ÁREA TÉCNICA - SOBRAM VAGAS, FALTAM PROFISSIONAIS

Apesar da taxa de desemprego atingir o mais baixo índice de toda a série histórica do IBGE, mercado de trabalho na área técnica e tecnológica ainda sofre pela falta de mão-de-obra qualificada

Se por um lado a taxa de desemprego atingiu baixa recorde em 2010 – 6,7%, ou seja, a melhor da série histórica do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, iniciada em 2002, por outro a preocupação é quase generalizada pela falta de qualificação profissional que assombra o País, principalmente na área técnica e tecnológica. Isso, depois que muitas empresas brasileiras passaram por um processo de internacionalização em suas corporações, aplicando tecnologia de ponta nas produções industriais. Para o professor da FGV – Fundação Getúlio Vargas, Fernando Souza Meirelles, o problema é mais sério do que parece e tende a se agravar caso medidas efetivas não sejam tomadas em curto prazo. “Precisamos encontrar soluções para a desqualificação no mercado de trabalho. Essa questão se agrava com o nível de emprego alto e com muitas empresas buscando profissionais da área tecnológica, sem conseguir preencher essas vagas”, afirma.

Diante dos investimentos em infraestrutura que serão realizados no País visando à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016, se não houver equilíbrio entre a oferta de trabalho e a demanda de mão-de-obra especializada, provavelmente as empresas terão que recorrer a profissionais estrangeiros, o que não parece nada bom para os trabalhadores brasileiros. Na contramão do problema, que abrange todos os níveis e categorias desde aprendizes até especialistas, a cada dia os empregadores estão mais exigentes em relação à qualificação técnica de seus funcionários, tanto que muitas corporações não têm medido esforços em treiná-los e capacitá-los, por sua conta e risco, para as atribuições que se fazem necessárias dentro da categoria profissional e das especificações inerentes a cada setor.

Qualificação – De acordo com um estudo divulgado no segundo semestre do ano passado pela AMCHAM-BRASIL – Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos, cerca de 76% das empresas investem em programas de treinamento, o que inclui também o subsídio de cursos no exterior e parcerias com centros de capacitação profissional. “Durante o auge da crise global, eles [os investimentos corporativos em treinamentos] haviam sofrido um resfriamento e agora voltam a ser prioridade, tamanha a falta de mão-de-obra qualificada sentida no mercado”, diz o diretor-executivo Gabriel Rico.

Referência no setor de saneamento, a SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo tem mais de 15% de seu efetivo operacional formado por Técnicos Industriais, devidamente capacitados para executar suas atribuições com profissionalismo e competência, graças aos cursos profissionalizantes a que foram submetidos. “O investimento em educação e qualificação do trabalhador é muito importante, pois há áreas com muitas pessoas dispostas a trabalhar, mas sem as qualificações necessárias para o trabalho”, ressaltou o então presidente Gesner Oliveira durante o III Seminário Nacional de Técnicos Industriais, realizado em São Paulo no último mês de outubro. Na ocasião, ele também alertou sobre as dificuldades que as empresas, como a própria SABESP, enfrentam na contratação de profissionais especializados. “Precisamos também disponibilizar mais cursos técnicos, pois grande parte das empresas brasileiras tem dificuldades ou restrições na contratação de mão-de-obra”, completou.

Para Marcos Fagundes Salomão, presidente da AMATRA IV – Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul, a dúvida é se os salários dos empregados serão redimensionados de acordo com a qualificação exigida pelos patrões. “Penso que não. E essa pode ser uma das causas, primeiro, da desmotivação pela qualificação e, segundo, da existência de vagas de emprego, porque o efetivamente qualificado não quer se submeter a um salário não condizente com sua qualificação”, disse ao jornal Zero Hora.

Fonte: Revista da FENTEC - Edição 35

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 22/08/2011
Reeditado em 22/08/2011
Código do texto: T3175539
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