DIA MUNDIAL DE PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

"Ter um filho não é brincar de bonecas"

(Mavi)

Hoje, dia vinte e seis de Setembro de dois mil e onze, é um dia dedicado à discussão da matéria "gravidez na adolescência" bem como a defender a implementação das políticas de saúde pública no que diz respeito à sua prevenção, um sério problema de âmbito social que acarreta, do ponto de vista individual, vários agravos à saúde física e emocional da adolescente, perpetuando, a posterior, um círculo vicioso de comprometimento desordenado em vários seguimentos da vida da mulher em sociedade.

A gravidez na adolescência, principalmente nas meninas menores de quinze anos, vem aumentando epidemicamente no nosso meio e em muitos países em desenvolvimento, a despeito de toda preocupação dos governos e de suas políticas sanitárias, de todas as informações sérias disponíveis na mídia e do trabalho multiprofissional dos técnicos habilitados para atuarem na orientação e acolhimento das meninas nessa tão delicada fase do desenvolvimento físico e emocional da mulher.

Se a adolescência já é uma fase distinta, complexa e bem diferenciada dentro do período de desenvolvimento humano, a gravidez nessa fase vem somar uma sobrecarga física, emocional e social para a vida da adolescente, na escola e na família.

A gravidez precoce têm sua gênese num complexo emaranhado de condições sociológicas, familiares e individuais, atinge todas as classes sociais e necessita de condução prioritária e atuante da saúde pública, desde o exato momento da não efetivação da sua prevenção, até ao continuismo do olhar que deverá ser focado ao recém nascido que nem sempre encontra condições favoráveis de vida ao aqui chegar tão despreparada e inesperadamente.

A adolescência, por sua vez, é uma fase em que grandes transformações físicas acontecem sob um terreno de intensa fragilidade emocional.

Os adolescentes, inseguros por natureza, nem sempre conseguem um espaço ideal para discutirem seus problemas e suas ansiedades, suas dúvidas e seus medos dentro do próprio espaço familiar, aliás, um espaço que mais modernamente tem agregado grandes transformações sociológicas no que tange às novas e mais recentes estruturas familiares que se delineiam, quase sempre famílias engolidas pela rápida dinâmica da vida moderna, com pouca disponibilidade do tempo dos pais e dos agregados para a percepção e discussão das necessidades dos jovens, bem como para a condução aconselhada dos seus problemas de comportamento expressos de maneira um tanto sutil, por vezes subliminares.

O adolescente, em especial as meninas, funcionam principalmente no pensamento mágico. Nada acontece com eles. As teorias são contos de fadas.

Envolvem-se facilmente com o outro e muitas vezes, insuflados por sensações de baixa auto-estima e carências de toda sorte, não conseguem ,sozinhos, avaliar os riscos que uma gravidez precoce e não planejada opera em suas vidas, através das suas normais relações humanas tão fugazes e ilusórias, próprias da tal fase da vida.

A iniciação sexual cada vez mais precoce e desorientada, além da gravidez indesejada, traz o fantasma das doenças sexualmente transmissíveis muito prevalentes entre nós.

A mídia, por sua vez, tem um papel fundamental na dinâmica da vida dos adolescentes e promovem a "criança erotizada".

Não é infrequente que novelas, inclusive as direcionadas para a tal faixa etária, coloquem em xeque tudo aquilo que normal e classicamente se preserva dentro da educação familiar, no que tange a comportamento e a preservação de valores imutáveis, todos salutares ao bom desenvolvimento, o cronologicamente planejado para uma vida pessoal futuramente mais feliz.

Orientações fundamentais de comportamento são rejeitadas pelo adolescente e seu "grupo" em prol do que a mídia dita como vigente, certo e indiscutível, deixando os pais e educadores reféns do tudo que é plantado nas telas da televisão, o que rapidamente passa a ser referência de comportamento ouro no seu meio, para que haja prontamente o aval e a sua aceitação no grupo.

Enfim, a gravidez na adolescência é um sério e delicado problema social e de saúde pública que mobiliza a todos nós, famílias, pais, tios, avós, os multiprofissionais da saúde e da educação, lembrando enfaticamente que esta última é a que tem maior força na modificação do nosso panorama social, atualmente não muito acolhedor.

Sem educação NADA acontece.

Aqui em São Paulo, através dos centros de excelência do SUS, alguns deles ligados às grandes universidades, vale lembrar o belo trabalho da doutora ALBERTINA DUARTE TAKIUTI, uma ginecologista envolvida com o trabalho em prol da saúde da mulher, e em especial da mulher adolescente, no qual dedica sua brilhante atuação com atendimento médico individualizado bem como com orientação aos grupos de jovens e aos profissionais que pretendem trabalhar com a nobre questão através das diversas "casas dos adolescentes" espalhadas pelo Estado.

Ali, os meninos e meninas têm atenção global à saúde, esta entendida como o bem estar físico, psíquico e social, e não apenas a ausência de doença.

Discutir e prevenir a gravidez na adolescência é semear na sociedade uma melhor qualidade de vida, enfim, é promover a cidadania tão vilipendiada nos dias de hoje.

"Um filho muda a vida para sempre"

(Mavi)