As tempestades

AS TEMPESTADES

As tempestades, por causa de seu potencial devastador, geralmente aterrorizam as pessoas. O verbete tempestade, no sentido literal exprime uma agitação atmosférica violenta, muitas vezes acompanhada de chuva, granizo, ventos, raios e trovões; temporal, procela, etc. Conheço algumas pessoas, em geral senhoras idosas, que têm medo pânico de qualquer ventania ou temporal, talvez pela idéia de frio, de prejuízo ou de sobressalto que um evento dessa ordem possa desencadear em suas vidas.

Já no sentido figurado, a tempestade representa barulho súbito e violento, ou desordem, perturbação. Nessa conotação também aponta para uma grande agitação moral. Na Antigüidade do Oriente Médio os fenômenos da natureza eram vistos como uma manifestação sobrenatural, indicadora do mau-humor das divindades agrárias (tormentas) ou sua benevolência (chuvas fertilizantes).

Aqui, vamos falar das tempestades no seu sentido figurado, aquelas que assombram a nossa vida, em geral causando um desequilíbrio físico, moral e espiritual. A tempestade é um drama!

Certa vez, falando a um auditório numeroso, justamente sobre esse assunto, perguntei: “Quem nunca teve uma tempestade em sua vida?”. Ninguém levantou a mão. E fui adiante: “Se alguém afirmasse que nunca sofreu uma tempestade, eu diria que se prepare, pois ninguém está imune a um problema dessa ordem”.

Há tempos escutei um pregador falando justamente nas tempestades da vida, urdidas pelas forças do mal contra os que crêem. A fé dos fiéis está propensa a sofrer sempre o teste das tempestades. Desse tema respiguei algumas idéias para expor nesta meditação.

O que é uma tempestade na vida das pessoas? É quando alguma coisa, fora dos padrões, vem alterar o equilíbrio ou ameaçar a segurança moral de alguém, de uma família, de um grupo. Pode ser um confronto entre marido e mulher, entre pais e filhos, envolvendo irmãos, ou indicando rupturas com amigos, vizinhos ou colegas de trabalho. A crise sempre subentende um fracasso, ou ocasião para uma tomada de decisão.

Há tempestades que surgem de forma inesperada, ocasionadas pelo meio-ambiente ou por problemas físicos, sociais e até políticos, onde é possível destacar as doenças, o desemprego, qualquer tipo de convulsão social, o mau comportamento dos outros e a morte.

Depois de identificar a origem e o potencial ameaçador da tempestade é preciso ir à luta, buscar meios para superá-la. Como?

a) procurar fugir da tempestade quando ela ainda é um vento

brando;

b) não deixar que o medo se transforme em pavor (com o pavor

ocorre a perda de controle; se o pavor me dominar eu deixo de

fazer o que deveria fazer);

c) conhecer a direção do vento; d) usar ao máximo o meu

potencial.

O autor é filósofo, escritor e doutor em Teologia Moral.