia de que tramita no Congresso Nacional mais um reforma da lei majoritária da Previdência Social, a que versa sobre as novas regras da aposentadoria para o futuro não tão remoto.

Nem preciso citar que idoso e aposentado nesse país lutam há anos por condições dignas de vida.

Muito se fala, dizem que muito se faz, mas na realidade...

Muito bem, a população envelheceu, não somos mais um país jovens e isso é fato consumado.

Daqui pra frente estaremos a cada dia mais velhos.

Ainda outro dia eu lia um artigo de economia escrito por Delfim Neto, aliás um artigo de grande lucidez, que dizia a seguinte frase que eu guardei "CORREMOS O RISCO DE SE FICAR POBRES ANTES DE SE FICAR VELHOS", conclusão magistral do Delfim, mas que é mais que notória quando analisamos o cenário...DE ANOS!

O fato é que o dinheiro da previdência deveria ser usado para a previdência. Helôooo!

Nossa maior problemática não é a arrecadação, que aliás vai sempre de vento em popa com ou sem crise, e sim é versação do dinheiro público.

O gasto do governo nunca tem fim. A sociedade arrecada de montão e só vê os cofres da previdência deficitários.

Pois bem agora é que vem a pior parte.

Analistas de gabinetes, os homens das canetas, os técnicos engravatados que MUITO POUCO CONHECEM DA SITUAÇÃO DE CAMPO REAL, agora deram para se espelhar na longevidade da população para argumentar as mudanças estratosféricaS de idade e de tempo de contribuição para a população se aposentar.

É simples. Não basta apenas estatísticas, porque números nesse país sempre estão defasados, a não ser nas pesquisas eleitorais, sempre superestimados.

Quando vi a nova proposta que tramita não tive dúvidas: o governo não quer que ninguém mais se aposente por aqui! Isso é claro, querem só arrecadar!

E eu fundamento: não basta se chegar longevo.O grande mérito é...COMO AS PESSOAS ESTÃO CHEGANDO. Temos que ter QUALIDADE em saúde para se desfrutar do DIREITO de se aposentar.

E eu vou contar como estamos chegando: A grande massa de idosos não chega bem. Aliás vejo pessoas jovens na casa dos cinquenta e poucos anos totalmente aniquiladas em decorrência da vida que levaram e da alta carga de trabalho duro que tiveram, trabalho que talvez nem os técnicos das canetas conheçam.

Idosos longevos e fragilizados, lotam as filas do INSS, sucateados por doenças degenerativas, a procura de migalhas de benefícios, enfrentam situações indignas, são humilhados para fazerem valer os seus direitos.

São tratados como se recebessem favores da previdência.

Ora, se não damos conta , mesmo dentro da saúde pública , a de fazer com que cheguemos com saúde lá na frente, o que adiantaria se viver mais sem qualidade de vida...e pior ainda, sem a aposentadoria que foi postergada?

Aos técnicos em leis convém que que se diga: não estamos no primeiro mundo...estamos MUITO LONGE dessa condecoração.

Nosso envelhecimento populacional não necessariamente significa avanço social!

Não adianta leis copiadas de países eficientes e ricos, mas que não contemplam as difíceis e DRAMÁTICAS situações existentes por aqui.

Mais uma vez temo que pagaremos a conta da ingerência das verbas PÚBLICAS com o suor do nosso sacrifício.Quero é só ver se tal projeto tramita no Congresso antes das eleições.Eu DUVIDO!

Primeiramente sugiro que sanem as contas públicas.

Rechassem a corrupção, cortem os gastos desnecessários, cumpram o papel para o qual foram eleitos!

Olhem para o SEU POVO,e deixem que o nosso dinheiro cumpra o objetivo para o qual foi pesadamente arrecadado ao longo dos anos.

Delfim está mais que certo, porém acho que se equivocou no TEMPO VERBAL da sua constatação. Transcreveria o seu pensamento para o nosso presente: Já empobrecemos muito antes de ficarmos velhos.

Somos uma sociedade senil, pobre há ...e infelizmente cega, o que me deixa muito cética quanto às tão comemoradas conquistas sociais das minorias, na presente era das falácias.