Sobre a imprensa que esmaga verdades

Durante a infância e a adolescência, ouvi de minha mãe que deveria ter vergonha de certas coisas. Outras vezes, por me perceber um tanto tímido à conquistas nas relações com as pessoas, meu pai me aconselhava a não ter certas vergonhas, e então comecei a atuar oscilando entre a vergonha e o que chamamos de “senvergonhice”, tendo muitas vezes mais vergonha de certas atitudes alheias do que das minhas, como me envergonhou o fato que comentarei.

Como artista, iniciei meus exercícios com 14 anos, quando tinha orgulho de ver publicadas nos jornais de minha cidade minhas primeiras tiras de quadrinhos.

Ao longo de meu desenvolvimento profissional, enveredei pelas artes visuais de modo geral, realizando exposições periódicas de desenhos, pinturas e até animações em bitola Super-8, recebendo sempre o apoio dos que, na época – como às vezes ainda hoje – faziam a Imprensa em João Pessoa (PB), na divulgação de minhas exposições, na publicação de meus artigos ou de críticas construtivas aos meus trabalhos.

Jovem idealista, esperançoso, pensava que, além de todo mal que as pessoas podiam realizar, basicamente motivadas pelo ciúme e pela inveja, havia um percentual considerável – senão majoritário – de gente honesta, íntegra, em suas intenções de ajudar à construir um mundo melhor – como, apesar de tudo, ainda hoje creio ser assim.

Ao longo de minhas decepções, entretanto, percebi que, se pessoas que podem fazer muitos males existem em número reduzido, andam ocupando cargos fundamentais em todas as instâncias de circulação de poderes.

Entre os cargos que mais podem fazer mal está o de “Jornalista”, sendo aqui o termo usado genericamente para referendar todos aqueles que, em suas múltiplas funções, lidam com a Imprensa e a mídia de modo geral.

A despeito de que possa haver um contingente considerável de bons profissionais (e digo “bons” tanto para referendar suas competências éticas, morais e cívicas, quanto suas maestrias de redatores entre tantos deficientes), outro grupo parece não estar nem aí com o compromisso de fazer seu trabalho de forma honesta; ou seja: procurar noticiar a verdade dos fatos.

Não apenas porque determinadas verdades, às vezes, podem ser difíceis revelar – muitas por uma questão de segurança nacional – como porque tais profissionais não têm nenhum interesse em sua divulgação. Principalmente quando determinada verdade, ainda que positiva para a maioria, é contrária aos interesses de certos grupinhos politiqueiros partidos que, utilizando a prerrogativa do direito a liberdade de expressão, hoje a utilizam em larga escala para também espalhar uma infinidades de convenientes mentiras. Tanto é assim que raramente assisto a um telejornal, ou qualquer outro noticiário, preferindo muitas vezes mais dedicar atenção a mais ficcional das obras, onde, todavia, descubro as grandes verdades fundamentais sobre a “natureza humana”, seus feitos e mal feitos.

Não fosse a grande facilidade que qualquer cidadão tem, hoje – graças a Bill Gates! - em participações democráticas de registros de som e imagens a serem vinculadas em meios de comunicações alternativos, como o Youtube, entre outros sites disponíveis na Internet (ou mesmo em blogs particulares), e certamente os editores do telejornal JPB, da TV Cabo Branco, de João Pessoa (PB), teriam tido pleno sucesso em promover perversamente uma edição de imagens de forma a distorcer a verdade do fato, ocorrido recentemente com nosso bem feitor governador num auditório da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC).

Para sabê-lo, bastará acessar o endereço http://www.youtube.com/watch?v=JNfV7wzH_8o&feature=related a ver do que são capazes aqueles conscientes de que, como observou o escritor e semiótico italiano Umberto Eco, quem quer fazer uma revolução (pro bem ou pro mal) deve começar dominando os meios de comunicação, principalmente as emissoras de TV. Mas isto quando somente existiam rádios, jornais e tvs quer de propriedade do Estado ou de grupos particulares, que pintavam e bordavam - como pintam e bordam - o que que queriam e, na qualidade de poderosos mentirosos (como por exemplo os chefes da Central de Jornalismo da TV Cabo Branco, entre outros), podiam produzir suas grandes ilusões pensando que, ignorando o real tamanho das pernas da mentira, jamais teriam nenhum prejuízo para si mesmos.