Brasil: Amor Sustentável

Ah! Brasil… Querido por tantos. Como se espera tanto de ti!!!! Por que sempre trabalhas pelo avesso? Por quais motivos deixa sangrar teu povo? E que sina é essa que se deve aceitar os magistrais governantes inescrupulosos?

Houve um tempo em que cedo se aprendia a respeitar as autoridades. Tudo começava em família. Respeito aos pais, aos mais velhos e a todos aqueles que nos circundavam. Sempre a palavra respeito, sempre os pais à frente do processo de educação cívica.

As escolas encarregavam-se de aprimorar esse trato. Professores instrutores das disciplinas transmitiam a moral vigente, assim como tinham clareza daquilo que deviam orientar. Muitos ainda eram disciplinadores. Lógico que havia exageros... Isso é peculiar aos humanos, nem todos se contentam com o previsto, daí extrapolarem.

A comunidade estava sempre atenta aos desvios. As pessoas conheciam-se, sabiam dos ideais de cada um, das características e dos desejos mais pessoais. Jogava-se botão, futebol, pega-pega, esconde-esconde etc. Iniciavam-se a sociabilização no seio comunitário. Aprendia-se a ser gente na tríade família-escola-comunidade.

Agora, a comunidade é domínio complexo, pois as leis mais afastam do que aproximam as pessoas. Viver isolado e manipular as redes sociais é o supremo querer dos infantes e adolescentes. Um mundo particular, alheio ao contato real e repleto de inseguranças. Que adultos serão esses jovens?

Hoje, os pais exigem que a escola eduque integralmente a criança. Queriam passar toda a responsabilidade deles para os professores. Os colégios e educandários disseram não. Essa atribuição é complementar e os elementos da tríade acima são os responsáveis por construir o ser de amanhã.

Pai e mãe buscam sucesso, fama e dinheiro a qualquer preço. Valores, crenças e códigos sociais para quê? O material e o status apresentado por cada um é que mensura o novo cidadão na sociedade. O que eles realmente almejam? Com certeza não é a felicidade. Abandonam os filhos e lançam-se nos mais variados desafios a procura da materialidade requerida. Perdem os filhos e depois se perdem. Encontram um mundo de descartabilidade e do aqui e agora. Um espaço insustentável cheio de dor, sofrimento e, às vezes, até ódio. Não suportam não ter. Nascem os desequilíbrios psicossociais. Mais dor.

Ah! Brasil... Tão rico, tão pobre. Muita riqueza natural e intelectual, mas pouca governança societal. Um País para poucos. Desde a colonização, poucos mandavam e muitos obedeciam. Continuou assim no império e, nos tempos atuais, com 194 milhões de pessoas, continua a manipulação dos governantes e daqueles outros possuidores das grandes fortunas, os quais se coadunam aos governantes de plantão.

Chegou a hora de agir para que as demandas da sociedade sejam satisfeitas. O povo, em cada micro-espaço de governo, deve influenciar diretamente naquilo que deve ser realizado, por meio de planejamento e orçamento participativo. Os governantes devem ser entendidos apenas como prepostos da comunidade.

Programas governamentais (federais, estaduais e municipais) podem e devem ser direcionados, preferencialmente, para três dimensões: família, escola e comunidade (trabalho, emprego e renda estão aqui). Dentro desta concepção, em 20 anos, o Brasil pode atingir padrões salutares de PIB, IDH, Índice de Gini, redução de pobreza/miséria etc.

O que se quer é um círculo virtuoso ético-moral, onde a família seja a base, a escola o meio e a comunidade a finalidade maior para se viver. Precisa-se enxergar o amor na bandeira do Brasil, pois não deixaram completar o lema positivista de Augusto Comte: o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim. Aqui, vale citar o filósofo Jacques Maritain, quando se refere à Comte: sem amor as melhores coisas só servem para nos tornar piores, e que o amor está no início e no termo de nosso progresso moral.

Quando essas palavras foram adotadas no dístico do pavilhão nacional, endereçavam-se ao sentido de realização dos ideais republicanos: a busca de condições sociais básicas/cidadania e o melhoramento do País, em termos materiais e morais.

Quase quarenta ministérios torna o governo e a administração publica onerosos, preguiçosos e ineficientes. A estrutura funcional formal do Brasil precisa sair de um modelo corporativo/autoritário para uma nova dimensão democrática/cidadã, voltada a reduzir hierarquias e aumentar a participação e decisão comunitária. A estrutura do Estado nacional deve atender as necessidades, interesses e aspirações da sociedade. Convém construir esse novo designe em prol do povo, da pátria e do desenvolvimento sustentável. Para tanto, deve-se exigir amor, ordem e progresso.