TROPA DE ELITE III

Com lentes tridimensionais, make-off:

Coincidência ou não parece que a arte que imitou a vida nas telas do cinema brasileiro agora dá a sua tréplica real nos morros do Rio de Janeiro. Nossa arte é tão boa que desta vez conseguimos um realismo impressionante...nunca antes visto nesse país.

Quem diria que o conflito de tal monta aconteceria ao vivo, nessas cores tão tristes duma sociedade tão agonizante por paz.

De quem seria a culpa do que ocorre? Há tanto tempo já se sabe da situação calamitosa que ali reinava, dando-nos a impressão de que a tudo ocorria solto. Sei que não, mas era a impressão que se tinha...de longe.

Quanto tempo de descaso político ao logo da nossa história foi necessário para se montar o tal cenário conflitante de horror?

Seria necessário uma Rede Globo com sua equipe de jornalismo, com o seu "globocop" e com o seu aparato de artes cinematográficas para sensibilzar o poder público frente a uma calamidade de tamanha convulsão social e perda de controle?

Penso que o filme global talvez tenha mexido com o sentimento e com o brio das autoridades por ora responsáveis pela ordem, posto que o que na tela nos foi mostrado, embora ficção de arte baseada no real , é de arrepiar até ao expectador menos sensível para a problemática política e social do país, e não apenas a do Rio de Janeiro.

O fato é que dramaticamente estamos em guerra civil, não vejo outra melhor qualificação para o conflito lá na nossa maravilhosa cidade, a que paradoxalmente foi escolhida para sediar as olímpiadas, o evento desportivo histórico que simboliza a paz entre os povos do planeta.

Difícil se ser um coração brasileiro a olhar e sentir as imagens que correm o mundo, e não seria necesário ser sociólogo ou antropólogo ou qualquer outro técnico em ciência social para a previsão de que algo de muito grave explodiria por ali no decorrer do tempo.

É incrível perceber e constatar tão de perto o que sempre nos foi relatados nos compêndios de História, o fato de que há de se guerrear para objetivarmos a paz, o paradoxo dos paradoxos mais impressionantes que meus olhos já viram no nosso tão próximo entorno.

Algumas cenas curiosas nos chamam a atenção: aquela dos personagens correndo o morro acima, aglutinados, a fugirem da polícia que não os capturou. Foi isso mesmo?

Não entendo aquilo. Não seria aquela...a hora?

Não seria preciso uma operação de tática mais...profissional?

A tal cena mostrada pela televisão nos reporta a uma simples dedução: estamos diante duma situação difícil, deveras, muitos inocentes no entorno, um desafio importante para a inteligência policial do Brasil, aquela que estuda a "ciência " de resolução para os crimes de toda sorte.

Uma boa hora para se repensar o que ocorreu no Brasil, que na minha mera opinião, assiste atônito e refém ao triste desfecho social de décadas de abandono do povo por parte dos governos. Essa me parece a mais triste das verdades, aliás, nenhuma verdade se esconde por muito tempo, isto é fato da lei Maior.

Penso que o momento que o Rio vive é muito delicado porém denota extrema coragem de iniciativa do seu governo atual e portanto, temos que aplaudí-la.

Estava mais do que na hora de alguém fazer alguma coisa e torçamos para que, de fato, os nossos próximos governantes não façam da costumeira negligência política um próximo lugar comum.

Rezemos pelo Rio, pelos cidadãos de bem, pelos policiais da forças de operação, e pelos governantes que fazem corajosamente o seu papel.

Peçamos pelo Brasil, para que num futuro bem próximo trilhemos pela paz e pela justiça social, aquelas tão defendidas com os recentes discursos das palavras,e não apenas por aquelas que comtemplam a poucos alguns.

Roguemos para que as nossas próximas artes cinematógraficas saiam da nossa triste realidade de tantas ( e de todas!) dimensões e fiquem apenas nas telas dos cinemas a nos mostrar realidades mais amenas, menos dimensionais, que nos agreguem esperança à nossa capacidade de acreditar que ainda podemos ser...bem além das telas...além dos artefatos das tropas de elite e dos artefatos...DAS ELITES.

Muda o filme, Brasil!-porque esse estamos horrrorizados e cansados de vê-lo.