Sobre macacos e galhos

Há algum tempo se discute uma política de inclusão como ótima medida a apaziguar velhos conflitos sociais.

Nos dias atuais, depois que a História mensurou o tanto de sangue azul, negro e vermelho derramado em razão de sede de conquistas, devemos supor justas as razões para que, hoje, consideremos o direito dos animais semelhante ao das pessoas.

Entretanto, em meio a inclusões com base em critérios de reconhecimento de igualdades, muitas diferenças devem ser consideradas. E então tenderemos a incluir entre os melhores compreendidos o ditado popular que reza: “cada macaco no seu galho”.

Até alguns macacos compreenderem que todos vivem sob o amparo de uma única árvore, alguns milhões de anos se passaram, estando ainda uns tantos um tanto distantes de perceberem assim.

Neste longo tempo, como símio darwiniano, andei de galho em galho durante bons tempos na tentativa de fazer evoluir minha compreensão acerca das diversidades da Árvore onde moramos, sobre quantidades e qualidades de seus galhos e inquilinos, e então apreendi quão grande é o lugar onde moramos e sobre as semelhanças e diferenças entre tantos chipanzés.

Nessa busca símia pré-humana por mais sapiência, não foi primeira vez que pulei para galhos alheios, quer quando convidado ou não, assim como, algumas vezes, recebi em meu galho outros não tão semelhantes a mim em tentativas de apreender a conviver com diferenças.

Entre muitas participações, logrei muitas inclusões e sofri algumas exclusões, que começaram mesmo durante convivência em família(s).

Mas aí, usando a capacidade evolutiva que Darwin nos garantiu também capazes de possuir, para entender as exclusões a que fui submetido lembrei-me do grande “King-Kong”, promotor de maiores saberes libertários, que foi Jesus Cristo entre tantos símios! E de que, antes de Jesus ser venerado “King”, ele foi um dos membros mais importantes entre grupos de excluídos.

Porque são rejeitados, também, macacos com grande inteligência e carisma: oferecem perigo a certos conquistadores burocratas símio-espertuns em desenvolvimento, que, depois da descoberta e controle do fogo a suas muitas utilidades, também sabem o piscar de qualquer isqueiro suficiente para eliminar as sombras do poder orangotango que, na verdade, eles não têm.

E aí, depois de tantos embates desnecessários entre chipanzés, você percebe que, às vezes, serem suas ideias ou você mesmo excluído de certos galhos é um bom sinal. E que, a despeito de ter percebido que a Árvore onde moramos pertence a todos, o melhor mesmo será você passar mais tempo em seu próprio galho.