Limites

Tenho presenciado e em muitos casos também vivenciado, a dificuldade nas pessoas de impor-se limites. Hoje é presente em nossa vida cotidiana, demonstrações claras e evidentes, do quanto as pessoas não tem noção alguma, sobre os seus direitos e deveres, bem como dos outros seres.

É tão comum hoje vermos cenas, em locais privados e mesmo públicos, de intolerância, de desrespeito, de invasão de privacidade e principalmente da aceitação sobre as escolhas alheias.

Esse descontrole e essa ausência de limites, gera uma onda gigantesca de violência. Uma violência que só cresce e que traz consequências maléficas, danosas a nossa sociedade já tão desestruturada e abalada.

Nos meios mais modernos de comunicação como a internet, nota-se que as pessoas por detrás dessas máquinas, revelam em seus comportamentos, nos sites de relacionamentos, a inexistência absoluta dos limites.

Usam e abusam de tudo o que lhes cai a mão, sem freios, sem responsabilidades, sem sentimentos e sem respeito algum.

A moral, a ética, os valores que deveriam ser vigentes em nossa sociedade, é totalmente inexistente. Pensar no bem estar do outro, é para a maioria, motivo de risos, deboches, gracinhas e coisas do gênero.

A banalização de todos os critérios para a construção de uma relação, seja amorosa ou de amizade, é constante hoje em dia.

O principal interesse hoje, é o EU. E para a realização dos desejos do EU, passa-se por sobre os sonhos alheios, fica-se cego, surdo e mudo a tudo o que possa ferir o EU. Porque só é priorizado o EU, e assim todos os limites vão sendo metamorfoseados, mascarados, esquecidos.

Muitos, jovens principalmente, criam seus próprios valores, suas próprias leis, baseado somente em seu mundo egoísta. Percepções a respeito dos sentimentos do próximo, e a visão do outro como sendo um ser igual a si próprio, não é concebida, entendida,aceita.

Recebo muitas vezes reclamações, e ouço frequentemente também,comentários, sobre a falta de interesse de alguns jovens pelos amigos, por seus familiares e por toda a sociedade em si. Hoje as pessoas não criam laços, não cultivam o hábito de trocar afeto, carinhos, demonstrações de interesse pela vida em sua complexidade, de preocupação com seus atos e pelo bem querer um do outro.

Quando se tem um reconhecimento do outro, como uma página colorida, na história de sua vida, necessária para gerar alegria e estimularem outros a lerem a sua história,passa-se a criar limites.

Passa-se a pensar antes, de simplesmente agir. Pensar nos atos, nas atitudes, se podem vir a prejudicar o outro ou não, simplesmente porque esse outro, é igual a você e merece, o que você merece.

Impor-se limites a si mesmo, é a maturidade agindo a nosso favor e a favor do próximo.Delegar limites à sociedade num todo, é gerar fontes para a sustentação de uma sociedade igualitária, equilibrada e democrática. Mostrar e exigir dos filhos, que respeitem os limites é formar um cidadão harmonioso e feliz, pronto para o convívio social e pessoal.

É importante, mundialmente falando, uma conscientização pesada, repetitiva, enjoativa, firme e forte sobre ter limites, em todos os segmentos da existência humana. É urgentemente necessária a utilização de todos os meios de comunicação para a amplitude de uma revolução mental em massa, sobre a importancia de se ter limites. Ter a consciencia de saber até onde se pode ir, até onde é certo ou errado, até onde isso ou aquilo, fere a dignidade humana. Fere o corpo, a alma, o espírito do ser humano em si.

A raça humana é a única dotada de inteligência, de razão, mas é a que mais se aproxima da extinção de si sobre si mesmo e sobre os outros de sua mesma espécie. A crescente violência de uns para com outros só mostra a falha na conduta humana na face da terra. Valores distorcidos. Conceitos errôneos.

Dotados de uma gama infinitamente vasta de raciocínio e ao mesmo tempo tão frágeis e tão imperfeitos somos nós seres humanos.

O limite é a chave propulsora dos instintos existentes em cada um de nós. A falta de controle dos instintos é a degolação do limite consciente. Desde a mais tenra idade os limites devem ser expostos e cobrados assirradamente, para que se façam gerar frutos realmente sadios, aptos ao convívio social.