Outro amor

Me confessa que gostou

Do meu papo bom

Do meu jeito são

Do meu sarro, do meu som

Dos meus toques...

(Bebel Gilberto / Cazuza / Dé Palmeira)

- Ela faz a sua parte, como mãe

- Ele, a dele, no papel de filho

Cada um com sua história e histórico de vida. Quem vive aqui nesse Planetinha de tantas variedades existenciais, tá exposto a tudo, eu sempre falo, muita coisa é a gente que escolhe, considero também que cada um de nós, de alguma maneira, é responsável pelo próprio destino... Viver é risco!

A realidade, não se cola com cola de maresia. Eu que adoro poesia, queria minha vida doce, com águas mansas e luar. Mas na real, tenho que pensar em ganhar dinheiro para me auto-sustentar, poesia me enche de alegria, mas não me mata a fome quando o estomago está vazio. Ser humano sem vida financeira é bola fora, até na sinuca entre amigos, onde também se têm aposta...

Ela chora o filho envolvido com drogas, coisa essa, que está no mundo desde sua iniciação. Duro para uma mãe ver ser filho de apenas 16 anos se consumindo nas drogas, física, mentalmente, emocionalmente. De ambos os lados é difícil, só convivendo com essa realidade para saber o tamanho do buraco negro que isso leva uma família.

Eu não sou mãe, mas tenho sobrinhos e sobrinhas, lindos, e jamais gosataria de ver nenhum deles nesta condição. Sei que conviver com isso não é fácil não! Já vi muitos pais empurrando o problema para frente, sem saber o que fazer, sem conseguir lidar com a situação, e a coisa vai se complicando cada vez mais. Apoio familiar nessas horas é essencial e quem não tem, tá ferrado!

Essa jovem mãe que eu vou chamar de Vitória, até pela força do nome, na adolescencia também esteve envolvida com drogas, e se recuperou, resisti bravamente ao vício, que para muitos se torna um bicho pesonhento e atormentador.

O filho segue o mesmo caminho, aqui ele vai se chamar Gabriel. Esse jovem passa dias fora de casa, no meio de situações pesadíssimas, apanha de traficantes, da polícia e as vezes da mãe, que exige de si mesma uma estrutura psicológica além do normal para lidar com isso, e que também precisa de apoio e amor incondicional.

Ela me pede de ajuda, pede conforto. Eu ouço sua fala, ouço sua dor, ouço sua angustia. Ouço seus lamentos, ouço seu choro, ouço seu desespero. Reconheço o tamanho do amor que ela tem pelo único filho, a vontade grande de salvá-lo. Nessas horas eu a vejo como uma formiguinha, que mesmo pequena, diante dos riscos, ela vai a luta, percorre os mesmos caminhos obscuros, a fim de resgatar seu menino... Uma mulher e mãe guerreira, que não desiste, que não abandona. Que se preocupa, que vai atrás, que busca ajuda... Seu sofrimento é grande. Até quando, ela me pergunta... E eU também!

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 06/05/2011
Reeditado em 06/05/2011
Código do texto: T2952795