Etnias

Etnias

 Sempre que retorno a minha cidade natal Salvador, me transporto a minha infância e adolescência pois naquele período a americanização era muito forte.

 Sendo criança não entendia porque as negras tinham que "espichar" os cabelos com chapinhas de ferro que eram colocadas no fogo e depois queimavam barbaramente os fios e também o couro cabeludo, ato que matava fio a fio de cabelos mas tudo em nome dos cabelos "lisos".

 Quando finalmente no meado dos anos setenta com o a criação do Bloco Afro  Ilê Ayê as negras e negros deram seu segundo grito de “liberdade” no Curuzu, bairro da Liberdade e assumiram belamente toda sua negritude com tranças, contas e búzios nos cabelos carapinha lindo e negro.  

Achava muito lindo tudo isso tinha orgulho de morar naquele bairro de ver a negrada subir e descer a rua com seus lindos penteados afro.

Hoje, já sendo quarentona morando em outra cidade do meu país, onde não tem muitos negros quando retorno a minha cidade fico um tanto quanto decepcionada porque as "negonas" não são mais "negonas",  com tantas "escovas" lançadas no mundo para  o enriquecimento das fábricas de cosméticos.

Mais uma vez as tranças foram esquecidas e com isso,  a negritude também,  respeito quem goste mais nada como um lindo cabelo carapinha muito bem trançado na cabeça de um lindo negro ou de uma linda negona pois por mais que quisermos negar a nossa origem a  cor e a cultura fala mais alto.

Clara de Almeida
Enviado por Clara de Almeida em 07/01/2011
Reeditado em 15/07/2020
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