Que idade temos?



Acabei de fazer aniversário.E como sou uma mulher “madura”, admito que o passar dos anos me incomoda um pouco.Sei que essas inquietações da idade muitos as sentem, até porque vivemos numa sociedade excludente onde somente quem é jovem tem vez.E mesmo que na prática facilmente se comprova que a experiência sempre faz um diferencial positivo, ainda somos reféns de uma mídia poderosa que privilegia os corpos sarados e o frescor da juventude em detrimento do conhecimento e do talento.E como a mídia,principalmente a televisiva,tem forte domínio sobre as pessoas,ditando moda,conduta e valores (infelizmente), a gente ,à medida que vai envelhecendo,vai, pelo menos em algumas situações,sucumbindo aos padrões vigentes e passamos a perceber que já não atendemos a um monte de requisitos sociais, principalmente do mercado de trabalho.Passamos,mesmo sem querer,mesmo com as emoções nos "gritando" o contrário, que temos de nos adaptar aos estereótipos,que temos de nos enquadrar ou nos encasular em nome do bom-senso.

Sempre preciso fazer uma pausa, pois tenho tendência à prolixidade e quase sempre me perco em minhas considerações.Quem me faz a gentileza de ler os meus textos com uma certa frequência,já teve ter notado essa minha maneira prolixa e confusa de dar o meu recado.Acho que já virou até um estilo próprio,pois nunca vou diretamente ao ponto.Cada um do seu jeitinho,não é mesmo? 

É que na verdade, acontece um fenômeno com as mulheres (ou será que é somente coisa minha?).Quando a gente vai se conhecendo um pouco mais, quando a nossa autoestima é trabalhada e vamos desfazendo nossas amarras, a gente vai se “achando”. Passamos a nos ver mais bonitas, fazemos as pazes com o espelho, passamos a nos aceitar como somos e nos descobrimos belas e “prenhas” de amor.

Então fica estranho, pois a gente ouve (e muito!) que isso não pode pra certa idade, que aquela roupa não fica bem em fulana, que aqueles cabelos longos estão ridículos em sicrana e que...Bem,os estereótipos estão aí, fazem parte dessa sociedade moralista e eternamente debutante.No entanto , eu me vejo mais bonita agora do que fui outrora. Não quero meus vinte anos de volta. Nunca quis. A minha nostalgia se resume (creio eu), mais no que é imposto pelos outros e que, apesar de meu crescimento pessoal ainda me incomoda, do que pelos anos somados na minha identidade.

Dou graças a Deus por ser quem sou.E cada vez mais conheço pessoas lindas que se tornam cada vez mais lindas com o passar do tempo. É como se a ternura verdadeira, a amorosidade plena só fosse possível depois de muito caminho trilhado, depois de muito choro, de muitas batalhas com a vida e, principalmente, depois de muitas contendas com nós mesmas.

Aí a gente fica assim, como me sinto agora: mais velha fisicamente, oficialmente, mas com um brilho nos olhos, com um sorriso resgatado que há muito se perdera.Sinto-me mais menina que antes, mais mulher do que fui e com qualidades recém-descobertas que me conferem um status nunca antes alcançado.

Ah, essas inquietações que o tempo nos traz...
amarilia
Enviado por amarilia em 27/07/2010
Reeditado em 13/08/2013
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