A ÉPOCA DO MEDO

Os assaltantes não respeitam mais as câmeras de segurança das cidades, furtos são freqüentes em quase todos os centros urbanos. Os presídios “fervem” como uma panela de pressão prestes a explodirem, onde milhares de presos se amontoam para serem cuidados por cinco ou seis agentes prisionais. As drogas crescem alucinadamente, numa rapidez que a polícia que por sinal é muito mal remunerada não consegue coibir. O desrespeito aos animais em nome de “eventos culturais” sobrepondo à legislação vigente que pune os maus tratos a eles, se torna cada vez mais corriqueiro. A família se desestrutura, as mulheres, os adolescentes e as crianças muitas vezes sofrem violência desmesurada pelos próprios “entes queridos”. Muitas igrejas já se tornaram antro de luxúrias, onde “lobos” em pele de “cordeiro”, molestam crianças para saciarem sua concupiscência. Médicos abusam das pacientes, advogados matam pelo Brasil afora, engenheiros constroem apartamentos com areia de praia, administradores planejam golpes milionários, professores se trancam com alunos em motéis, é o chamado caos social que se instala na sociedade contemporânea. Estamos numa escala involutiva, ganhamos em quantidade e perdemos em qualidade. O desrespeito é a ação que antecede a violência. Quando um político é corrupto, ele desencadeia um efeito dominó que navega por todas as camadas da sociedade. A meritocracia no Brasil já é rara. Hoje a maioria dos cargos públicos é ocupada por inaptos, sem a qualificação para exercerem as funções delegadas, apadrinhados por políticos incompetentes. E o mundo gira, o caos aumenta, a teoria salta aos olhos, mas a prática é divergente. Hospitais lotados, mendigos e drogados aumentando em escala hedionda. A família se deteriora pelo poder do crack. A libertinagem domina a televisão com programas que são um lixo. Nesse momento, lembrei-me de Epícuro que comparou sua filosofia à medicina querendo ser o médico da alma. Ele curava as doenças corporais com medicamentos, mas o espírito com a força de um exemplo. Não adianta reuniões, discussões inertes, demagogia política e blá,blá blá. Precisamos agir, com seriedade e profissionalismo, para desinstalar o caos, e como Epícuro, achar mesmo no fim do túnel, que a vida pode ser doce, feliz e sempre digna de ser vivida.