O custo da escuridão

O custo da escuridão

Em meados de março de 2011, faltou energia na ponte que liga Niterói ao Rio de Janeiro. Por mais de 24 horas as pistas ficaram sem iluminação noturna trazendo altos riscos de acidentes e sem os painéis informativos ao longo do trecho. Neste período, um funcionário eletricista morreu e a administração só comunicou o fato às autoridades após 6 horas da ocorrência! Tempo bastante para que o local da tragédia seja modificado e dificulte as investigações sobre as causas do “acidente” (?).

Curiosamente, na praça do pedágio não faltou energia. Certamente existem geradores no local para serem acionados em caso de pane no sistema elétrico regular. As tarifas (elevadas) continuaram a ser cobradas apesar do serviço não estar sendo atendido em sua totalidade. Se pelo menos fosse concedido um desconto de 50% durante o evento, diríamos que estava sendo feita justiça em relação aos usuários do serviço.

Tal cobrança prosseguiu regularmente porque os gestores da empresa sabem que não existe fiscalização de um órgão público que os obrigue a cobrar de acordo com os serviços prestados.

E também porque sabem que nosso povo não tem a capacidade de se indignar e agir com veemência contra todas as roubalheiras cotidianas que são praticadas contra nós por gestores públicos e pelos que patrocinam suas campanhas eleitorais para manter este “esquema”.

A turma que um dia pendurou faixas no Pão de Açúcar para manifestar posição em defesa de algum tema ecológico (louvável) a favor do bem do planeta, neste caso local não emitiu nenhum registro.

A galera que entope a Rua Alzira com 50.000 pessoas durante jogos de futebol da copa do mundo, também não publicou uma linha de protesto em seu site nem sugeriu algum tipo de ação contra o absurdo acima. Aliás, não fazem isto nem quando os problemas afetam as imediações de suas residências ou o cotidiano de seus herdeiros. Não reúnem nem 250 pessoas num domingo.

Mas compreendemos esta atitude passiva da população: no momento estava em andamento mais uma versão do Big Besta Brasil e os tele expectaburros estavam deprimidos por ainda não saberem para qual número deveriam contribuir com alguns R$ reais para salvar um “gênio” colocado no “paredão”.

Haroldo P. Barboza – Vila Isabel / RJ

Autor do livro: Brinque e cresça feliz

Haroldo
Enviado por Haroldo em 19/03/2011
Código do texto: T2857261