Urbano ou Urbanóide ?

Pois é, nos últimos tempos inventamos muitas coisas, inclusive um novo adjetivo o URBANÓIDE. Palavra que não existe no idioma português, mas que foi criada pela linguagem popular para identificar pessoas aliciadas e/ou alienadas que habitam os grandes centros urbanos.

São diversas as circunstâncias e contextos que incluem as pessoas na tribo dos urbanóides. Esse termo geralmente vem agregado à falta de educação doméstica e escolar, carência de inteligência emocional e social, além do gosto ou adoração por coisas ridículas. Aquele rapaz jovem que para o seu carro todo equipado, abre o porta-malas expondo um poderoso equipamento de som, mas quando o liga ninguém aguenta o gosto musical. Faz isso para se exibir, ou para chamar a atenção das moças e até mesmo só para incomodar quem estiver por perto. Ele ainda acha que está na moda e está curtindo a vida. Porém, geralmente está sozinho ou junto com outros amigos, quase nunca com garotas.

Tem uma turma de urbanóides muito extensa, aqueles ou aquelas que sabem de tudo que está acontecendo com os personagens das novelas das seis, das sete, das oito e das nove, só não sabe o que está acontecendo na vida dos seus próprios filhos ou família. Enchem o Facebook com frases do tipo “A CULPA É DA RITA”. A cada nova novela da rede globo eles quase que incorporam os personagens principais, e também odeiam os vilões. A maioria da população de crianças e adolescentes que se envolvem com drogas veem dessa tribo de urbanóides. A vida para eles é uma novela. Claro, não vamos generalizar.

Outra tribo que também cresce em larga escala são os evangélicos e religiosos fervorosos, esses são mais preocupados com um inimigo que não existe, “o demônio”. E acreditam em tudo que ouvem dentro das igrejas. Chega ao absurdo de comprar um copo d’água por cinco reais que foi ungido pelo pastor milagreiro fulano de tal, levam para casa e acham que serão abençoados e escolhidos pelo Deus deles. Diga-se de passagem, que não é o mesmo Deus de outras correntes religiosas. Em alguns países é pecado, e é terminantemente proibido assistir TV, namorar, acessar a internet ou beber um copo de cerveja.

Um exemplo clássico de urbanóide vem dos anos 70 na letra de uma música de Raul Seixas, pois é, ele mesmo. Na música, ele fala da paranoia do seu avô de 90 anos que está seriamente preocupado com a falta de um carimbo, (nessa época o registro de votação se fazia por meio de um carimbo no título de eleitor), o Senhor de 90 anos vivia a reclamar que faltava tal carimbo desde 1960 no seu título de eleitor. Imagine preocupar-se com a falta de um carimbo no título de eleitor sendo que a pessoa a reclamar já tinha 90 anos. Paranoia mesmo. “Quando acabar o maluco sou eu”. – dizia a música do Raul.

O termo Urbanóide antes de tudo retrata a paranoia vivida pelas pessoas nas cidades grandes, algumas têm ciência dessa paranoia urbana que afeta as pessoas, outras não, e não aceitam serem incluídas nessa lista. Acham que ela está certa e que os outros é que estão errados.

Tem outra tribo que são os “ZEN’s”. Essa tribo que envolve os esotéricos e místicos e os adeptos do budismo e afins. Acabam se tornando tão Zen’s que ficam “zem” juízo e sem lógica pra nada.

Sabemos que é difícil escapar das centenas de armadilhas psicossociais que vivemos nas cidades grandes. Um estudioso em psicologia e parapsicologia Russo identificou nos seus estudos em 1971 que as décadas vindouras aquela “1970” seria permeada por diversos tipos do que ele chamou de doenças psicossociais, que se manifestam de diversas maneiras. Uma das mais atuantes hoje, e que no Brasil abrange uma multidão, é o fanatismo por futebol. Pessoas chegam a agressão física e homicídio por conta dessa doença psicossocial. Já em outros países mais radicais, como no oriente médio, o fanatismo religioso impõe leis e costumes aos seus cidadãos como se fossem eles os certos e o resto do mundo estivesse errado. Mas tem coisa pior ainda que isso. Duvida? Não duvide, pois, em alguns países da África as meninas moças quando menstruam pela primeira vez, seus familiares arrancam seu clitóris com facas de cozinha, cacos de vidros ou qualquer outro objeto cortante. Isso é costume do lugar dizem pra se defender dos protestos do resto do mundo. Nada mais é do que uma doença psicossocial mantida pela tradição da ignorância em que vivem.

Se você concordou com esta última identificação de urbanóide, mas não se sentiu confortável nos outros exemplos citados acima, porque talvez possam ter lhe incluído em um deles, não se engane, você pode ser também uma vítima. Só lhe resta lutar contra isso para se curar, ou então aceitar a sua condição de urbanóide. Você escolhe. Afinal a vida é feita de escolhas.

Charles Silva

CharlesSilva
Enviado por CharlesSilva em 01/10/2012
Reeditado em 11/04/2017
Código do texto: T3911305
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.