Sofismas

SOFISMAS

Obra de uma escola de filósofos gregos, o sofisma aponta para a produção de uma idéia que mistura realidade e fantasia, ou verdade e mentira, com o fito de enganar o ouvinte ou leitor. Trata-se de um argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa. No conjunto das premissas, uma delas é falsa, comprometendo a conclusão. O sofisma é uma argumentação capciosa, concebida com a intenção de induzir em erro, o que supõe má-fé por parte daquele que a apresenta. Aparece como sinônimo de cavilação.

Na sociopolítica do Brasil se constata a existência de muitos sofismas, com a intenção de levar o povo a pensar de um jeito, quando a realidade é outra. Como primeiro exemplo eu apontaria a notícia de mais uma safra recorde de grãos, da qual a agricultura gaúcha forneceu uma tonelagem significativa. Eu considero a informação, dos órgãos oficiais e também da mídia como um sofisma, uma vez que se trata de uma notícia incompleta, já que safra de grãos faz crer se tratar de uma gigantesca safra de alimentos, o que não é verdade. Quem ouve falar em safra recorde fica pensando “agora sim... vamos ter trigo, arroz, feijão e milho para suprir a mesa dos brasileiros, a preços moralmente aceitáveis”.

Olhando a fundo, veremos que não é nada disto! Do recorde apregoado à boca cheia, apenas 21% é de alimentos, enquanto o resto se refere à soja que é exportada; não serve para comer. Vai engordar o gado do gringo lá fora, gerando divisas para a farra financeira dos salários e demais custos dos Três Poderes da República.

Outro sofisma é a “lei do desarmamento”. Quando o nosso suspeito Congresso resolveu votar essa lei, a população pensou que, sem armas, a sociedade viveria em paz. Os assassinatos a mão armada aumentam assustadoramente. Foi um sofisma para domesticar os ingênuos. Os bandidos andam armados, o que ao cidadão de bem é proibido. O preço de um porte de arma (é um mistério para conseguir um) é inacessível a um assalariado. Sócrates († 399 a.C.), depois secundado por Montesquieu († 1755) disse que “leis imbecis não se cumprem...”.

Igual sofisma aponta para a tal de “lei seca”. Nunca tantos motoristas beberam tanto, gerando mortes em profusão. Quem vigia? Quem pune? São leis para “inglês ver”. Existem mas não funcionam. Infelizmente, mais um sofisma...

Filósofo, Escritor e Doutor em Teologia Moral.