Sobre homens, mulheres e presidentes

Dizem que, entre todos os seres em evolução, as mulheres foram os que mais cresceram. “Para qual lado?”, me pergunta um amigo espirituoso – e machista, como todo homem. Eu respondo que, a contar do número de mulheres que finalmente conquistaram o direito a votar ao número das que, hoje, frequentam academias de ginástica, as mulheres cresceram para todos os lados.

A considerar outras simbologias a avaliações de crescimentos, entretanto, tanto quanto sobre o homem, ainda não sabemos se as mulheres cresceram “para cima”, para níveis de consciência superiores, ou mais “para baixo”, para níveis inferiores – sendo percebida uma conquista dos níveis superiores de consciência naquele que, quer homem (sic) ou mulher, demonstra, em pensamentos, palavras e ações ter superado submissões aos paradigmas de julgamentos individual e socialmente prejudiciais, destrutivos, excludentes, estabelecidos há décadas por conservadores inconsequentes, sejam eles fundamentos de preconceitos contra uma suposta “nacionalidade superior”, raça, gênero, opção sexual, religiosa, condição social ou qualquer outro.

Maioria entre aqueles que representam uma pretensa “espécie humana”, depois de serem escravizadas por perversos de todas as culturas, as fêmeas tornaram-se definitivamente cônscias de suas condições a possibilidade de “se tornarem mulheres” – e/ou “homens” (sic) – principalmente com as influentes ideias da filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908 – 1986), que as classificou representantes de um “segundo sexo”. Mesmo que, tanto quanto a questão da origem primeira entre os ovos e as galinhas, não possamos saber com certeza quem nasceu primeiro, sendo o macho, na patriarcal mitologia bíblica, entre outras, “a primeira” das criaturas pré-humanas criadas por Deus, enquanto a mulher é seu apêndice, ou melhor, sua “costela”, uma parte dele e, portanto, considerada necessariamente “inferior”.

Faz tempo que resolvi a questão de saber sobre existências de seres inferiores e superiores entre os gêneros que pretensamente dizem fazer parte de uma “espécie humana”. Particularmente, não me incomoda saber que, em muitos aspectos, há pessoas, homens (sic) ou mulheres, muito superiores a mim, enquanto outras ainda estão muito distantes de alcançarem meu nível de pré-humanidade – mesmo que eu o considere ainda um tanto insatisfatório. Avaliações de eficiências em todos os ramos de atividades são o que de mais relativo existe a fazer em nosso meio, e então já não discuto se nós, homens (sic), em termos afetivos, somos mais grosseiros e, portanto, inferiores as mulheres ou se, justamente por que fazemos guerras – sejam elas de cunho individual ou social, pessoal ou mundial – na mesma proporção em que desenvolvemos inimigos ferozes, somos mais propensos a solidificar amizades verdadeiras, profundas, enquanto as mulheres dizem que, vias de regra, entre elas não existe propensão a tal nível de amizade, sendo mais dadas ao culto da superficialidade, da competição e da mesquinharia.

Por esta razão entre muitas outras, movidas por profundos sentimentos de posses, expressão de uma acentuada devoção consumista, por serem maioria tanto quanto pela necessidade de se mostrarem tão (ou mais) capazes que seus “rivais” masculinos (muitas vezes com ousada violência), muitas mulheres andam correndo a passar em concursos, terminando cursos superiores e pós-graduações mais rápido que certos homens, cada vez mais ocupando espaços administrativos outrora exclusivamente masculinos em empresas públicas, privadas e até nas Forças Armadas – uma vez que, como ouvi um amigo empresário dizer certa vez, “é preciso ter um coração duro por trás de um sorriso amável para administrar uma empresa. A contar com os exemplos de minha mãe, minha mulher e minhas filhas, como de outras mães, mulheres e filhas de amigos meus, aprendi que as mulheres são mestras nisso”.

A despeito das muitas teorias vigentes, dizem que “o homem (e as mulheres) é produto do meio” – sendo hoje também provavelmente produtos de e-mails. Creio que, do ponto de vista social, isso é relativamente percebido, enquanto uma avaliação mais atenta de nossa constituição biológica irá nos dizer que tal afirmação está absolutamente correta.

Fisiologicamente, depois da fecundação do óvulo por um espermatozóide, potencialmente masculino ou feminino, todos nós somos constituídos num útero a partir do cordão umbilical – que, então, alimentará o processo de evolução biológica a formar nossos corpos exatamente a partir do meio deles, ou mais precisamente do centro do sistema digestivo que, alimentados por diferentes tipos de temperos genéticos, formará nosso temperamento.

Ao crescermos, então, será a partir das influências do meio de nossa estrutura fisiológica que nos tornaremos “homens” ou mulheres assim ou assados, uma vez que um corpo onde há um pênis, ausência de útero e de seios, naturalmente não pode enxergar o mundo com o mesmo olhar daqueles corpos onde seios, úteros e vaginas se desenvolveram – salvo talvez quando acidentes genéticos, junto a outras influências sociais, serão responsáveis pela formação e desenvolvimentos dos homossexuais, masculinos ou femininos.

Em relação a determinismos naturais versus influências culturais, a intelectual norte-americana Camille Paglia, em seu livro “Personas Sexuais”, observou que, a despeito da existência dos chamados “pais biológicos”, “a maternidade é natural, enquanto a paternidade é social”, sendo talvez por isso mais fácil a maioria dos homens adotarem afetivamente não apenas seus próprios filhos, mas os filhos e as filhas de outras mulheres em companhia dos quais decidem viver.

Observe que, vias de regra, não é fácil para uma mulher aceitar o filho que o marido teve com sua(s) ex-mulher(es), principalmente quando tal marido é financeiramente mais abastado que ela e ela sabe que tal filho, ou filha dele, às vezes classificados como “bastardos”, tem os mesmos direitos à posse de certos bens materiais que, segundo a atual esposa - ou a outra - deveriam pertencer somente aos seus próprios filhos.

A cena final do filme “O Anjo Malvado” (The Good Son, USA – 1993 ), protagonizado pelo ator Macolin Calkin ainda criança, por exemplo, ao mostrar uma mãe abdicando de salvar a vida de seu filho perverso em favor de fazer sobreviver seu amiguinho, a despeito das muitas estapafúrdias fantasias produzidas pelo Cinema, é provavelmente a cena mais inverossímil já imaginada para uma obra de ficção.

Mesmo que sejam muitos os repúdios a intelectual Camille Paglia, detestada pela maioria das feministas do planeta por suas críticas aos fundamentos preconceituosos do Feminismo, não há o que contestar sobre a realidade do sentimento da paternidade como algo que paulatinamente se desenvolve na consciência masculina, uma vez que, não tendo úteros e, dentro deles, crianças a se desenvolver, não é possível aos homens (sic) terem ou mesmo somente compreenderem certos sentimentos maternos – o que não significa dizer que, por causa disso, as mães necessariamente “amem mais” os filhos do que nós, pais, ou que elas sejam "mais eficientes" no que diz respeito à promoção de sua educação.

Por causa de tantas variáveis comportamentais entre os sexos, então, talvez seja mais fácil entender por que partiu dos homens (sic) a ordem para que sejam salvas, primeiro, as mulheres e as crianças em momentos de aflições, quer quando tais aflições são resultados da ignorância e da perversidade desumana - provocadas por homens (sic) ou, num futuro próximo, por presidentas mulheres de más vontades - ou quando as aflições forem consequência das muitas intempéries naturais que aconteceram e que ainda advirão sobre nós.

Contudo, dita por homens (sic), assim como outros atos, tal máxima foi (e é), na verdade, muitas vezes mais estimulada por um natural impulso atávico inconsciente, acionado pelo instinto de sobrevivência, do que propriamente uma expressão de um genuíno e deliberado ato de “amor cristão” pelos semelhantes.

Para contrariar estereótipos, portanto - ou talvez para reforçá-los - devo dizer que não creio serem as mulheres “mais dóceis” que os homens (sic). Dizendo assim, não afirmo, entretanto, como se fazendo vista grossa ao que nos conta a História, que os homens (sic) são “melhores seres humanos que as mulheres”, embora me negue a afirmar que “os homens serão sempre os grandes vilões da humanidade".

Por muitas razões, enfim, não votarei em qualquer mulher para Presidenta de meu país, ou de qualquer outro onde possa estar naturalizado. Contudo, isso não significa dizer que “votarei sempre exclusivamente num homem” (sic) para cargos de comandos, mínimos ou máximos, em setores da administração pública nacional, estadual ou municipal. Exercendo minha liberdade de escolha - e a despeito de depositar um tanto de esperança em um político de minha cidade - faz anos que não voto em ninguém para nenhum cargo público. Porque os SIC’s que ponho entre parênteses, depois do substantivo masculino “homem”, deve dizer aos meus leitores que, infelizmente, quer homens (sic) ou mulheres, creio que nenhum indivíduo ou grupos deles parece poder ainda representar integralmente os valores do grandioso Projeto Humano e sua incontestável característica essencial de benevolência universal que, há milênios, queremos ver imperar a finalmente fundar definitiva paz e prosperidade na Terra dos homens e das mulheres de boa vontade.