Ousadia

Ousar faz parte das ações que concorrem para uma verdadeira mudança de vida. A coisa mais triste que existe é continuar na mesmice. Atitudes positivas no dia a dia também têm a ver com mudanças. Todavia, há momentos na vida em que o crucial se faz presente; então não há outra saída a não ser mudar radicalmente. Por que é que, para tantos, não há avanço, não há o verdadeiro progresso? Se for analisada a vida destas pessoas encontrar-se-á na falta de ousadia a razão do fracasso. Quando falamos em ousar, queremos dizer detectar o ponto focal onde se encontra a causa da estagnação e, a partir daí, efetuar a mudança. Todos possuem algo que precisa ser mudado porque a evolução não tem fim. Costuma-se atribuir à falta de dinheiro o motivo do insucesso na vida quando ela é nada mais do que a consequência da falta de ações que levam à prosperidade financeira.

Para a maioria, sucesso equivale à riqueza material. Diria que, também. A riqueza material é um dos fatores do sucesso na vida. Sem dinheiro não se vai muito longe em toda e qualquer situação. Então, não havendo este fator ou estando ele escasso, generaliza-se a crença de que não se é feliz nem próspero, o que enfraquece a inciativa de se seguir adiante através da ousadia. Neste caso, segue-se a rotina de sempre, fazendo-se sempre as mesmas coisas enquanto o tempo passa e as zonas de conforto acabam por se instalar até que isto se torne definitivo. Aí, sim, não há sucesso de espécie alguma e tampouco felicidade. Ousar significa perder o medo de enfrentar coisas novas porque é desta atitude corajosa que nasce o germe criador do verdadeiro sucesso. Isto serve para quem tem e para quem não tem dinheiro, pois o sucesso é um preenchedor de lacunas na vida do ser humano.

Há vidas que cheiram a mofo. Vemos uma pessoa e voltamos a encontrá-la vinte anos mais tarde e percebemos com tristeza que nada de novo foi acrescentado; que a situação do passado, as mesmas tristezas, os mesmos pensamentos, o mesmo tudo continuam a rondar aquele mundo sem sal, sem expectativas. Isto é fruto da falta de ousadia que faz mudarem os sonhos com a mesma facilidade com que mudam os dias que passam vazios e desesperançosos. Ousar é partir sem medo para um mundo novo e diferente. Isto não significa abdicar, senão da rotina fétida que faz adoecer o espírito e fenecer o ideal. Não significa prejudicar a família com o abandono do amor ao que vale ser amado, mas colocar-se em condições de ser um porto seguro na vida dos que se ama. Quem valoriza a si próprio valoriza a vida e quer vivê-la intensamente. Só se vai um pouco mais longe quando se ousa; a aventura em busca de possibilidades para uma mudança de vida que vai valer a pena traz um sabor inigualável; só quem a experimentou sentiu a felicidade do novo, do que estava faltando para acalmar o vazio interior.

O medo é o pior sentimento que existe e vencê-lo faz parte da cartilha da ousadia. Pode-se dizer que é ele o principal empecilho para se tentar algo novo. Quando se vence o medo, optando-se por enfrentar a todo custo aquilo que é temido ele acaba caindo por terra e desaparecendo, pois que o medo não tem existência real, sendo, pura e simplesmente, produto da nossa imaginação. A falta de Deus, da conscientização da Sua proteção constante aniquila a ação que enfrenta o medo e não se vai a lugar nenhum. Fazer, mesmo sentindo medo, aquilo que precisa ser feito trará, após o período crítico, a deliciosa sensação de vitória. Os inimigos estão no nosso interior. É contra eles que precisamos lutar; vencê-los é abrir as portas para o mundo que desejamos. Nada vem até nós que não seja atraído pelo nosso poder mental; que seja ele então dirigido para as ações e para as consequências que realmente importam. Vivemos ferindo a nós próprios no dia a dia, adiando decisões, criando desculpas para a nossa falta de iniciativa quando podíamos orientar os hábitos do cotidiano para os resultados que buscamos no mais recôndito de nossas almas.

O que seria viver a vida intensamente? O que fazer e como seguir tirando dela o suprassumo da felicidade? Lamuriar o cotidiano porque não consegue encontrar a paz fazendo o que se está fazendo não vai resolver e só serve para aumentar a insatisfação. Não é fácil moldar as pessoas; todos possuem, sem exceção, seus conflitos internos e estão, como nós, buscando a felicidade. Então a mudança não pode partir do outro. Se eu mudar o ambiente muda junto comigo. Não há como ser feliz e sentir-se realizado fazendo exatamente as mesmas coisas o tempo inteiro. Viver intensamente é usar a criatividade para extrair de cada momento a felicidade. É diferente de aproveitar os momentos felizes. Não adianta querer fugir dos relacionamentos; já que o mundo é feito de sociedades preciso encaixar-me perfeitamente para me adaptar àquela que eu mesmo escolhi para viver. Fazer mudanças; arriscar-se num novo empreendimento que exija de nós um desempenho acima do usual sem medo de deixar para trás os benefícios das zonas de conforto ou os relacionamentos fáceis que acabaram por nos aceitar sem crítica para não melindrar nosso ego bonzinho. São essas as atitudes que diferenciam viver, dominar o destino, de simplesmente deixar-se levar pelas circunstâncias da vida.

Há uma infinidade de caminhos que levam a um destino feliz, mas não existe aquele que não dependa de uma atitude corajosa, superando obstáculos e vencendo limites. Haverá muitos entraves pelo caminho, desânimo e vontade de desistir, entretanto será a determinação firme de alcançar o objetivo traçado que manterá no rumo certo o convicto sonhador. O destino é bom, mas a viagem tem que ser curtida nos mínimos detalhes, sem preocupações; creio que assim se chega ao final da jornada com a convicção de que a meta foi de todo cumprida.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 02/07/2012
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