A desgraça anunciada na Escola do Rio de Janeiro.

Meu coração de professor sangrou hoje! Sangrou porque não consigo ser pai, ser mãe, ser psicólogo e, muito menos, ser um Deus de muitos braços, que possibilitem abraçar, proteger e ser o escudo dos pequeninos do nosso mundo ao mesmo tempo! A Desgraça do sócio-interacionismo, este mesmo que foi teorizado, interpretado e compreendido em sua forma mais torpe, que é a de dar condições para nossas crianças aprenderem em sociedade, pode e deve cair por terra.

Interação sim, mas em que tipo de sociedade? Como é possível a interação humana, a construção de valores concretos, a disseminação do amor e o respeito à vida dentro de monumentos frios, sem conforto, sem identidade, como são as escolas nos dias de hoje?

Se pelo menos, os pais, chamados muitas vezes que são para dentro da escola, tivessem a perspicácia de compreenderem que realmente eles deveriam estar dentro das escolas com seus filhos, o engano social não estaria tão instalado.

Tenho certeza que os progenitores deste País, hoje, mais do que nunca, abraçaram seus filhos queridos e pensaram em nunca mais largá-los! Porque é fácil imaginar que a sociedade cuida dos seus filhos, confiar-lhe o crédito, até se depararem com uma desgraça como a que aconteceu hoje no Rio de Janeiro.

Não precisamos de ronda escolar, precisamos de polícia escolar! Quantas? Não sei! Quantas serão necessárias para uma escola que comporta quase mil alunos em um único período? Quantos policiais serão necessários para proteger tantas vidas?

Onde estão nossos psicólogos, nossos psiquiatras, nossa gama de psicopedagogos? É muito fácil, mais uma vez teorizar, debruçar-se em manuais ultrapassados e emitir opiniões bonitas na televisão. Difícil é fazer parte desta mesma sociedade destruída, sentir as dores dos desamparados, sentir o medo na alma e ficar perdido dentre tantos caminhos obscuros.

Devemos sim, começar uma caça às bruxas, porque elas, as bruxas da nossa sociedade, estão magicamente transformadas em princesas e tentando fazer do Brasil um conto de fadas! Não se iludam! Prestem atenção às falas dos que aparecem!

Esquizofrenia que nada! Tudo isto é maldade construída no interacionismo doentio, confundida com pacatez e timidez. Nunca ouvi dizer que timidez é saúde mental, ao contrário, a saúde mental está em quem fala, reclama, chora, grita e não aceita o cabresto social da ignorância que querem impor alguns.

Pais e mães venham para a escola! Segurem na mão de suas crianças, porque elas não conseguem andar sozinhas, ao contrário do que tenta passar o aparato social.

Saibam que os cursos de Licenciatura estão diminuindo consideravelmente no País, porque os professores estão desgastados, surrados, incompreendidos e limitados na sua jornada! Caminhar na docência tornou-se uma epopéia inimaginável!

Sob a ótica do fato isolado, nada se faz e tudo se justifica! O que não se justifica é um ex-aluno de uma escola do Rio, comprovadamente doente, ter permissão para adentrar a escola para ministrar uma palestra! Se, ao contrário, quem deveria ser pago para adentrar nas escolas e zelar pela saúde mental de nossas crianças não consegue uma vaga para atuar neste campo. Na verdade, não são criadas vagas de emprego para pessoas que cuidam da saúde mental de nossas crianças.

Religiosidade tolerada é uma coisa, mas religiosidade corrompida pela má interpretação de onde está o poder de julgar é ignorância! Por isso digo em alto e bom som: Quem deu a alguns, confundidos pela anuviada visão a respeito do divino, a pretensa autoridade de julgar e direcionar pessoas para seus propósitos pessoais?

Pensar o amor é pensar o outro, simplesmente o outro, (mesmo que em sua casa não tenha uma migalha de pão dormido) e não, sonhar com ouro, com carro novo, vitórias pessoais, bênçãos direcionadas! Porque, disse Deus: “Deixai vir a mim os pequeninos”. Sendo assim, os grandes não devem se aproximar.

Eu condeno o “deixa pra lá”; o “acontece em qualquer lugar do mundo”; o “foi uma fatalidade atribuída”; o “vamos superar”.

Afinal, tudo isto se trata de violência recebida, violência aprendida, violência repartida. Neste momento todos sãos as vítimas? Sim! Inclusive o atirador da escola no Rio de Janeiro? Sim! Mas por favor, não tentem pedir para esquecermos mais uma vez, porque assim já é demais!

Antonio Marques de O Santos
Enviado por Antonio Marques de O Santos em 08/04/2011
Reeditado em 06/06/2013
Código do texto: T2895942
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