O DIA DO MAÇOM

O DIA DO MAÇOM

Instado pelo venerável mestre desta Loja 12 DE MARÇO DE 1537, Francisco Bento de Araújo, a apresentar trabalho pela passagem do dia do maçom logo me acometeu preocupação, normal em quem se arvora a escrever sobre tema de tal magnitude. A dúvida: faria um trabalho ortodoxo para contar o surgimento do maçom e da maçonaria, desde o início até os dias atuais? A rememoração, com o surgimento, efemérides, aquele tipo de abordagem histórica acadêmica a quedar-se em si mesmo?

Ou seria um trabalho cuja feição tal qual fotografia amarelecida pelo tempo, a ser contemplada de tempos em tempos, a se constatar o passar dos anos em cotejo com as imperiosas transformações por nós sofridas? Optei, no entanto, pelo método socrático - a maiêutica - com perguntas e respostas, mais perguntas que respostas, mormente neste preocupante momento pelo qual passa o maçom e a maçonaria em especial.

Há como separar a maçonaria do maçom, seu elemento forjador? Por que o dia dos maçons? Porque no dia vinte de agosto de 1822, durante uma sessão maçônica, foi solicitada a D. Pedro I a Independência do Brasil. O pedido foi atendido pelo Imperador e dias depois às margens do rio Ipiranga foi proclamada a Independência; por isso, hoje, o dia do maçom é comemorado nessa data. Teríamos o que comemorar? Estará a maçonaria atual mancomunada, me permitam o neologismo, antenada com as exigências da sociedade atual?

Faz-se necessário uma comparação entre a maçonaria passada e à de agora? O homem está em constante ebulição, inquieto, sempre a buscar novos caminhos numa vertiginosa procura para melhorar a si mesmo e a coletividade. Por que tal anseio passa ao largo da maçonaria e do seu sucedâneo, o maçom? Podemos situá-lo em face dos fatos atuais, as vicissitudes sociais: é correta sua postura de indiferença?

Embora saibamos que a história não se repete, o modelo passado não deveria influenciar sua atitude, hoje? Vemos a maçonaria atual tal qual aquele pai que conta ao filho - alheio e indiferente - as dificuldades vivenciadas e superadas no passado, na tentativa de conscientizá-lo das responsabilidades a ser assumida no presente. A escolha do profano a ser iniciado não deveria ser submetida a outro processo de escolha, após um acurado período de observação, independente das qualidades do padrinho, seu apresentante?

Não será, hoje, a graduação no mundo profano a credencial maior para a sua aquisição pela Loja, a ignorar outros valores em detrimento da máxima: liberdade, igualdade e fraternidade que deve preponderar? O objetivo maior não deveria ser sua vocação para harmonizar com os irmãos, sua vocação para o social, para a filantropia? Qual seria o modelo do maçom ideal? Seria aquele engajado nas causas nacionais a exemplo do que ocorria no passado, cuja repercussão é bem conhecida?

Ou seria a do maçom pragmático, retórico, alheio à maçonaria enquanto prática da filantropia, preocupado apenas em se fazer presente em sessão magna cingido de medalhas de vários tamanhos e de vários matizes?

Nesta data de comemoração faz-se necessário que reflitamos, que encontremos uma saída para a inércia em que nos encontramos; deixemos de lado o bater malhete sem objetivos imediatos. Talvez seja este o fator a desmotivar, a ensejar o constante abandono de Loja por irmãos de boa estirpe, imbuídos do verdadeiro espírito maçônico (Genilson Pontes, Jair Uchoa e outros).

Recentemente, Heldon Soares comentou em Loja declaração ouvida de irmão pertencente a outra potência, frustrado, perplexo, desencantado com a maçonaria. Não será essa decepção fruto da ausência de comprometimento daquele irmão ao entrar na maçonaria? Ou seria resultante dos questionamentos feitos acima? È hora de uma sacudidela para que possamos haurir um pouco do esplendor da maçonaria passada.

Urge que algo seja feito, pois a falta de motivação está à porta a eivar a maçonaria de Pernambuco, independente de qual seja a potência. Nesta data, aliada ás festividades, reflitamos de forma decisiva antes que a maçonaria acabe, a ignorar o legado deixado por aqueles irmãos que ajudaram a fortalecê-la para que continuemos, assim, a transmiti-la às novas gerações. PARABÉNS. Olinda, 20 de agosto de 2008.

Autor: Antonio Luiz de França Filho –

Advogado e aposentado da Celpe

Membro Honorário da Academia Maçônica de Letras de Olinda

Loja 12 de Março de 1537 - Bairro Novo/Olinda

CIM nº 191.699 e-mail:antoniofranca12@yahoo.com.br

ANTONIO FRANÇA
Enviado por ANTONIO FRANÇA em 18/11/2010
Reeditado em 28/03/2013
Código do texto: T2622805
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