Barbárie Ambiental, ou Um Novo Ensaio Sobre a Cegueira?.

O objetivo deste texto é discorrer acera dos problemas enfrentados pelo homem na contemporaneidade. No bojo de uma das maiores crises humana já vivida: a crise ambiental, política e econômica.

Em Origenes de La Filosofia Materialista, o filósofo George Novack, chama a atenção sobre os dois campos principais da filosofia: O Materialismo e o Idealismo. O autor argumenta que, de acordo com as respostas dadas pelos filósofos há três grandes perguntas poderiam determinar a posição deste, entre as duas vertentes. Tal análise torna-se fundamental já que a objetificação da natureza de Kant, combinada com o modelo industrial do capitalismo, tem levado a humanidade há uma crise gigantesca, principalmente após a queda do socialismo no leste europeu, refletindo igualmente em uma crise de ideologia.

A reflexão crítica aqui, não se propõem a um reducionismo ou artificialismo idealista como o Ecocentrismo, Biocentrismo, e Sensocentrismo; mesmo que em pontos importantes possam apresentar certa relevância, de fundo, permanecem sem apresentar saídas reais há humanidade. Isso ocorre na medida em que o próprio capitalismo em sua natureza predatória elimina todas as possibilidades de ambientalismo por dentro de seu sistema. Ou seja, sem rompê-lo definitivamente, o mundo sustentável permanecerá nos discursos de dias de festa e na lei: tal como, o direito à educação, habitação, saneamento, emprego, saúde, etc.. No Brasil, desde 2007 com a implantação do PAC tivemos um impulso fantástico sobre o prisma da economia: bancos, corporações e multinacionais bateram recordes em seus lucros. Embora esse salto tenha representado na prática, subsídios à população. Tal aceleração da economia capitalista resulta, sobretudo, em um impacto ambiental indiscriminado sobre o manto do discurso ambientalista. A construção da transposição do Rio São Francisco, e a usina de Belo Monte, testemunham a nosso favor. A necessidade de crescimento econômico do capital depende do seu avanço sobre a natureza de forma anárquica. Mesmo as obras ditas “ecologicamente corretas” como as PCH`s escondem uma farsa sem tamanho, já que, ao abrir mão de grandes usinas passou-se a pipocar centenas de pequenas centrais hidreelétricas; com maior divisão de verbas entre concorrentes e mais desvios de financiamento público.

Vemos que, a contemporaneidade transformou como alertava Marx , não apenas a natureza em objeto como também o ser humano. As relações humanas, das mais simples e primitivas como o sexo, às mais complexas como o desenvolvimento artístico, e tecnológico tornaram-se, pois, mercadorias alienantes a serem consumidas; A defesa de estudos ambientais que outrora, garantiam o impacto controlado do ambiente, hoje, potencializada com a crise que exige o aumento produtivo, tornaram-se como tudo, um mero mercado à se obter lucro, e como tal, sujeitas as mesmas leis da livre concorrência. Assim a cegueira que na ficção de José Saramago nos faz temer a própria humanidade frente a uma situação de caos. A partir de uma súbita e inexplicável epidemia, que revela a desorganização e a superação dos valores mais básicos da sociedade. Na vida real, esta mesma doença chamada alienação, consagrou a ideia de progresso como à esteira da humanidade na história. E revelou, por outro lado, as contradições desta política, sendo escrita na história como o século das crises. Seguramente este é um século de grandes contradições, mas um dos mais interessantes.

REFERÊNCIAS

NOVACK, George Origenes de la Filosofia materialista – México – Ediciones Hispanicas, 1987, pag.19 a 28.

LEFEBVRE, Henri. Lógica Formal e Lógica Dialética – Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1995, pag. 236 a 241

MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã – Feuerbach, São Paulo: Grijalbo, 1977, pág. 53 a 77.

SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras. 1995, 310 p.