As Colunas de Mármore

“A mentira das palavras transparece nos gestos indeliberados” (Hélio Sodré)

Oh, quanto indignados, ofendidos ficamos quando percebemos alguém falso. Revoltados estamos diante de um fingido, um hipócrita! Assim, notamos facilmente a insinceridade... Basta reparar nos olhos, na fisionomia, nos gestos, em todo o corpo, enfim. A alma não nos deixa mentir.

Antigamente, em Roma, os fornecedores de mármore para os monumentos públicos ocultavam os defeitos das colunas cobrindo as rachaduras com cera. Após a construção, por efeito do sol escaldante, derretia a cera e os defeitos todos apareciam enfeando o edifício... Então, o senado romano aprovou lei a exigir, sob pena severa, que todo o mármore utilizado em obras públicas fosse sem cera (sine cera). Eis a origem da palavra sincera.

Nos corações dos insinceros as colunas são igualmente defeituosas, com falhas disfarçadas pela cera da falsidade. Esses corações de cera passaram pela vida afora enganando, mas sofrendo por fazer da vida algo sem valor, sem fibra moral.

A sinceridade é virtude admirável dos santos e puros de coração. Não querendo aqui que todos sejam santos, pois sabemos de nossas falhas e imperfeições humanas. Porém, que procuremos ser verdadeiros, fiéis e simples como São Francisco de Assis: “onde haja ódio, faze que eu leve o Amor; onde haja erros, que eu leve a verdade (...)”

Diego Rocha