Pátria sem Amor

Mais um ano de copa do mundo e novamente será antes do dia da bandeira nacional e das outras “festas” pátrias, ou seriam párias? Como na anterior veremos nossa população se cobrir de verde e amarelo para acompanhar nervosamente nossos bravos heróis do futebol; que é o nosso símbolo máximo no exterior. Esqueceremos as tragédias, recentes ou passadas, próprias ou alheias para nos unir num coro fraterno e pátrio em prol do advento máximo de nossa demonstração patriótica.

Infelizmente essa brava gente brasileira só conhece esse tipo de patriotismo, o de ocasião. O povo não tem a menor idéia do que seja orgulho nacional, não sabe amar a pátria; meus patrícios pensam que sabem o que é amar e ter orgulho de nosso país, pois foram desde muito tempo ensinados e enganados para assim pensar. Acreditando que o importante é o que esse punhado de brasileiros vai fazer na copa e a ignorância é tamanha que o povo nem se dá conta de que se os jogadores de futebol são a nossa representação no exterior os atletas de outras modalidades também o são e não se vê tamanha demonstração e “patriotismo” durante outros eventos como as olimpíadas ou um panamericano que seja. Na verdade somos néscios que se importam com futilidades deixando o que realmente importa de lado; ou pior na mão de incompetentes e larápios.

Vivemos numa pátria que até pode ser enaltecida por seus filhos, mas que de modo algum recebe amor. Se amássemos o Brasil não agiríamos desse modo tolo e direcionado, não aceitaríamos esse embuste de copa; pelo contrário, torceríamos sim como todo nosso orgulho e paixão, mas não abandonaríamos as questões que realmente importam. Faríamos juntos um clamor pelas melhorias que todos precisamos e queremos de verdade, e não perdendo tempo por causa de uma reles taça que até tem valor monetário e com certeza muito mais sentimental, mas que não pode de modo algum resolver nossas mazelas. É por acaso a taça da copa um artefato mágico capaz e nos trazer uma nova realidade nacional? Fará essa taça com que o Brasil passe a ser uma superpotência reconhecida pelas outras e ser assim tratada? Essa taça pode nos tornar de modo pleno, independente monetária, bélica ou politicamente? Ela irá evitar catástrofes ou tragédias como as que vimos recentemente no estado do Rio de Janeiro? Vai acabar com a corrupção? A resposta de qualquer um com mais de 5 de QI será NÃO! A verdade é que ela não tem importância nenhuma, é apenas mais uma ferramenta para manter a mente da nação ocupada e longe da realidade, para que não tenhamos tempo de parar, observar e comecemos a indagar o porquê das varias falhas de administração existentes. Com o foco, neste ano, na copa e depois em outras coisas sem importância real, como campeonatos estaduais e outros fatores que nem merecem ser citados, o povo não se volta para o fato que está diante de seus olhos todos os dias e que começam a se tornar gritantes.

E que fatos são esses? A realidade de nossas cidades quer no campo ou na zona urbana; criminalidade crescente, destruição da floresta, dos rios, jovens perdidos para as drogas, crianças vendidas e/ou prostituídas, saúde pública em colapso, superabundância de maus administradores e de corrupção, má distribuição de renda, pessoas sem ter o que comer ou vestir ou onde viver, analfabetismo digital, péssimas escolas públicas, saneamento que não atinge a todos, estradas sem condições de trânsito e outros tantos problemas; a lista é extensa demais para ser posta aqui.

E não podemos sequer culpar nossos administradores por todas essas coisas, afinal de contas um povo que não de ajuda não merece ajuda. Prova disso é que se alguém tenta reunir um grupo de cidadãos para cobrar alguma coisa ninguém se prontifica e quando alguns o fazem são bem poucos o que torna a reivindicação sem expressão ou força suficiente, tente reunir os moradores da rua para fazer um mutirão de limpeza e veja o resultado; agora convide-os para um churrasco regado à muita cerveja e será um sucesso. Isso pode parecer um exagero, mas é a verdade; a união para coisas assim só acontece quando há um evento calamitoso ou quando o descaramento chegou a patamares altíssimos. É por isso que pode até haver pessoas de boa índole tentando concertar esse país, mas esses logo se desiludem com o comportamento do povo ou são tragados pela corrupção ou pior são destruídos por ela.

Quando passarmos pensar de nós mesmos e a exigir baseados no que nós sabemos e vemos é que passaremos a amar essa nação. Mas enquanto nossa demonstração pátria for direcionada esse amor ficará apenas no papel e num que nem mesmo nós lemos, pois sequer sabemos cantar o hino nacional. Vejam o que aquela “cantora” fez com ele ano passado.

Mesmo assim ainda acredito que podemos mudar.

Vamos cantar nosso hino:

O rebolation, o rebolation.......hum acho que não é assim.

Você não vala nada, mas eu gosto de você!..... Também acho que não é assim.