É sua a decisão I...

Em tempos de Copa do mundo, ‘retomei’ em minha mente a fala de um antigo craque da seleção brasileira de futebol ao conceder reportagem a uma emissora de rádio. De origem humilde, o craque, que foi ‘crucificado’ por tentar ‘virar o jogo’ de um lado para outro do campo, quando houve a interceptação da jogada por um esperto e atento atleta da equipe adversária e que deu destino certo para a jogada posterior que acabou resultando em gol para sua equipe. Bastante ‘desconsolado e acabrunhado’ por ter sido ‘peça chave’ na desclassificação do selecionado devido à derrota naquela partida, o atleta não se furtou em dar o seu depoimento e que, para mim, resume em cada área de atuação em nossas vidas o que não damos o devido valor e que realmente é marcante:

“Bem, sei que errei e tenho consciência disso. Sei que especificamente em uma partida de futebol e principalmente em uma partida decisiva de copa do mundo, como foi esta de hoje, aquele que está de posse da bola torna-se a figura principal do confronto, sobre o qual estão voltadas todas as atenções daqueles que estão assistindo, ouvindo, comentando... a partida! Guardadas as devidas proporções, aquele que tem o domínio da bola naquele instante, torna-se um semideus sob o ponto de vista decisório... Ele e somente ele deverá decidir o destino seguinte que deverá ter ‘aquele simples instrumento de trabalho’. Dentre outras decisões, poderá tentar carregar a bola avançando pelo campo adversário, poderá ‘passar a incumbência’ de decisão para um companheiro de equipe que esteja mais próximo ‘tocando-lhe’ a bola, poderá com a máxima potência chutar a bola para frente em direção ao campo ‘inimigo’, poderá tentar um drible se houver algum adversário que se apresente para tentar ‘roubar-lhe’ a bola, poderá também com potência, chutar a bola para que a mesma saia do campo de jogo dando subsídios para que o time adversário a reponha e fique com seu domínio, poderá recuar a bola para um companheiro que esteja posicionado em seu campo de jogo ou poderá, como foi a minha decisão naquele instante, tentar ‘virar o jogo’ para lançar um companheiro desmarcado que se encontra no outro lado do campo, completamente desmarcado e que poderá iniciar um ataque perigoso para a esquadra adversária. Infelizmente (ou felizmente...) há atletas também preparados que estão ‘do outro lado’ e, em sendo assim, tive o desprazer de ver minha tentativa de passe ser interceptada por um atleta ‘inimigo’, que deu boa seqüencia ao lance e teve a felicidade de ver a concretização do gol para sua equipe...”.

Embora, como milhões de aficionados, eu também tenha ‘achincalhado’ o atleta por seu lance infeliz naquela partida, à medida que fui analisando e me detendo principalmente na explicação que foi dada pelo ‘humilde atleta’, fui me dando conta de quantas vezes tinha tomado decisões não muito corretas em minha vida!

‘Caí em mim’ que há decisões que precisam ser tomadas em frações de segundos e que são irreversíveis, sendo que às vezes, marcam definitivamente nossa existência. Obviamente que no caso específico deste suposto erro cometido pelo ‘solerte’ atleta, de forma geral não houve grandes traumas para a seqüencia de sua já vitoriosa carreira, bem como não houve grandes traumas também para a vida de outrem e, quiçá, para o seguimento normal da vida da sociedade brasileira. Houve até certa comoção no meio jornalístico especializado no esporte que, ‘num repente’, num lance infeliz de um atleta de nossa seleção, perdeu a chance de prosseguir com seus trabalhos, alavancando audiência, tendo grandes faturamentos em patrocínios, etc. em havendo um prosseguimento de participação do selecionado canarinho até o final da competição!

HICS
Enviado por HICS em 06/06/2010
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