PELO DIREITO DE AMAR

Tanto barulho pra cuidar da vida alheia! Ora meu amigo, minha amiga, se assim posso chamá-los, que tal arranjar algo útil pra fazer, como por exemplo, cuidar dos seus, sem lhes alterar a individualidade, sem impregná-los com seus conceitos pré-concebidos ou retirados dos prefácios enlatados dos livros de psicologia.

A festa foi linda, adorei o andamento da cerimônia, caracterizada por sobriedade e requinte, dignidade e acatamento aos princípios mais prosaicos requeridos pelos inflexíveis defensores da moral e bons costumes.

Na real foi só um contrato de convivência, nada mais nada menos, algo legal que regulamenta e assegura com justiça a estabilidade para quem fica e paz a quem parte.

Não podemos embaralhar homossexualidade e promiscuidade numa mesma mão de cartas. Eu achei muito "massa" o semblante de felicidade dos "carinhas" e pronto!

Não querer para mim, não significa me opor ou do contrário abriria frentes de luta contra tudo que não me agrada, todos os ismos sufixados para denotar o extremo, carolismo, moralismo, ideologismo, flamenguismo...

Alguém me disse -"Tudo bem, até entendo o contrato matrimonial, mas tinham que fazer festa?"- porra!! Então o que incomoda é a alegria? O bem estar? Não se admite vida inteligente fora das amarras sociais arraigadas de hipocrisia. O belo tem nome e sobrenome, o correto é o que está no manual, já notaram nosso cristo dos calendários, ariano, de olhos verdes? Ele é nórdico!

Parece que não conseguiríamos nos apartar dos conceitos rancorosos, parece que mesmo quando tentamos, ainda assim, sofremos sua influência. É como se sentíssemos comichão no dedinho do membro amputado.

Mas embora morra, a esperança resiste bravamente, sei que é perfeitamente possível. Da minha parte consegui criar meninos, meninos e menina, menina, sem que surgisse em nenhum momento indagações que relativizassem pessoas por suas cicatrizes, tatuagens, cor da pele, doutrinas ou narizes, são dois meninos e uma menina, entre 14 e 22 anos, mas isso poderia ser invertido no curso da vida, sem que arrancasse de mim o sentimento de amor, preservação e respeito que caracteriza essa relação.

Se aqueles escritos da tábua de Moisés significarem alguma coisa, devemos passar uma vista, não me lembro de haver distinção quando se lê "amai ao próximo". E é só!

Anderson Du Valle
Enviado por Anderson Du Valle em 28/06/2011
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