COMO VENCER A IMPULSOS E DESEJOS ESTRANHOS

Todos estão sujeitos e podem ser assaltados por algum tipo de afeição e excitação por desejos e práticas estranhas, muitos deles considerados distúrbios. Há todo tipo de desejo estranho, como o desejo de furtar, por exemplo, chamado entre os ricos de cleptomania. Há os que gostam de ser maltratados fisicamente; os que gostam de agredir-se com incisões, piercing, seringas e mutilações de vários tipos, além dos que se excitam vendo a prática sexual do cônjuge com outra pessoa. Enfim. São muitos os desejos estranhos e cada indivíduo conhece o seu, luta solitariamente contra ele ou cede-lhe aos encantos. Ninguém é obrigado a ceder a seus desejos estranhos. Todos são dotados de capacidade de comandar os próprios sentimentos e impulsos em vez de deixar-se dominar por eles.

Quando despertam, os sentimentos estranhos produzem inquietude e desejos, a princípio, intrigantes, sendo que o ser estranho os torna ponderáveis e quanto mais se pondera sobre algo (quanto mais se pensa nele) mais afeição se tem por esse algo, reduzindo a linha entre o praticá-lo e o não praticá-lo. As coisas sobre as quais se considera se tornam cada vez mais atrativas, sendo mais excitantes a cada momento e dominado o desejo sempre mais. Afinal, o estranho e o intrigante são curiosos, interessantes, gostosos e excitantes, produzindo adrenalina porque sua prática evocar arrojo, atrevimento, insolência e irreverência pelo moral e o sagrado. As coisas proibidas e pecaminosas são atrativas e excitantes. Se o pecado não fosse excitante ninguém o praticaria.

É possível, porém, vencer a todo mau pensamento e desejo estranho. Para vencê-los, requer-se, entretanto, desejar vencê-los. É preciso querer. Não se pode nada que não se quer. Todavia, dificilmente alguém quer desvencilhar-se do que lhe produz prazer, especialmente se não sabe que esse algo lhe acarretará também conseqüências fatais, bem como aos que lhe rodeiam. É o caso, por exemplo, do alcoolismo, da drogadição e do sexo impróprio, cujos efeitos colaterais podem ser mascarados e questionados. E, desde o querer até o poder para vencer só são possíveis através do poder de Deus, aproximando-se dEle, não para vencer o desejo estranho (não com o desejo estranho em mente), mas para conhecer Sua vontade e adotar Seu querer como meta, submetendo-se ao Soberano Criador do Universo, que é avesso a toda distorção da Verdade e da natureza.

Para vencer-se, portanto, os maus desejos, somente trocando-se de desejos, pondo os desejos puros do Criador em lugar dos desejos pessoais. Entretanto, não se deve fazer a aproximação com Deus em luta contra os desejos maus. Ao contrário, melhor é deixar de considerá-los para não aumentar o vínculo de afeição com eles. Deve-se sim focalizar Deus, Sua vontade e o desejo de satisfazê-la; ter o Salvador em mente, ver Sua pureza e obstinação não em satisfazer Seus desejos pessoais, mas em satisfazer Seu amor, a vontade de Seu Pai e salvar a humanidade. Buscar então imitá-lO, torná-lO comum e íntimo, afeiçoar-se a Ele, tornando-O simpático e desejável.

Com tal inversão, nenhum mau desejo prevalecerá, pois os desejos estranhos serão substituídos por desejos construtivos, fraternos, honrosos e morais – os desejos do Criador do Universo e Salvador da humanidade que, por seus pecados, por sua preferência em satisfazer os próprios desejos e impulsos, declarou-lhE inimizade, mas Ele gentilmente os busca para reconciliação. Obstinados, porém, muitos resistem e agora criam leis para calar-lhE a voz

Wilson do Amaral