"Um Juiz Infalível" ou "Benefício Por Bom Comportamento"

Claro que o senhor juiz Luiz Carlos de Miranda não errou ao decretar o benefício do bom comportamento ao pedreiro que matou seis jovens. Ele estava absolutamente certo. Tão certo que proibiu fotos suas nas entrevistas que concedeu sobre o caso. Mas não pensem que foi motivada pelo medo a proibição. Nada disso. Foi pura timidez. Quem pensa e age tão corretamente, tão estritamente dentro da lei, não tem o que temer.

Afinal de contas o estuprador teve um excelente comportamento nos quatro anos que ficou preso e merecia a redução de sua pena em seis anos. Nos quarenta e oito meses em que lá esteve, dando sossego à sociedade, o pedreiro não estuprou outros presos, nem policiais, livrou a cara dos carcereiros e não se engraçou com os delegados. Quer mais do que isso para confirmar seu bom comportamento? Um comportamento tão irrepreensível quanto o dos pedófilos que não atacam crianças quando estão presos e que também são liberados por bom comportamento antes do fim de suas nem sempre longas penas.

Defendo de peito aberto o senhor juiz Luiz Carlos de Miranda. Ele não errou. Quem errou foram os seis rapazinhos mortos pelo pedreiro. Quem os mandou morar na região dos assassinatos? Quem ordenou que se aproximassem do assassino? Quem foi que não incutiu neles a malícia dos adultos muito vividos? Desses últimos a culpa é maior ainda. Não a do excelentíssimo senhor juiz, tão absurdamente correto e apegado à letra da lei.

Todos nós sabemos que os pedófilos, estupradores e matadores em série são o sal da terra, o confeito do brigadeiro, a última bolacha do pacote, e que sem eles a vida não tem muita graça. Por isso, e apenas por isso, devem ser agraciados com benefícios diversos, tais como redução de pena, indulto de Natal, de Páscoa, Dia das Mães, etc., etc..

Só não entendo não haver indulto para os pedófilos no Dia da Criança. Uma data tão especial para os que tanto amam a meninada...

Os: Acabo de saber que o tal pedreiro foi encontrado morto em sua cela. Estava pendurado em uma corda improvisada com tiras de cobertura de colchão. Agora sim, está confirmado o laudo que o liberou antes: “não oferece risco à sociedade”. (Se é que houve tal laudo, é claro...). Já foi tarde. Tarde demais.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 18/04/2010
Código do texto: T2204753
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