O BIG BROTHER E A MORAL NACIONAL

O BIG BROTHER E A MORAL NACIONAL

Se não bastasse a baixa qualidade moral do Big Brother, agora nos foi relevado pelos telejornais a ocorrência de um estupro debaixo das cobertas. A acusação pesa sobre um “herói” que depois de embriagar uma jovem, teria se aproveitado de sua letargia com propósitos indignos.

O Brasil, mais uma vez é assaltado pelo “Big Brother ”, onde um grupo de aventureiros vai para uma casa, tudo patrocinado pela Rede Globo e empresas multinacionais, onde se cometem as maiores barbaridades e inqualificáveis orgias, em nome da conquista de um milhão e meio de reais, que é pago pelo patrocinador e pelo resíduo dos milhares de telefonemas que os ingênuos dão para excluir alguém nos “paredôes”.

Rejeitado nos países desenvolvidos, o “Big brother” que teve seu modelo exportado para cá, faz um inaudito sucesso entre os tupiniquins da aldeia. Trata-se de uma cultura de todas as mediocridades de nosso já tão deturpado modelo social. Para a Globo se trata de uma ponderável mina de ouro, não só financeira mas também de audiência. Cada ligação feita pelos papalvos que querem eliminar os que vão para o “paredão” gera valores que pagam o custo da operadora, o prêmio (1,5 milhão), as despesas da “casa mais vigiada do Brasil” e ainda enchem os cofres da emissora.

Como apologia à imoralidade das ações e dos diálogos dos participantes, o BBB dá asas ao voyeurismo dos despreparados. Tudo na programação dá um péssimo exemplo a todos, especialmente aos jovens e às crianças. Tem gente que cultiva o exibicionismo todas as noites, para ver as intimidades dos participantes, que são desocupados, aventureiros e as mulheres oportunistas, ávidas pelas câmeras da Play Boy. E Pedro Bial ainda tem a coragem de chamá-los de “nossos heróis”. Herói é o assalariado, o que espera nas filas, o que não tem médicos, escola para os filhos nem hospitais... É lamentável que o Bial, um cara inteligente, jornalista e escritor se preste para um papel desses...

O telespectador é induzido a “dar uma espiadinha” na vida das pessoas 24 horas por dia, numa degradante bisbilhotice social nesse hino à mediocridade e à desfaçatez moral. É o ápice da inconsistência social. E dizem que isto é comunicação. Os defensores fazem a apologia da liberdade, de usar ou não o controle remoto. Eu nem sintonizo, outros trocam de canal... Mas e as crianças, e os jovens em formação que ficam ali absortos naquela patuscada?

Por isto, em nome da luta pela moral nacional, é salutar dizer não ao Big Brother!

O autor é Filósofo, Escritor e Doutor em Teologia Moral